Saúde mental no alto rendimento em debate
Assunto foi tema da Academia do Voleibol, nesta terça
O encontro de número 40 do projeto Academia do Voleibol tratou, nesta terça-feira, dos desafios da saúde mental no esporte de alto rendimento. A palestra virtual foi apresentada pelo professor Franco Noce, da Universidade Federal de Minas Gerais, membro da Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte (ISSP).
Doutorado em Ciências e Psicobiologia na Universidade Federal de São Paulo, Franco Noce apresentou um panorama dos principais pontos sobre a saúde mental no esporte.
– A primeira noção básica é de que a saúde mental é mais do que a simples ausência de doença mental, envolve outros aspectos mais significativos. O segundo ponto é que as manifestações de saúde mental têm que ser contextualizadas. Um comportamento que pode parecer funcional no esporte, por exemplo o perfeccionismo, pode ser algo disfuncional fora do ambiente de alto rendimento. E por fim, a saúde mental está relacionada, mas separada da performance. Observamos ao longo da história atletas com resultados positivos que não estavam com a saúde mental ordenada – explicou Franco Noce.
Franco também apontou a importância do bom ambiente de trabalho e bom gerenciamento dos técnicos ou superiores como forma de nutrir ou desfavorecer a saúde mental. Outro ponto abordado foi a busca por um reconhecimento ou resultado precoce dos atletas, gerando frustração e causando instabilidade.
– Um problema comum que vejo, principalmente em atletas mais jovens, é a ansiedade em tentar conquistar tudo muito rápido. Muitas vezes falta a paciência de aguardar o efeito do treinamento, isso acaba gerando frustração quando o atleta não consegue responder as próprias expectativas – declarou Franco.
O professor também falou sobre momentos de transição de carreira, do alto rendimento para a aposentadoria, por exemplo, como período de atenção na questão psicológica. A palestra foi mediada pelo técnico e professor de educação física Luiz Delmar da Costa Lima, o Duda, que também falou sobre a importância do pós-carreira.
– Quando você para de jogar, tem que reconstruir sua vida. Vou até abrir uma janela e dizer que sou exemplo, pois tive que deixar de ser treinador por um problema de saúde. Fiquei perdido. Entrei no ensino superior com quase 60 anos, fiquei dois anos sofrendo, pois não sabia o que fazer. Imagina alguém com pouco mais de 35 anos e que, muitas vezes sem preparação, se vê fora do esporte. Muitos sofrem essa passagem – declarou.
O conteúdo fica disponibilizado no YouTube da CBV e no Canal Vôlei Brasil.