Nicola Negro Minas
Home Coluna Nicola se despede “entre tapas e beijos” após 13 títulos
Coluna - Superliga - Vaivém - 26 de abril de 2025

Nicola se despede “entre tapas e beijos” após 13 títulos


A partida entre Gerdau Minas x Osasco/São Cristóvão Saúde, nesta sexta-feira (25/4), marcou o fim da vitoriosa trajetória de Nicola Negro no comando da equipe de Belo Horizonte.

O gosto amargo pela eliminação em casa na semi da Superliga 24/25 não mancha a passagem do italiano pelo Brasil. Em seis anos, foram 13 títulos e 24 finais. Um trabalho capaz de fazer a torcida esquecer o comandante anterior: Stefano Lavarini.

É importante citar o nome do atual comandante do Milão para ter ideia do sarrafo encontrado por Nicola quando desembarcou no Brasil em 2019. Ele não era tão conhecido quanto o compatriota e tinha o enorme desafio de manter a sequência de bons resultados deixada por Lavarini.

E Nicola conseguiu. Defendeu um estilo de jogo, convenceu as atletas da importância de segui-lo e deu resultado. A quantidade de título e finais comprova. Lembro de ter um escrito um texto, meses depois da apresentação dele, fazendo uma analogia entre o técnico italiano e o levantador Cachopa. Na época, ele substituía William Arjona no Sada Cruzeiro e era cobrado absurdamente para dar o mesmo resultado do antecessor quase imediatamente. Era parecido com o cenário do Minas pós-Lavarini. Ambos precisavam de tempo. O que veio depois é história.

Quando encontrei Nicola pela primeira vez, para uma entrevista na sede do Minas Tênis Clube, um bom tempo depois, ele lembro do texto. Já vivia a pressão interna, algo natural para quem trabalha em um gigante como é o clube de BH. E também começava a conviver com a perseguição externa de alguém sem responsabilidade com o trabalho jornalístico. Quando respondeu publicamente a vaias recebidas pelo time durante um jogo, ganhou ainda a resistência de um setor da torcida para a sequência do trabalho, ganhando ou perdendo, jogando bem ou mal.

Entre acertos e erros, títulos e vices, polêmicas e reclamações, Nicola vai embora do Brasil maior do que chegou. Não é fácil para qualquer estrangeiro fazer sucesso longe de casa. Ainda mais para alguém com personalidade forte, com gestos e atitudes muitas vezes perto ou pouco acima do limite do aceitável para quem é adversário e está do outro lado da quadra. Nesta linha tênue, ele navegou em águas turbulentas em diversos momentos. E algumas imagens pós-jogo ontem comprovam tal cenário.

Ele foi aplaudido por boa parte da torcida minastenista e se emocionou. Foi abraçado por algumas atletas, dirigentes e integrantes da comissão técnica. Mas recebeu também ofensas e gestos obscenos de torcedores. E fez questão de apontar o dedo e responder. É o jeito Nicola Negro de ser. Para quem chega para substituí-lo, o sarrafo está bem alto. E talvez, num futuro próximo, muita gente dê o braço a torcer ao analisar com isenção o bom trabalho feito pelo italiano no Minas.

Por Daniel Bortoletto