30 anos de Superliga sem muito para festejar
Análise de Daniel Bortoletto sobre mais erros do que acertos neste início de Superliga
Por enquanto há pouco a comemorar na edição de 30 anos da Superliga. A efeméride, que poderia ser um marco do amadurecimento do produto, apresenta deslizes e alguns retrocessos em diversos aspectos organizacionais na comparação com edições anteriores.
E esse texto é mais do que criticar por criticar. Ou simplesmente apontar o dedo em busca de um culpado. A reflexão é necessária para o ecossistema do vôlei no Brasil crescer junto com a principal competição nacional. Algo que nitidamente não está acontecendo.
Neste sábado, a partida entre Azulim/Gabarito/Monte Carmelo x Vôlei Renata estava na grade do Sportv. Mas não foi exibida, para abrir espaço para jogo da Série B de futebol na grade. A emissora tomou a decisão no início da tarde. A solução possível foi achar uma produtora local para exibir o jogo sem qualquer tempo para uma mínima organização, abrindo até a exibição pelo Youtube, algo que o contrato atual com o Grupo Globo vedava nos últimos anos e agora permite de forma restrita (um jogo por rodada por ser transmitido em outras plataformas).
Em contato com o Web Vôlei, a Confederação Brasileira de Vôlei explicou o caso: “Por alterações na grade do sportv, a partida deste sábado entre Azulim/Gabarito/Monte Carmelo e Vôlei Renata ficaria sem transmissão. Para garantir que o jogo não ficasse sem exibição ao vivo, prejudicando clubes e torcedores, a CBV viabilizou uma parceria com a TV Nova de Monte Carmelo. Por isso, além de ser transmitida no Canal Vôlei Brasil, a partida também está sendo exibida também no YouTube da emissora”.
Jogo sim, jogo não, o desafio eletrônico da arbitragem para de funcionar. Times são avisados que não podem tirar as dúvidas pois o sistema caiu, travou ou bugou. Se fosse exceção seria até compreensível, mas virou regra nas últimas semanas. As críticas feitas nas própria transmissão do Sportv viraram um termômetro em tempo real da insatisfação do vôleifã nas redes sociais. O equipamento é da CBV, a operação (com custo) é dos clubes. E o mico é de todos nós, já que uma conquista para a Superliga dos 30 anos não consegue dar o resultado desejado. Sem falar de a CBV já ter esquecido de escalar um árbitro para o desafio no jogo entre Fluminense x Pinheiros, algo que beira o ridículo.
Para quem quer produzir conteúdo sobre os jogos, a temporada 23/24 é a mais difícil dos últimos anos. A estatística do jogo, a famosa P2, não está mais disponível após as partidas. É preciso esperar o dia seguinte. Em tempo real, o Sportv faz a sua, o Canal Vôlei Brasil também. E, salve-se quem puder, já que a informação oficial demora para ser divulgada. E quem tem compromissos com a informação precisa deixar de produzir ou precisa ficar alterando os conteúdos horas depois da publicação.
Sem contar assuntos que já caducaram por falta de novidades nos últimos anos: ausência do Jogos das Estrelas, regras mais rígidas para uma exigência mínima de infraestrutura dos ginásios para evitar goteiras ou calor em excesso, falta de premiação em dinheiro aos campeões, evolução da arbitragem…
Por tudo isso, ter naming rights vendido por mais uma edição, melhorar o Fantasy ou criar produtos virtuais acabam não sendo suficientes, no cômputo geral, para que a Superliga de 30 anos seja um produto melhor.
Por Daniel Bortoletto