
Brasileira que disputou Olimpíada pela Geórgia guia jovem dupla em título
Amazonense Andrezza Chagas, que esteve em Pequim 2008, comandou Mickaellen Azevedo e Yasmim Chagas na conquista dos Jogos da Juventude
Campeãs da segunda divisão do vôlei de praia feminino nos Jogos da Juventude, Mickaellen Azevedo e Yasmim Chagas contaram com uma experiência de peso na beira da quadra. A técnica Andrezza Chagas, amazonense que defendeu a Geórgia nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, foi a responsável por liderar a equipe ao lugar mais alto do pódio.
A trajetória inusitada da treinadora rumo às Olimpíadas parece roteiro de cinema. Durante uma etapa do circuito, ela foi convidada a competir pela Geórgia, país que buscava atletas estrangeiros para montar sua dupla no vôlei de praia.
– Eu estava disputando uma etapa de vôlei de praia e o marido de outra jogadora escutou uma pessoa da Geórgia falando que queria uma dupla brasileira para representar o país dele, que não tinha tanta tradição na modalidade. Foi quando ela contou que tínhamos chances de conseguir essa vaga olímpica para eles – lembra Andrezza.
O convite foi aceito. Ao lado de Cristine Santanna, Andrezza Martin tornou-se Andrezza Rtvelo, enquanto a parceira assumiu o nome Cristine Saka. Juntas, formaram “Sakartvelo” – palavra que significa Geórgia em georgiano. O destino quis que a estreia em Pequim fosse justamente contra uma dupla brasileira: Ana Paula e Larissa.
– Claro que o Brasil é a nossa nação, mas quando você está em quadra o que importa de verdade é o esporte, é a magia que ele tem. O Brasil sempre teve bons atletas, então estava muito bem representado. Já para mim, disputar uma Olimpíada foi um sonho realizado – comentou, lembrando que o confronto terminou com vitória para o Brasil por 2 a 1.
Mas o jogo mais simbólico ainda estava por vir. Em meio à guerra entre Geórgia e Rússia, as duas seleções se enfrentaram nos Jogos Olímpicos. Apesar de um acordo de paz firmado dias antes, a tensão foi inevitável.
– Esse aspecto político colocou uma pressão enorme na gente. Até a primeira dama da Geórgia foi no nosso quarto, pessoalmente, falar que a medalha olímpica poderia não vir, mas a vitória naquele jogo era muito importante – recorda.
As georgianas naturalizadas venceram no tie-break, em uma partida carregada de emoção.
Experiência olímpica aplicada na base
Agora aos 48 anos, Andrezza divide a rotina entre jogar e treinar. Há oito anos fundou em João Pessoa o CT Andrezza Chagas, que começou com quatro alunos e hoje reúne 180 atletas. Entre eles estavam justamente Mickaellen e Yasmim, que se tornaram campeãs em Brasília.
– A Mickaellen Azevedo e a Yasmim Chagas são cria da minha escolinha e eu fico muio orgulhosa. Tem uma geração boa vindo. Eu sou do Amazonas, mas a Paraíba está no meu coração hoje e eu faço um trabalho de fomentar esse esporte que me deu tudo – conta.
Além de aluna, Yasmim é também sobrinha da treinadora. O vôlei é tradição de família: os pais da atleta já competiram, e os filhos de Andrezza – uma menina de 6 anos e um menino de 12 – também seguem no esporte.
Os Jogos da Juventude foram a primeira experiência da treinadora no evento multiesportivo. E para ela, a vivência guarda semelhanças com a atmosfera olímpica.
– Estou vivendo esse sonho com minhas atletas e adorando a magia de estar nessa competição. É uma preparação mesmo para competições de nível nacional e internacional. Os Jogos da Juventude têm uma magia parecida com os Jogos Olímpicos, tem o refeitório onde passam todos os atletas de todas as modalidades, tem o sistema de transporte, a questão de poder torcer para um outro esporte, seja do seu país ou, no caso daqui, do seu estado. É muito parecido com o clima olímpico – compara.