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Destaques - Paris-2024 - 31 de julho de 2024

Vôlei vira orgulho da pequena Eslovênia no pós-independência


Estreante no vôlei em Jogos Olímpicos, dois jogos, duas vitórias, apenas um set perdido, vaga nas quartas de final garantida antecipadamente em Paris diante da Sérvia. Esse enredo faz a jovem Eslovênia parecer viver uma história de filme com final feliz até aqui.

Um ano antes de o Brasil ser campeão olímpico masculino de vôlei pela primeira vez, em Barcelona-92, a Eslovênia acabava de viver uma guerra. A declaração de independência da Iugoslávia deflagrou um conflito chamado de a Guerra dos Dez Dias. O nome ajuda a entender a pequena duração do conflito.

O governo iugoslavo decidiu não avançar sobre o então declarado independente território esloveno. O foco estava na Bósnia e na Croácia, algo que acabou com a sangrenta Guerra dos Balcãs, com mais de cem mil mortos. A então Iugoslávia virou a atual Sérvia. Diversos novos países foram criados, incluindo a Eslovênia. Hoje, convivem de forma mais pacífica, com o vôlei vendo a antiga hegemonia mudar de mãos.

O levantador Gregor Ropret, 35 anos, viveu os dois extremos. Em entrevista ao Web Vôlei, o titular esloveno falou sobre as emoções.

– O jogo contra a Sérvia é sempre um jogo com forte carga emocional. Somos bons amigos fora de quadra, mas dentro dela existe apenas um objetivo claro, eu diria, sempre buscando ser o melhor dos Balcãs – disse Ropret, com um enorme sorriso no rosto, depois do triunfo por 3 sets a 0.

– Hoje, pra mim, tanto faz se vencermos a Sérvia, o Canadá ou outra seleção. O passado ficou para trás e sabemos que nosso foco deve ser outro – comentou o ponteiro Klemen Cebulj, de 32 anos, ao Web Vôlei.

Nos últimos anos, a seleção eslovena vem chegando em disputas por medalhas em torneios internacionais com frequência. Uma geração que viveu a Guerra dos Dez Dias, quando criança, viu jovens sendo incorporados ao elenco neste ciclo,  ganhou força e respeito. Agora se permite sonhar cada vez mais alto. Como explicar tamanho sucesso em um país com apenas dois milhões de habitantes?

– Muito difícil explicar. Sempre refleti muito sobre essa questão e não tenho uma resposta precisa. Nossa nação é muito boa nos esportes em geral e agora também no voleibol. Temos uma grande geração. Se olharmos 10 anos atrás, começamos lentos, muito, muito lentos. Hoje somos olímpicos, o que é inacreditável. Sabemos que podemos encarar e vencer qualquer um. Diria com certeza que é um sonho virando realidade – finalizou Ropret.

Por Daniel Bortoletto, em Paris