Zé Roberto evita falar em despedida após Tóquio
O técnico da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei, José Roberto Guimarães, evitou falar, em entrevista ao programa “Os Canalhas”, do canal do UOL, comandado pelos pelos jornalistas João Carlos Albuquerque e Rodrigo Viana, sobre a possibilidade de os Jogos de Tóquio, remarcados para 24 de julho do ano que vem, serem também a sua despedida da Seleção. Com certeza, não serão sua despedida do voleibol.
– Parar é muito difícil, porque é uma coisa que eu adoro fazer, eu sou um professor de alma, eu gosto de ensinar, eu gosto de estar junto com essa garotada, eu gosto de viver essas emoções aí de quadra e isso para mim é prazeroso, eu não sinto peso nisso, eu gosto de treinar pessoas, então eu acho legal. Eu fiz isso a vida inteira, então a ideia é continuar fazendo – disse o técnico tricampeão olímpico, uma vez com a seleção masculina (Barcelona-1992) e duas vezes com a feminina (Pequim-2008 e Londres-2012).
– Quanto à seleção, a gente sempre fala que tudo depende. Espero que a gente consiga um bom resultado em Tóquio, eu acho que a gente tem um bom time para brigar, para lutar por uma medalha. Eu acho que se a gente conseguir reunir todas as jogadoras e ninguém se machucar, porque esse quadriênio a gente teve algumas baixas ali durante essa trajetória e que isso nos custou algumas situações difíceis em alguns campeonatos. Deixa a vida me levar. Eu não gosto de falar muito essas coisas, deixa andar, eu acho que tem tanta coisa aí pela frente, vamos viver cada momento, cada situação – completou o treinador.
Preocupado com o atual momento do esporte e das duas pastas no Brasil, Zé Roberto criticou a decisão de o Governo Federal ter acabado com os ministérios do Esporte e da Cultura, que viraram secretarias na gestão do presidente Jair Bolsonaro. Técnico do São Paulo/Barueri, Zé não recebe salários e coloca dinheiro do próprio bolso para manter o projeto vivo:
– Geograficamente, o Brasil é muito grande e isso acaba complicando o nosso esporte de uma maneira geral, isso não acontece só no vôlei, isso acontece em todos os esportes. Lógico que tudo poderia ser melhorado, mas a gente tem problemas, eu tenho problema hoje no patrocínio do meu time, eu ponho dinheiro do meu bolso nas categorias de base, eu tenho gente que me ajuda, mas tem muita coisa hoje acontecendo que pouca gente sabe, das dificuldades que nós atravessamos. Hoje nós temos um problema econômico acontecendo no Brasil. Uma coisa que eu não concordo é a gente ter perdido o Esporte como ministério. O Esporte não pode ser secretaria, a Cultura não pode ser secretaria, tem que ser ministério. A gente precisa dar esse passo, a gente precisa de dinheiro, o esporte precisa de dinheiro e não é a CBV só que tem que fazer o trabalho, isso também é governo – completou.