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Entrevista - Superliga - 21 de abril de 2021

Marcão, técnico de 33 anos, fala da conquista da Superliga B

O Juiz de Fora foi campeão invicto na segunda divisão masculina


Com apenas 33 anos, o técnico Marcos Henrique do Nascimento, o Marcão, é mais novo que alguns atletas inscritos na disputa da Superliga B masculina de vôlei 2021. No comando do Juiz de Fora, ele levou o time mineiro ao título, e de forma invicta após vitória no tie-break sobre o Brasília/Upis (DF).

Neste entrevista para a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), o jovem treinador Marcão conta sobre a temporada vitoriosa no comando do time mineiro e o impacto do resultado na carreira.

Como começou sua história no vôlei e como chegou ao projeto de Juiz de Fora?

Acho que foram dois momentos importantes. Eu era analista de desempenho em Bento Gonçalves, vim jogar aqui em Juiz de Fora, e sempre tive o sonho de fazer mestrado. Essa área acadêmica me chama muita atenção também. E sei que a UFJF tem um programa muito bacana de mestrado. Aí no final do jogo, perguntei – “Professor Mauricio Bara, como que eu faço para fazer um mestrado aí?”. A ideia era fazer o mestrado e acompanhar a equipe. Não consegui, passou um tempo, e a equipe de Bento acabou. Aí entrei em contato com o Henrique Furtado, que era o treinador na época, tinha feito uma campanha fantástica, sétimo lugar da Superliga A. Ele estava precisando de um analista de desempenho e um assistente técnico. Eu fazia as duas funções, então foi bem tranquilo para mim. Me trouxeram e eu aprendi muito. Acabamos sendo rebaixados, mas foi um ano de muito crescimento profissional para mim. E aí teve um jogo com o Corinthians, o Henrique foi para o Mundial com o Sada Cruzeiro (MG) – porque o time e ele tinham um vínculo com o Sada Cruzeiro -, e eu dirigi. Eu lembro que este jogo aconteceu dois dias após o meu aniversário. E trabalhei duas semanas nessa preparação. Uma semana para o jogo, e outra semana até o Henrique voltar. E ali acho que o Mauricio viu um potencial no meu trabalho. Acabando a parceria, ele quis me dar essa oportunidade. Eu já estava em Santos. Como sempre tive o sonho de ser treinador, senti que era aquela hora.

Como você avalia a campanha do Juiz de Fora na temporada? Já caiu a ficha do título?

A temporada foi muito, muito bacana. O grupo aos poucos foi chegando, a gente conseguiu dentro da fase básica inserir filosofias de trabalho, que era nosso principal objetivo. Pegamos vários jogadores que a gente tinha ideia de como jogavam, trouxemos jogadores que se adaptariam bem ao nosso sistema, e colocar a nossa filosofia de trabalho. Na fase classificatória, quando a gente enfrentou vários jogos, ali foi criando casca, criando um pouco mais de bagagem. Jogos difíceis, duros, mas que nos comportamos muito bem e conseguimos vencer. Estou tentando hoje relaxar um pouco a cabeça para começar a tentar estudar o time adversário e minha equipe principalmente. Ver como nos comportamos, analisar números e ter isso como material de estudo para o meu crescimento como treinador, e aí entender um pouco mais a temporada.

Você é um treinador jovem e tem agora no currículo um título nacional. Qual é o impacto disso na sua carreira? E que frutos você acredita que colherá no curto prazo?

É muito legal um título nacional, ainda não caiu a ficha. Acabou o jogo, eu tive que me sentar um pouco ali para baixar a adrenalina e entender o que estava acontecendo. Acho que faz parte da minha imaturidade como treinador, estou começando agora. A curto prazo não vejo muita coisa. Talvez me solidifique aqui no projeto. Gostaria de ficar aqui no projeto, e, dentro da Superliga A, nesse período de preparação, estudar muito, entender um pouco mais de liderança também, questão de gerenciamento e gestão de pessoas, além de estudar muito voleibol, porque o nível de competição sobe bastante. E eu tenho que estar preparado para realmente dar um passo um pouco maior e crescer na carreira. Vejo coisas boas dentro do plano de carreira que eu tenho. Mas ainda preciso crescer e batalhar bastante para conquistar as coisas que eu almejo. Esse primeiro título com certeza foi uma coisa que estava planejada, veio até em um tempo menor do que eu esperava, mas eu estou muito feliz.

Disputar a Superliga B é uma pressão em razão da disputa pelo acesso à elite. Ser um treinador jovem, e em um time que já vivenciou a primeira divisão teve um peso a mais na temporada ou não? Como você encara isso?

O Mauricio Bara, que é o gestor aqui do JF Vôlei, ele confiou muito em mim, acreditou três temporadas atrás na minha capacidade como treinador. Eu também comprei a ideia do projeto, que era não pensar só no time adulto, mas tentar reorganizar a categoria de base e tentar auxiliar o máximo que eu pudesse na questão dos núcleos sociais. O JF Vôlei não é só o time adulto, tem muito por trás. E por que eu estou te dizendo isso? É simples. Ter alguém que me dá essa sustentação, que foi vice-campeão da Liga Nacional há 10 anos, e tem uma vasta experiência na Superliga A, me deu muita tranquilidade para continuar trabalhando, me dando uma mentoria dia a dia. Qualquer coisa eu ligo para ele, a gente troca muita ideia. E eu pude crescer dentro da competição. Lógico que tem a pressão, é normal com todo treinador, mas ter esse mentor para me ajudar, mais experiente, foi de fundamental importância. Então não senti tanta pressão nesse sentido.

E agora com a disputa da primeira divisão no horizonte, o que esperar para a próxima temporada?

Nosso projeto tem mais de uma década no voleibol, e é muito sólido. Temos o propósito de revelar jogadores, dar oportunidades a atletas da região, e, esta volta à primeira divisão nos trará mais visibilidade. Vamos disputar uma competição de um nível de dificuldade ainda maior, mais longo, é um dos principais campeonato do mundo, estamos muito felizes. Queremos dar continuidade a este trabalho e crescer ainda mais com ele