José Zé Roberto
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Zé Roberto vê “gap” de levantadoras: “Escolheram ficar no banco dos seus times”


Técnico da Seleção Brasileira Feminina de vôlei,  José Roberto Guimarães falou sobre o que chamou de “carência enorme de levantadoras”, cenário que faz com que Macris, 36 anos, e  Roberta, 35, sigam como principais convocáveis, com uma carência de “concorrentes” para substituí-las com a camisa verde-amarela.  O Brasil estreia na VNL  na próxima quarta-feira (4/6), contra a  República  Tcheca, às 17h30, no Maracanãzinho, em busca do título inédito na competição.

– A gente tá sentindo um gap muito grande, porque não tem tantas levantadoras aparecendo aí. Essas levantadoras que a gente esperava que fossem aparecer, acabaram escolhendo de ficar no banco dos seus times e não jogaram. Eram jogadoras promissoras para o futuro – disse Zé Roberto, em entrevista ao No Ataque.

– Falta de trabalho de base. Esse é o grande problema. Eu vejo times investindo na categoria adulta e pouco trabalho na base. Então o que que acontece quando você tem pouco trabalho na base? Você não tem quantidade. É o que acontece de ruim no vôlei brasileiro há algum tempo. Sempre temos que abrir os olhos em relação a isso, porque falta material. Grandes times precisam ser grandes formadores. A gente precisa disso. Nós estamos com uma carência enorme de levantadoras – completou José  Roberto.

O treinador da Seleção  Brasileira – no cargo  desde 2003 -, quer que as levantadoras sejam protagonistas nos seus clubes.

– O pessoal diz assim: “Pô, mas tem que dar chance na seleção nacional”. Gente, a menina tem que primeiro aprender a jogar no clube. Não é na seleção nacional que ela tem que que aprender a jogar. Na seleção nacional, ela tem que botar em prática e ter resultado – disse o tricampeão olímpico (Barcelona-92 com a Seleção Brasileira Masculina e Pequim-2008 e Londres-2012 com a Seleção Feminina).

– A gente teve algumas [atletas promissoras] que acabaram não acontecendo pelas opções de irem para clubes e ficarem no banco, sem jogar. Aí é difícil porque levantadora, principalmente, precisa conseguir espaço para poder jogar, sobressair, melhorar, evoluir, perder, ganhar, mas viver aqueles momentos, treinar com bons treinadores. E isso faz parte do processo delas. Mas algumas levantadoras escolheram ir para times grandes e ficaram no banco. E elas poderiam ter evoluído ao jogar em times menores. Ganhariam menos dinheiro, mas investiriam mais na carreira. É uma escolha – completou.

Confira outros trechos da entrevista com José Roberto Guimarães:

CATEGORIAS DE BASE

– Nós cometíamos um erro muito grande. Os grandes times do Brasil não tinham a obrigatoriedade de ter time de base. Osasco, Rio de Janeiro, eles não não trabalhavam na base. Agora, o Sesc Flamengo tem base. Não era esse time de Osasco que tinha tinha base, era o Bradesco. Você tinha Barueri, trabalhando na base, botando grana no bolso, São Caetano, Pinheiros. Esses times trabalham muito bem na base, mas são poucos. O Minas tem base, mas poderia também trabalhar melhor. Eu sei que o pessoal vai ficar bravo comigo, mas eu preciso dizer aquilo que eu penso. Eu não posso ficar… Você vê o Praia Clube, que agora voltou a ter base. Algumas jogadoras tinham vindo do Praia porque tinham acabado o trabalho de base lá. Tinham saído. Agora, o Praia voltou a formar

CENÁRIO INTERNACIONAL

– Ah, mas os outros times fazem isso’… Todas essas jogadoras que jogam, estão fora, seja da Sérvia, seja da Croácia, seja do Canadá. De todos os países, a maioria joga fora. Até recentemente, eu estava trabalhando na Turquia. Tinham três levantadoras turcas que estavam voltando para Turquia após jogar fora, na França, na Alemanha. São boas jogadoras que estão em campeonatos que estão evoluindo, melhorando, e elas tão fazendo as suas experiências, né? E precisa.

ESTADOS UNIDOS

– Para mim, os Estados Unidos tinham que ganhar tudo. O pessoal fala: ‘Ah, o Brasil não ganha’… Os Estados Unidos ganharam pouco em relação ao que podia ganhar. Com a quantidade de times, jogadoras e investimento que tem, das instalações que tem, a minha opinião é que ganha pouco. Deveria ganhar muito mais, que nem no basquete masculino e feminino. Um dia fiz a conta, perguntei para a Federação Internacional quantas jogadoras americanas estavam jogando fora dos Estados Unidos. 264. Então, assim, (para o Brasil), falta é a quantidade para a gente ter uma qualidade.