Mikhaylov fala sobre Tóquio, ausência no Europeu e Paris-24
Oposto deu uma longa entrevista e falou sobre os planos para a carreira
Melhor oposto dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Maxim Mikhaylov deu uma longa entrevista ao site local Business Gazeta, nesta segunda-feira. Ele falou sobre a conquista da medalha de prata ao perder para a França na Ariake Arena, sobre o motivo de sua ausência já confirmada no próximo Campeonato Europeu e também sobre os planos para o futuro. Estará o jogador, atualmente com 33 anos, tentando mais uma medalha olímpica em Paris-2024? Mikhaylov já esteve em quatro Olimpíadas e foi ao pódio três vezes, com um ouro, uma prata e um bronze conquistados.
Confira a íntegra da entrevista de Mikhaylov:
A sensação agora é de alegria pela prata ou decepção por não ter alcançado o ouro em Tóquio?
Mais alegria. Esta é uma medalha olímpica, seja ela qual for. Como a grande competição atual do vôlei, ficar entre os três primeiros é uma grande conquista. Mas, é claro, também há uma ponta de decepção.
Depois da Olimpíada, muitos atletas escreveram posts emocionantes no Instagram, nos quais notaram o clima maravilhoso da equipe. Quem o criou?
Em primeiro lugar, esse é um mérito do Tuomas Sammelvuo e de outros assistentes. Em torneios tão grandes, já é difícil ensinar algo aos jogadores, portanto, dicas pontuais e criar um bom ambiente de trabalho são muito mais importantes. Nossa equipe reuniu pessoas com ideias semelhantes que, pelo bem do sucesso, estão prontas para superar a si mesmas, suprimir seu ego. Todas as pessoas da seleção com títulos, com prêmios, mas pelo interesse da equipe estavam prontas para realizar tarefas específicas e mais restritas. O gerente geral Sergei Tetyukhin desempenhou um papel importante na criação desta atmosfera. Ele se comunicava constantemente com os jogadores, explicava a melhor forma de lidar com certas situações e os apoiava. Alguém o abordou para pedir conselhos. Ele é uma pessoa experiente e com muita autoridade, que adiciona confiança com sua presença.
Quando você teve certeza de que a equipe estaria no pódio, Mikhaylov?
Só quando vencemos a semifinal. Tive fé na nossa equipe, no entendimento de que temos uma excelente formação, que só faltava união. Conseguimos. Mas dificilmente qualquer time do vôlei mundial agora pode ter certeza do resultado. Essa Olimpíada trouxe muitas surpresas. O bronze da Argentina se destaca. Poucos esperavam que eles saíssem de nosso grupo forte, mas no final os argentinos deixaram os americanos para trás. Eles mereciam o bronze: mostraram um voleibol estável e de alta qualidade, muitas vezes venceram adversários fortes.
E a final contra a França?
Eles mostraram um voleibol de altíssima qualidade. A França estava entre as cinco ou seis favoritas do torneio, mas teve a melhor segunda metade das Olimpíadas. Eles também ultrapassaram o principal favorito, a Polônia, e nos venceram duas vezes. Resta apenas homenageá-los. Eles estavam muito fortes.
Você deve ter ficado triste por Ngapeth não jogar assim Zenit Kazan, não?
Nunca ninguém duvidou que o Earvin é um grande jogador, um dos melhores do mundo. Ele também mostrou o nível mais alto em Kazan, mas nem sempre o manteve. Na seleção francesa, ele está em casa. Ele está confortável, está confiante em si mesmo e por isso mostra o mais alto nível. Obviamente, no Zenit não se sentia tão confortável como na seleção nacional.
Qual era o seu principal desejo após a final olímpica?
Voltar o mais rápido possível para casa e ver a família. Neste verão, a comunicação com minha esposa e meu filho foi principalmente por vídeo, senti muita falta deles. Meu filho ficou muito feliz com a nova medalha. Ele assiste aos jogos, se preocupa, talvez até siga meus passos. Agora o maior desejo é viver uma vida normal, sem regime. Dar um passeio, aproveitar as férias, me recuperar.
É fato que você não jogará o Campeonato Europeu. Por quê?
Por motivos médicos. Este não é um descanso, mas uma pausa forçada. Mesmo durante o período de treinamento antes das Olimpíadas, estava claro que eu precisaria de tratamento médico após retornar de Tóquio.
Você uma vez disse que recebeu uma oferta para jogar no Japão. Depois das Olimpíadas, você teve vontade de ficar mais tempo no país?
Seria interessante. O Japão é um país interessante para se viver e o voleibol é muito popular lá. Nesse sentido, é uma pena que tenhamos jogado nas Olimpíadas com as arquibancadas vazias. Tenho certeza de que estaria lotado. No futuro, não excluo essa possibilidade, mas também não me esforço por isso. Ainda associo o meu futuro ao Zenit Kazan.
Nas Olimpíadas de 2012, você prometeu nadar no lago se vencesse – e cumpriu sua promessa. O que foi combinado para Tóquio?
Kliuka prometeu raspar a barba se vencêssemos. Aparentemente fica para a na próxima vez.
Agora você tem um conjunto completo de medalhas olímpicas. Qual foi o mais difícil de conquistar, Mikhaylov?
Londres. Foi especialmente difícil lá, porque no início do torneio tive que jogar com uma lesão. Em geral, a equipe estava cheia de lesionados. Tudo estava contra nós, mas vencemos – o que torna essa vitória significativa.
Existe algo em comum entre aquela equipe e a atual?
São times completamente diferentes, diferentes gerações de jogadores. Nove anos atrás, o vôlei em si era completamente diferente, como muitos campeões de Londres admitem. O jogo ficou mais agressivo, a velocidade aumentou.
Em Pequim, você era o jogador mais jovem da equipe, agora é o mais experiente. Nestes 13 anos você se tornou um jogador diferente?
Certo. Acho que então dei ênfase à força física. Com a experiência fui me tornando mais versátil, passei a analisar melhor meu jogo, a entender as sutilezas técnicas e táticas. Psicologicamente também ganhei muito, embora ainda esteja longe de ser perfeito. Como me sintonizar corretamente com o jogo, a melhor forma de sobreviver a um momento ruim – tudo isso é muito importante. Estou constantemente trabalhando nisso. Bem, em termos de profissionalismo, sou diferente agora. Na juventude, não seguia tanto a dieta e o regime corretos.
Nas Olimpíadas de 2024, você terá 36 anos. Estará em Paris, Mikhaylov?
Se me sinto bem, se estou saudável e motivado, se sou procurado, porque não? Mas não quero pensar tão longe ainda. Prefiro viver a próxima temporada.
No Zenit, Micah Christenson e Dmitry Volkov serão seus novos companheiros de equipe…
No papel, são atletas muito fortes em suas posições. Se no Zenit conseguirem mostrar o seu nível, então temos uma boa equipe pronta para o combate. Tudo depende de nós. Se conseguirmos formar uma equipe com um bom ambiente, tudo correrá bem.