Coco sobre Seleção: “É um sonho, mas não vejo como realidade no momento”
Paulo Coco, em entrevista ao LANCE!, falou sobre a possibilidade de assumir a Seleção após os Jogos de Tóquio
Em entrevista publicada nesta sexta-feira, no LANCE!, Paulo Coco, técnico do Dentil/Praia Clube e assistente de José Roberto Guimarães na Seleção Brasileira feminina, falou sobre a sequência da carreira após os Jogos Olímpicos de Tóquio.
Ele foi indicado, publicamente, no ano passado, por Zé Roberto como preferido para assumir o comando da Seleção após a Olimpíada. Atual comandante, o tricampeão olímpico irá se aposentar da Amarelinha após 17 anos (assumiu em 2003).
Coco, porém, apesar de agradecido pelo gesto de Zé Roberto, diz não criar expectativas neste momento para assumir o cargo:
– É claro que treinar a Seleção Brasileira é o sonho de qualquer um, mas não vejo como realidade no momento. Não tenho nenhuma expectativa de dar continuidade ao trabalho, pois sabemos que há muitos fatores, inclusive políticos, para a decisão. Não perco meu tempo pensando nisso. Meu foco é desenvolver um bom trabalho no Dentil/Praia Clube, tentar conquistar o título da Superliga e, em segundo plano, me dedicar à Seleção, exclusivamente para os Jogos de Tóquio. Se decidirem por mim, pensaremos no momento oportuno.
A sucessão na Seleção masculina após a Rio-2016 pesa para isso. Na ocasião, Bernardinho deixou o cargo após 15 anos e indicou Rubinho, seu braço direito. O atual comandante do Sesi, porém, foi preterido por Renan Dal Zotto, até então dirigente da CBV.
– Sou muito grato ao Zé, pela indicação como seu sucessor e pela amizade dele há mais de 30 anos. Todos os ensinamentos que me proporcionou no dia a dia contribuíram para minha carreira. Jogamos juntos, depois nos afastamos, mas ele foi o cara que me deu as primeiras oportunidades como técnico – disse Paulo Coco.
Veja abaixo o restante da entrevista com o técnico do Praia:
Você levou o Praia Clube ao título da Superliga 2017/2018, foi vice em 2018/2019 e lidera a competição, fora outras conquistas. Que status acredita que alcançou?
Tenho uma grande estrutura para trabalhar, em todos os sentidos. Temos um patrocinador forte, que nos apoia. Uberlândia vive o voleibol. Temos apoio irrestrito. Não tem nada a ver com o poder público, mas conseguimos um incentivo importante. Estamos em uma equipe forte onde posso desenvolver o trabalho. Temos de aproveitar a chance e nos dedicar. Conseguimos conquistas importantes, inéditas para o projeto, e espero ampliá-las ainda mais.
O time perdeu decisões para Sesc (Copa Brasil) e Itambé/Minas (Sul-Americano). O que ainda falta?
Sabemos das dificuldades, devido à qualidade dos adversários, mas estamos trabalhando para nos ajustarmos e termos não só um poder ofensivo, mas também defensivo, com volume de jogo e maior qualidade. Estamos no caminho para isto.
Apesar de a Superliga ser o foco, o pensamento já está na montagem do grupo para Tóquio-2020?
É claro que, desde já, estamos preparando a convocação. O planejamento já começou a ser feito há muito tempo. Nós da comissão estamos conversando. O foco é a Olimpíada, pois termos de encontrar um grupo equilibrado. Será uma das edições mais difíceis dos últimos anos.
Após um ciclo olímpico de dispensas e lesões, estamos bem?
Acho que é o momento. Nesses últimos três anos, não conseguimos ter todo mundo. Estamos em uma fase de recuperação. Jogadoras que estavam afastadas, como a Fabiana e a Thaisa, estão voltando fortes de rendimento. Se estiverem dispostas, existe uma grande possibilidade de estarem conosco. E há outras que participaram deste ciclo, como a Tandara, a Natália e a Gabi, que formam um tripé importante, mas que não conseguimos neste ciclo colocar junto. Com elas e as mais experientes recuperadas, temos um grupo forte. Não tenho dúvidas de que o Zé vai conversar com as melhores em atividade, seja no Brasil ou no exterior. Todas as atletas com um nível alto serão bem-vindas. Se quiserem, irão somar. Gostaria que a Garay estivesse disposta a ajudar. Espero que cheguemos com força máxima. Se conseguirmos isto, brigaremos em condição de igualdade com as melhores seleções.