Ana Patrícia revela luta contra ameaças e depressão antes do ouro olímpico
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Paris-2024 - Praia - 27 de setembro de 2024

Ana Patrícia revela luta contra ameaças e depressão antes do ouro olímpico

Campeã de vôlei de praia detalha como superou bullying e ameaças de morte após as Olimpíadas de Tóquio, ressaltando a importância da saúde mental


Ana Patrícia, campeã olímpica ao lado de Duda no vôlei de praia nos Jogos de Paris 2024, emocionou ao abrir o coração sobre as dificuldades psicológicas que enfrentou nos últimos anos. Em entrevista ao GE.COM, a atleta revelou como, após as Olimpíadas de Tóquio, sofreu uma onda de ataques virtuais, que incluíam ameaças de morte e mensagens de ódio.

Esses episódios a levaram a uma depressão, da qual conseguiu se recuperar com a ajuda de um intenso trabalho psicológico.

– Depois de Tóquio, eu comecei a receber muitas ameaças de morte. Diziam coisas como ‘você é um lixo, você tem que se matar, você é uma vergonha’. Foi muito traumático. Demorei mais de um ano para conseguir respirar normalmente e entender que aquilo não me pertencia – contou Ana Patrícia ao GE.COM.

– Aquilo mexeu na minha autoestima, mexeu na minha confiança – completou.

Eliminada nas oitavas de final em Tóquio ao lado de sua então parceira, Rebeca, Ana Patrícia foi alvo de críticas duras, mas conseguiu transformar o ódio em combustível para sua recuperação. O processo de cura foi longo, e a atleta destacou o papel fundamental do acompanhamento de um especialista em sua jornada de superação.

– Foi um trabalho psicológico muito grande para conseguir me recuperar. Eu precisei entender que o que falavam sobre mim não era verdade, era um reflexo da dor e ignorância das pessoas – afirmou.

A vitória nas Olimpíadas de Paris, conquistando o ouro ao lado de Duda, trouxe à tona não apenas o talento da jogadora, mas também sua resiliência emocional. Após a maior conquista de sua carreira, Ana Patrícia não escondeu sua vulnerabilidade e falou sobre a importância de cuidar da saúde mental no esporte.

– Minha mensagem é sempre para que as pessoas falem sobre isso. Eu tinha vergonha, parecia pequeno, mas não é. Se uma pessoa conseguir falar e se sentir melhor, minha missão já vai estar cumprida – disse a campeã olímpica.

Durante os Jogos de Paris, Ana Patrícia também teve que lidar com momentos de alta pressão, como na final contra as canadenses Brandie Wilkerson e Melissa Paredes, onde demonstrou toda a sua capacidade de concentração, consequência de todo o cuidado com o psicológico.

– Eu precisei vivenciar muitas situações para entender o quanto é importante falar sobre saúde mental. O psicológico foi o pilar do nosso ouro – destacou.