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Entrevista - Praia - 11 de janeiro de 2019

Em alta no vôlei de praia, as jovens Ana Patrícia e Rebecca sonham alto


Ana Patrícia e Rebecca começaram 2019 da melhor maneira possível: no lugar mais alto do pódio. A dupla venceu a etapa da Holanda do Circuito Mundial, no último domingo, e concedeu entrevista para a CBV.

Apesar de jovens – Ana Patrícia tem 20 anos, e Rebecca, 25 – o objetivo para o futuro é claro: os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.

A mineira e a cearense, treinadas por Reis Castro, que por anos liderou a dupla Juliana e Larissa, contam sobre a trajetória, evolução após vencerem a abertura do Circuito Brasileiro Open 2018/2019, em Palmas (TO), e conquista de pódios importantes fora do país.

Como vocês observam a evolução da dupla nos últimos meses?

Ana Patrícia: Sempre trabalhamos muito forte, e treinamos ainda mais desde que decidimos disputar o Circuito Mundial. A lesão no tornozelo assustou um pouco, mas essa harmonia da nossa equipe ajudou na recuperação. E as coisas foram acontecendo da melhor maneira. Conseguimos nos sentir mais confortáveis jogando o Circuito Mundial atualmente, o desafio de estar jogando contra os melhores times do mundo é muito prazeroso.

Rebecca: Estou muito feliz, tivemos que superar algumas questões físicas, com a fratura no dedo e depois a entorse no tornozelo da Ana, não perdemos o foco. Sabíamos que nossa hora iria aparecer. É muito motivador quando você vê o resultado da sua doação. Não tivemos férias, passamos a virada do ano longe de nossas famílias para competir em Haia, e felizmente as coisas estão acontecendo. Mas sabemos que temos muita coisa ainda pela frente.

Quais os principais ensinamentos que recebeu desde que começou a trabalhar com o técnico Reis Castro?

Ana Patrícia: Um dos motivos de ter formado a dupla com a Rebecca foi o trabalho que o Reis Castro já tinha realizado com a Larissa, participando de várias edições dos Jogos Olímpicos. Ele já tem as respostas para muitas das nossas dúvidas e dos desafios que teremos pela frente. Isso facilita demais. Algo que muitas vezes é novo para mim, ele (Reis) já viveu dezenas de vezes. E ele também é extremamente detalhista, sempre me mostrou que temos que realizar tudo bem feito. Quem faz as coisas de maneira perfeccionista, não precisa refazer.

Qual a diferença no estilo de jogo no Circuito Brasileiro e no Circuito Mundial?

Ana Patrícia: O vôlei de praia brasileiro é mais ‘irreverente’, conta com essa mistura de velocidade e técnica apurada. O Circuito Mundial conta com atletas mais altas em média, um tipo de jogo mais físico, com ataques mais potentes. O Brasil é forte por isso, tem muita técnica para encontrar soluções. Acredito que o ideal é ter o equilíbrio, poder variar ataques mais potentes e jogadas mais técnicas. A Rebecca é um exemplo disso, possui muita potência e ao mesmo tempo uma técnica refinada. Inspiro-me muito nela.

Com 1.94m, você é a atleta mais alta do Circuito Brasileiro e uma das mais altas do mundo. Como foi a influência da altura no caminho para o voleibol?

Ana Patrícia: É até irônico. Nasci com seis meses, cheia de complicações por ser prematura, com vários problemas. Mas desde pequena sempre fui a mais alta no colégio, desde nova tinha uma altura maior que a média. E sempre fui apaixonada por esportes, especialmente futebol. Mas no colégio tinha mais contato com o handebol. Não procurei esportes no qual minha altura fosse um diferencial, o vôlei foi quem me encontrou, através de um professor que me viu jogando handebol em 2013, nos Jogos Escolares. Só tenho a agradecer por isso.

Rebecca no ataque em Haia (Divulgação/FIVB)

Quais as características que mais admira na sua parceira?

Rebecca: A Ana Patrícia é muito guerreira, não se abala e quer sempre me colocar para cima. Ela pode estar sentindo a maior dor do mundo, mas não fala e não deixa transparecer, só depois é que você fica sabendo. Essa raça e vontade de vencer é algo que admiro muito nela, além das qualidades dentro de quadra, como jogadora.

Qual o principal desafio na busca por uma vaga aos Jogos Olímpicos de Tóquio?

Rebecca: Acredito que o desafio é manter o foco durante todo o período de classificação, ter o nível de concentração sempre alto ao longo de pouco mais de um ano. Muitas vezes uma lesão ou uma derrota podem atrapalhar a harmonia de uma dupla, então acredito que manter essa concentração e confiança no projeto é o principal. Além disso, o Brasil possui muitos times bons, nossa disputa interna é muito dura, diferente de alguns países que possuem um ou dois times de alto nível. Acredito que a definição das vagas no Brasil só será definida no último momento. E é por isso que cada jogo, cada torneio será fundamental.

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