
Conheça Clarinha: base com Ana Cristina e desenvolvimento nos EUA
O terceiro lugar da Seleção Brasileira sub-23 na Copa América feminina de vôlei, em Betim (MG), serviu como cartão de visitas para a ponteira Maria Clara Andrade, a Clarinha.
Pouco conhecida do grande público, ela ganhou espaço na equipe dirigida por Marcos Miranda. Foi a maior pontuadora do Brasil e a terceira maior da competição. Foram 48 pontos em quatro jogos, média de exata de 12. Contra Argentina e Chile, Clarinha marcou 14 vezes em cada. Foram mais 11 diante da Venezuela e nove no duelo com o Peru.
Também apareceu no ranking de passe como a melhor da Seleção Brasileira em números absolutos de acertos e fechou no top 10 geral entre as defensoras.
– Gratidão a Deus por essa oportunidade tão especial, à minha família por estar sempre comigo, e às amigas que fizeram tudo ainda mais inesquecível. Vivendo um sonho com amor, fé e o coração cheio – escreveu nas redes sociais.
QUEM É CLARINHA?
A paulista de 20 anos optou por seguir uma trajetória parecida com a de Julia Bergmann. Estudar nos Estados Unidos, disputar a NCAA e assim conciliar a formação acadêmica com o esporte antes da profissionalização.
Formada nas categorias de base do Taubaté, ela passou ainda pelo projeto do Bradesco, em Osasco. Durante a formação, fez parte das seleções paulista de base. Tinha Ana Cristina como companheira no Campeonato Brasileiro. Clarinha e Aninha são da “geração 2004”.

Em 2022, mudança para os Estados Unidos. Foi morar fora e jogou as últimas três temporadas pela Universidade de South Florida (USF). Nas duas últimas, teve Leandro Vissotto como um dos assistentes técnicos.
O ex-oposto deixou o Brasil em 2023 após encerrar a carreira como jogador. E na Universidade de South Florida reencontrou Clarinha, como contou ao Web Vôlei.
– Quando eu vim pra cá eu não tinha nenhum trabalho fixo. Estava conversando e a head coach da USF e ela me ofereceu a posição de assistente técnico. Quando eu cheguei lá, descobri que tinha uma brasileira. E logo depois soube que o mundo do nosso voleibol é pequeno. Clarinha foi formada em Taubaté na época que eu jogava lá. Ela ia aos nossos jogos, ajudava nos treinos e recebeu um prêmio. Eu e o Rapha (ex-levantador) fomos entregar. Ela me mostrou as fotos. Foi muito bacana recordar nesse reencontro em Tampa, na minha transição de carreira – contou ele, que chegou a conversar com Marcos Miranda sobre a ponteira antes da convocação para a Seleção.
RELAÇÃO DOS COMPATRIOTAS
Rapidamente, os laços entre Clarinha e Leandro Vissotto se estreitaram. E ele passou a ajudar na lapidação da ponteira.
– Ela sempre quis evoluir, melhorar, dando 100% na parte física e técnica. E sempre atrás de mim, questionando: “O que eu posso fazer para melhorar? O que acha disso?”. Então desde o primeiro dia passei a trabalhar muito com ela em todos os fundamentos que seriam importantes para ela desenvolver – revelou. – Eu falei pra Clarinha: “Pela altura que você tem (1,82m), precisa ser um destaque no fundo de quadra, no passe, ser uma atleta inteligente, com todos os golpes no ataque. Ser aquela atleta que dá volume de jogo para o time”. Quando cheguei, ela estava focada muito no ataque.
Na última temporada, Clarinha se destacou na NCAA e foi eleita a melhor jogadora da conferência, além da melhor do ano na USF. E ganhou uma menção honrosa na escolha das destaques da competição. Para Vissotto, nenhuma surpresa. Ele ainda apontou outra virtude da jovem ponteira:
– Como treinador, trabalhar com uma atleta como ela é fácil. Clarinha trabalha duro, está sempre querendo evoluir, sempre focada no processo. E não só dentro de quadra, fora também, descansando, se recuperando. Ela já tinha essa mentalidade bem profissional. Foi bacana poder trabalhar com ela e ver a evolução.

Nas últimas semanas, Clarinha e Vissotto seguiram em contato. E o agora técnico da Universidade de Miami se orgulha do resultado da pupila na Seleção.
– Ela me mandava mensagens: “Fiquei e não fui cortada… Acho que vou ser titular”. Vou ser bem sincero. Pra mim é emocionante ver essa evolução, poder transmitir conhecimento, aprendizado e ajudar alguém a crescer.