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Coluna - Destaques - Seleção Brasileira - 12 de setembro de 2022

O bronze tem, sim, o seu valor

Análise de Daniel Bortoletto sobre o resultado do Brasil no Campeonato Mundial


O Mundial masculino de vôlei terminou com o Brasil no pódio. Não no lugar mais alto, é verdade. Mas nem por isso a medalha de bronze deve ser vista de forma negativa. Muito pelo contrário.

Sei que muita gente sequer vai chegar ao fim do texto depois de ter lido o título e as primeiras linhas. Para os defensores de que o “segundo colocado é o primeiro dos últimos”, imagine então ser o “segundo dos últimos”? Inadmissível para eles, né! Para mim, o inadmissível é a linha de pensamento de que um bom resultado é somente o de campeão. Será que nada e ninguém prestam sem uma medalha dourada no pescoço?

No vôlei masculino atual, analistas, atletas e ex-atletas, por aqui e em outros países, tem tratado o cenário como o mais parelho das últimas décadas. E realmente existe um equilíbrio de forças não apenas no discurso. Os resultados mostram na prática.

Pouco mais um ano atrás, o pódio olímpico teve França, Rússia e Argentina. No Mundial, as medalhas ficaram com Itália, Polônia e Brasil. Seis seleções diferentes. Se quiser ir além, acrescente a prata dos Estados Unidos na última Liga das Nações. E teremos sete países espalhados pelos pódios em um ano, nas três principais competições do calendário internacional.

Dito isso, o terceiro lugar também não pode servir para transformar o Brasil nas “mil maravilhas”. Na minha lista de favoritos ao pódio, antes do Mundial, eu não havia colocado a Seleção. E falei isso nas lives do Web Vôlei. Ganhar o bronze foi uma surpresa agradável para um time que deixou a desejar na VNL.

Ainda temo pelo processo de renovação a curto prazo. O Brasil, ao fim da disputa pelo bronze com a Eslovênia, tinha em quadra Bruninho (36 anos), Wallace (35), Leal (34), Lucão (36) e Thales (33). Abaixo dos 30, apenas Flávio (29) e Adriano (20), que jogou no lugar de Lucarelli (30), lesionado. Acrescente dois anos a todos eles até a Olimpíada de Paris-2024 e reflita.

Como equilibrar um difícil processo de transição entre as gerações com a manutenção dos bons resultados? Renan Dal Zotto precisa buscar essa resposta.  Hoje, o trabalho dele ainda peca neste quesito.

Por Daniel Bortoletto