Vargas ao Web Vôlei: “Estou realizando um sonho”
Oposta é uma das melhores jogadoras do mundo na atualidade
A desenvoltura para atacar as bolas mais improváveis e vencer os maiores bloqueios do mundo contrasta com timidez de Melissa Vargas fora das quadras.
A cubana naturalizada turca não gosta dos holofotes midiáticos. Nas redes sociais, vídeos no melhor estilo “blogueirinha” são raros. Sua conta no Instagram conta com apenas 87 publicações para seus 1,6 milhão de seguidores. São raras também as longas entrevistas naquele estilo “Arquivo Confidencial”.
Ao deixar a Arena Paris Sul depois da virada da Turquia na estreia nos Jogos Olímpicos de Paris, a oposta atendeu o Web Vôlei. Foi uma das primeiras atletas turcas a passar naquele dia pela zona mista, a área entre a quadra e os vestiários. Ao receber o pedido de um papo rápido em espanhol, Vargas fez uma carinha de contrariedade. Parecia que o não estava a caminho. Mas ela parou e falou.
Aos 24 anos, Melissa Vargas parece ser uma veterana. O mundo do vôlei convive com esse fenômeno desde os 14, quando estreou pela seleção adulta de Cuba e assombrou a modalidade. Em Paris, ela admite estar cumprindo um dos grandes objetivos da carreira.
– Estou realizando um sonho. Minha estreia em Olímpiada, meu primeiro jogo nesta grande competição. Certamente um dia especial que não irei esquecer jamais – disse Vargas.
Ela acabava de marcar 30 pontos e ser a protagonista na virada da Turquia sobre a Holanda por 3 sets a 2. Decisiva, com certeza. Uma atuação especial?
– Acho que fiz um bom jogo – simplificou, como se tivesse acabado de fazer um trivial passeio pelo parque.
Vargas sabe que a Turquia carrega um peso enorme em Paris. Depois da estreia da jogadora ao completar o processo de naturalização, a seleção turca mudou de patamar no cenário internacional. Não à toa, conquistou a Liga das Nações e o Campeonato Europeu em 2023. E com Vargas acumulando premiações de MVP. Como lidar com esse peso extra?
– Foi apenas o nosso primeiro jogo. Estávamos tentando ficar calmas e confiantes de que sairíamos daquela situação difícil. Deu certo. Podemos melhorar bastante ainda na fase de grupos e depois nos jogos decisivos – analisou a jogadora.
Para ela, mais do que questões técnicas ou táticas, um fator pesou para a virada na estreia:
– Creio que a energia foi o mais importante.
Com energia e com Vargas inspirada, a Turquia continua sonhando alto em Paris!
Por Daniel Bortoletto, em Paris