Thaísa diz adeus à Seleção e não irá para Tóquio
Melhor jogadora da Superliga feminina 2020/2021, a meio de rede Thaísa não irá disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio. A jogadora do Itambé/Minas já tomou a decisão, após conversa com amigos e familiares.
Em um dos melhores momentos da carreira, Thaísa, 33 anos, aponta a questão física para se despedir da Seleção. A jogadora sofreu uma gravíssima lesão no joelho, em 2017, e chegou a ter a carreira colocada em xeque por médicos.
O recomeço aconteceu em Barueri, com José Roberto Guimarães. A volta por cima aconteceu no Minas, com Thaísa jogando em altíssimo nível e voltando a ser a melhor jogadora em atividade no país.
Certamente a decisão é um duro golpe nos planos da Seleção para a Olimpíada. Por mais que o país tenha atualmente uma ótima safra de centrais, Thaísa é a melhor delas.
Confira a carta de despedida da atleta:
Confira a íntegra da despedida da bicampeã olímpica Thaísa.
“A noite de 5 de abril de 2021 ficará marcada na minha vida. Depois de um período difícil na minha carreira, marcado por lesões, dúvidas, incertezas, e em meio a uma pandemia que entristece o mundo, eu consegui sorrir novamente com o vôlei. Sorri e chorei. Cada lágrima derramada ontem era uma dificuldade que eu superei. Voltar a ser campeã da Superliga, jogando em alto nível, era algo que ninguém, há três anos, acreditava que eu seria capaz. E eu consegui. Com o apoio da minha família, do meu noivo, das minhas companheiras e comissão técnica do Itambé Minas, amigas, voltei a sentir o gosto de levantar um troféu depois de quase cinco anos.
Mas, sempre temos o amanhã. É a lei da vida. Passado, presente e futuro. E depois de um dia histórico para mim ontem, hoje, o 6 de abril de 2021, também será um dia que lembrarei para sempre. É um dia que interfere, definitivamente, no meu futuro. Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha carreira como atleta profissional. Inevitavelmente, todos querem saber se estarei com a Seleção Brasileira nas próximas competições – inclusive a Olimpíada de Tóquio. Mas, infelizmente, a resposta é não. Hoje, despeço-me da Seleção com muita, muita mesmo, dor no peito. São mais de 14 anos dedicados a defender nosso país na seleção adulta – (18 considerando a base )- e , sempre com garra e respeito que a bandeira merece. Nunca faltou amor e entrega nesta história linda para os dois lados.
E é exatamente por não conseguir mais dar esta entrega, física e mental, que eu encerro minha história com a Seleção. Os últimos anos foram duros para o meu corpo, convivendo com dores diariamente. Não consigo ajudar ao grupo todo da forma como gosto e entendo que seja necessária. Preciso descansar e respeitar, mais do que tudo, o meu corpo, que é minha ferramenta de trabalho. Pensando na longevidade da minha carreira em clubes, é hora de me recuperar. Conversei com meus médicos e familiares e chegamos a esta conclusão.
Quero agradecer especialmente ao Zé Roberto e toda sua família que foram fundamentais neste retorno, além da comissão técnica e todos os que me acompanharam nesta caminhada. Sem o esforço, apoio e incentivo de cada um, não sei se chegaria tão longe. O meu muito obrigada a todas as minhas companheiras que estiveram ao meu lado, dividindo viagens, concentrações, alegrias e tristezas. Carregarei sempre comigo cada lembrança. Estarei daqui , vibrando e torcendo pelo Brasil, junto com toda a população e, especialmente, com os amantes do voleibol. Estarei sempre à disposição para ajudar e, mais do que tudo, gritar e comemorar nossas conquistas.
Gratidão!”