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Destaques - Entrevista - 13 de fevereiro de 2019

Jaqueline descarta aposentadoria e fala na volta às quadras


Em entrevista ao LANCE! nesta quarta-feira, a bicampeã olímpica Jaqueline voltou a descartar a aposentadoria do vôlei após a temporada sabática.

Aos 35 anos, ela acredita ainda ter condições de render como ponta, mas não descarta também atuar como líbero.

Abaixo a entrevista da jogadora:

Como tem sido sua rotina? O que tem procurado fazer nos últimos meses e quais são seus planos para 2019?
Minha rotina tem sido de treinamentos. Para não perder meu físico, comecei a treinar na areia. Acho que isso tem me ajudado muito no dia a dia. Como as equipes de quadra estão em competição, no final do segundo turno, fica ruim ter que treinar com elas. Preferi treinar na areia, onde consigo me manter. Estou aproveitando bastante, fazendo outros tipos de trabalho, outros projetos e aproveitando bastante com meu gatinho, meu filho e meu marido. Durante os cinco anos que tive o Arthur, eu e o Murilo ficamos muito ausentes pela rotina de Seleção e clube e acho que está sendo super importante para essa fase de crescimento dele.

O que está achando da atual Superliga? 
Eu acho que tem sido uma Superliga muito equilibrada. Uma das mais equilibradas dos últimos tempos. Equipes que teoricamente estariam em oitavo ou nono estão ganhando das que estão nas primeiras posições. O São Caetano aprontou contra o Praia Clube esses dias, por exemplo. Surpresas podem vir e ainda vão acontecer. Acredito muito que teremos equipes que ninguém imaginou entre os oito melhores. Destaque acho que são as equipes, como o Dentil/Praia Clube e o Itambé/Minas, que vêm crescendo, evoluindo e demonstrando isso no decorrer do campeonato. Acho que essas duas equipes vão acabar brigando, mas como eu falei, podem sim haver surpresas, podem sim ter outras equipes disputando uma final de Superliga, porque está muito equilibrada.

A pausa no vôlei ajudou a definir melhor seu futuro após o vôlei? Já sabe a que vai se dedicar e como?
Essa pausa com certeza está me ajudando a decidir o que eu vou fazer pós-voleibol. Tenho muitos sonhos e projetos que realmente são difíceis de colocar em prática. Nada acontece de uma hora pra outra. Leva algum tempo. Mas eu gosto muito do meio do entretenimento, de entrevistar, de brincar, de interagir com as pessoas que estou entrevistando. Tenho muito o sonho de ser apresentadora. Então tem muitas coisas sim que vão me fazer crescer fora do voleibol. Tenho curtido muito esse momento.

No ano passado, você chegou a declarar que ainda queria jogar alguns anos como ponteira e depois, quem sabe, poderia se tornar líbero. Hoje, o pensamento ainda é o mesmo? Está determinada a voltar a atacar?
Sim, eu tenho condições totais de jogar como ponteira passadora. Até porque eu não sou uma ponteira de fazer 30 pontos por jogo, mas sou uma jogadora de volume, que ajudo muito ali no fundo de quadra. Consigo fazer de tudo um pouquinho. Mas se eu quero estender minha carreira, com certeza eu também, graças a Deus, tenho condições de jogar como líbero. Como fiz essa função a minha vida inteira, de ajudar no passe e na defesa, se eu trocasse de posição hoje, seria bem tranquilo. Quando eu comecei a treinar na Seleção, eu adorei, estava amando, mas acho que tenho de dar continuidade. Então, na próxima temporada, pode ser de líbero ou de ponteira. Só Deus sabe agora.

Em 2019, a Seleção tem um ano importante, com o Pré-Olímpico. E precisa se reestruturar depois de um 2018 sem grandes resultados. Como você imagina que vai vir o Brasil? Quais as nossas chances em Tóquio-2020?
É difícil, pois foi um ano de trocas, de jogadoras mais experientes saindo da Seleção. Acho que isso não ajudou muito essa Seleção, que vem toda nova. Então, seria importante ter algumas jogadoras mais velhas sim, para poder ajudar no crescimento das meninas que estão chegando agora. Como foi o processo na minha época. Tive jogadoras mais velhas que me ajudaram muito, isso faz toda a diferença.

Jaqueline comemorando com Fabiana (Divulgação)

Muitos técnicos, inclusive o Zé Roberto, têm dito que o Brasil vive uma entressafra de jogadoras de talento, mas acreditam que no futuro próximo o país voltará a ter material humano em maior quantidade. Você concorda? Vê talentos aparecendo? O que precisa ser feito para que essas meninas se tornem tão bem sucedidas quanto você, Sheilla, Paula, Mari e cia?
A nossa geração foi maravilhosa. Tínhamos jogadoras com talentos individuais e em grupo, mas, dentro de quadra, uma completava a outra. Demos muito trabalho para as outras Seleções. Acho que isso que fez a diferença na nossa. Não a toa temos o bicampeonato olímpico. Na geração atual, poucas meninas tiveram a oportunidade de acompanhar a nossa e jogar com jogadoras como Sheilla, eu, Fabi, Mari, enfim, atletas que vêm de um processo de anos de levar a Seleção ao topo. A alta responsabilidade e cobrança em cima das novas meninas tem dificultado o trabalho. Mas acredito sim que teremos mais material humano para que a nossa Seleção possa voltar ainda mais forte que a da nossa geração.

No vôlei, assim como em outros esportes, é normal que grandes ídolos repensem decisões. Na vela, Robert Scheidt acaba de anunciar que vai tentar ir para sua sétima Olimpíada, depois de ter cravado a aposentadoria. Se você voltar muito bem a um clube e for convocada, pode defender o Brasil?
Bom, nunca sabemos o que vai acontecer no futuro. Quando eu saí da Seleção, nunca fechei as portas. Assim como em todos os outros lugares da minha vida. Até porque não sabemos o dia de amanhã. Tem muitas jogadoras que anunciam a aposentadoria e depois voltam. Acho que o mais importante é você estar disposto caso aconteça algo, estar pronto para ajudar. Se eu voltar bem, tenho muita disponibilidade de ajudar o Brasil. Eu amo vestir a camisa da Seleção. Todos esses anos eu vesti com amor, muito amor. E até hoje sinto muita falta quando vejo os jogos da Seleção e as meninas. Mas esse momento de ausência foi importante para eu estar com a minha família e assistir ao crescimento do Arthur. Mas nenhuma porta está fechada.

São Paulo ainda é sua preferência caso volte a jogar na próxima temporada?
Com certeza, mas hoje eu repenso sobre outros países e outros estados. Esse tempo que tenho agora está sendo muito bom. Estou aproveitando, o Arthur pode ficar comigo e isso será super importante. Caso eu tenha de me ausentar e ele possa ficar com o pai ou comigo, acho que ele vai entender esse momento, já que a nossa vida como atleta é limitada.

Treino com Mari nas areias (Reprodução Instagram)

E como tem sido manter a forma no vôlei de praia? Esta pode ser uma opção na sua carreira de atleta?
O vôlei de praia era uma brincadeira séria. Eu queria ficar em forma e sem precisar de uma equipe técnica tão grande quanto na quadra. A areia foi uma opção mais fácil. Estou curtindo muito jogar na areia e tem me ajudado a manter a forma. Foi quando eu liguei para a Mari, que também está sem jogar esse ano e se preocupa em estar em forma. Nós fomos treinar em uma quadra de areia, inclusive com jogadoras do Campeonato Paulista, que nos receberam muito bem. Estou curtindo, mantendo minha forma, não deixando de jogar voleibol e fazendo o que eu gosto, que é unir o útil ao agradável. E aprendendo um pouquinho do vôlei de areia, porque não é nada fácil.

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