Índio sobre a depressão: “Não tinha mais vontade de jogar”
Levantador ficou bom tempo afastado do Montes Claros América
O levantador Índio, do Montes Claros América, tenta recuperar seu melhor vôlei depois de um período de altos e baixos causado pela depressão. O jogador retornou ao grupo na Superliga Masculina 1XBet depois de mais de 60 dias de afastamento por causa do problema.
– Não tinha mais vontade de jogar. O Montes Claros me deu todo o suporte, mas eu ouvia a palavra ‘vôlei’ e começava a tremer. Antes da terapia e dos remédios, eu acreditava que não pisaria novamente em uma quadra – contou Índio, de 32 anos, em entrevista ao “Flashscore“.
Com experiência dentro e fora do Brasil, incluindo passagens por Hungria e Sérvia, o atleta enfrentou diversos dramas nos últimos dois anos, em meio à pandemia Após sofrer problemas de saúde, ele teve de lidar com atraso de salários e a insegurança sobre sua carreira. Além disso, sua esposa, com covid-19, foi internada em estado grave e correu risco de morte.
– Foi algo que nunca imaginei que fosse passar. Tenho pessoas com depressão na família e achava algumas atitudes exageradas. Sempre fui um cara participativo, com postura de líder e positividade. Até pelo meu perfil, era algo que eu não esperava. Não queria fazer mais nada, nem ver ninguém – disse Índio, preocupado diariamente em tirar lições dos episódios causados pela depressão.
– Aprendi que não preciso absorver muita coisa, devo falar o que penso e expor minha opinião. Tenho um melhor cuidado com sono e alimentação, faço rotinas de mentalização que me ajudam. Quero voltar a alcançar meu melhor em quadra. Foi preciso perdão e aceitação para me reerguer, dar um outro sentido para os traumas do passado e trazer as coisas boas para o presente – completou o jogador.
O técnico Marcos Pacheco lembrou do processo para recuperar um de seus principais jogadores. Mesmo após retornar, Índio chegou a pedir para se ausentar de uma partida recente por não se sentir seguro e foi atendido pela comissão.
– Ele fez falta, é um jogador que conhece bem a Superliga. Eu o coloquei como capitão quando cheguei, ele veio para ser um dos pilares do time. Pelo convívio que temos com os jogadores, identificamos que ele não estava bem e a situação ultrapassou o meu conhecimento. Procuramos um especialista para ajudá-lo, que nos orientou a deixá-lo de fora das atividades por um período indeterminado. Aos poucos, ele foi retomando a parte física, inicialmente afastado dos outros jogadores, no tempo dele, para que pudesse se sentir seguro. Não poderíamos apressar nada – contou Pacheco.