Rabadzhieva se despede: “Grata por ter a chance de jogar na pátria do vôlei”
A ponteira búlgara Dobriana Rabadzhieva, 28 anos, 1,91m, despediu-se nesta segunda-feira do Itambé/Minas, dois meses depois de chegar ao Brasil para substituir a norte-americana Deja McClendon, que deixou o clube por conta das atuações irregulares na temporada. Na bagagem, Doby, como foi carinhosamente chamada pelas companheiras, levou de volta a medalha do Sul-Americano de Clubes e o prêmio individual de melhor ponteira da competição. Além de atuações consistentes, que fazem a torcida do Minas sonhar com o seu retorno na próxima temporada.
O futuro da jogadora, no entanto, ainda é incerto. Depois de encaminhar a renovação com a central Thaisa, a prioridade da diretoria do time mineiro é buscar uma oposta, provavelmente estrangeira, para tentar brigar pelo inédito título do Mundial de Clubes. Todas as atletas do Minas foram dispensadas depois que os clubes, em reunião com a CBV, decidiram encerrar a Superliga 2019/2020, na semana passada, por conta do avanço do coronavírus no Brasil e no mundo.
Em entrevista ao WEB VÔLEI há cerca de duas semanas, pouco antes do início dos playoffs – que acabaram não acontecendo por conta do encerramento da Superliga – e, portanto, antes de o coronavírus virar uma pandemia, Rabadzhieva falou sobre sua adaptação ao Brasil, o nível técnico da Superliga e listou os favoritos aos Jogos de Tóquio que, pelos últimos acontecimentos no planeta, devem ser adiados para o ano que vem.
WEB VÔLEI – Como foi sua adaptação ao Brasil? Qual foi a maior dificuldade na adaptação ao novo time?
RABADZHIEVA – Eu me adaptei muito rápido, graças às minhas companheiras e à comissão técnica do Minas. Desde o meu primeiro dia, todos cuidaram de mim e eu pude contar com eles para tudo. Eu amei essa recepção. O mais difícil foi, no início, a adaptação ao fuso horário assim que eu cheguei. Foram 11 horas de diferença em relação à China (onde ela atuava antes de assinar com o Minas) e eu sofri um pouco com o sono.
WEB VÔLEI – Por que quis jogar no Brasil?
RABADZHIEVA – Sempre foi um sonho. Eu acho que toda jogadora de vôlei gostaria de ter a chance de jogar no Brasil. Eu gosto do estilo brasileiro de voleibol.
WEB VÔLEI – Você chegou a receber propostas de outros clubes brasileiros ou da Europa antes de fechar com o Itambé/Minas?
RABADZHIEVA – Sim. Recebi propostas tanto da Europa quanto de outros clubes do Brasil.
WEB VÔLEI – Na sua opinião, quais são as principais jogadoras da sua posição no mundo atualmente?
RABADZHIEVA – Eu acho que agora, a Zhu é a melhor jogadora do mundo. Ela é um jogadora incrível.
WEB VÔLEI – Como foi a experiência na China?
RABADZHIEVA – Eu amei a China. Gostei de tudo lá. As pessoas são tão doces e mentalmente totalmente diferente de todos os países por onde passe. Eu só precisei me adaptar à comida. Eles têm uma das melhores estruturas para jogar voleibol.
WEB VÔLEI – Chegou a sentir os contra-tempos por conta do coronavírus?
RABADZHIEVA -Não. Eu saí de lá e o vírus ainda era praticamente desconhecido ainda. Cinco dias depois que eu deixei a China as notícias mais graves começaram a ser divulgada. Fiquei chocada. Se eu ficasse dois dias a mais no país eu possivelmente teria de ficar lá (por conta da quarentena). Estou muito triste e rezando para que tudo volte ao normal logo.
WEB VÔLEI – Você já conhecia o Nicola Negro?
RABADZHIEVA – Sim, conheço ele há uns 9, 10 anos. A gente só não tinha jogado no mesmo time ainda. Apenas fomos adversários.
WEB VÔLEI – O que está achando do nível da Superliga brasileira? (lembrando que a entrevista foi feita pouco antes do cancelamento da competição)
RABADZHIEVA – Eu sempre segui a Superliga. O nível está alto, é muito equilibrada. Você tem de dar 100% em todo jogo para ganhar. E isso é o que eu mais gosto numa competição.
WEB VÔLEI – Como foi seu início de carreira? Sempre jogou como ponteira?
RABADZHIEVA – Comecei a jogar com 13 anos. Joguei como central por dois anos, logo no início da minha carreira. Depois disso, passei a atuar como oposta.
WEB VÔLEI – Quais seus objetivos a médio e longo prazo na carreira?
RABADZHIEVA – Eu tento não fazer planos. Eu realmente aproveito o momento. Para o futuro, só desejo saúde para encarar o que vier pela frente.
WEB VÔLEI – Pretende ficar mais uma temporada no Brasil ou quer retorna China/Europa?
RABADZHIEVA – Eu realmente gosto daqui. Mas ainda é cedo para falar em futuro. Vamos ver como tudo isso acaba para ver o que será melhor para mim.
WEB VÔLEI – O que você experimentou da culinária mineira e gostou?
RABADZHIEVA – Pão de queijo. Insano de delicioso. E muitos outros petiscos. Tentei não ganhar peso porque tudo é muito gostoso!
WEB VÔLEI – Quais times são favoritos ao ouro em Tóquio?
RABADZHIEVA – A Olimpíada vai ser muito equilibrada. Mas acho que China, Brasil, Sérvia e Itália são favoritas ao ouro.
Por meio do seu perfil no Instagram, Rabadzhieva se despediu do Brasil, sem dar pistas sobre seu possível retorno.
– 2 meses…! 2 meses de alegrias, felicidade, riso, dedicação, trabalho, amor, vitórias e amizades! Estas são as memórias que permanecerão para sempre! Grata pela oportunidade de jogar com o Best! Grata por ver o que significa ter apoio incondicional e amor de nossos fãs! Grata por ter a chance de jogar na pátria do vôlei! Grata por ser aceita de braços aberto na família Minas Tênis Clube! Torcida… Simplesmente a MELHOR! Infelizmente, meu sonho de vencer a Superliga não se tornou realidade! Mas tenho algo mais precioso… Memórias e amigos para sempre! Obrigada!!! Meu sonho ainda está em movimento… então vejo vocês nas quadras… @mtcvolei @minastenisclube @melittabrasil ??? – escreveu a ponteira.