Campeão mundial, europeu, asiático: perigos do grupo do Brasil
Opinião de Daniel Bortoletto sobre o grupo da Seleção masculina no Pré-Olímpico
Não gostei do sorteio do grupo do Brasil no Pré-Olímpico masculino. E vejam bem o verbo usado neste primeiro parágrafo: gostar. Minha opinião, a partir de alguns argumentos que julgo relevantes para a formação de um linha de pensamento e análise. Você tem todo o direito de discordar. Basta ter respeito e argumentos, coisa cada vez mais rara na internet, local onde o verbo “lacrar” ganha espaço.
Em busca de duas vagas em Paris-2024, a Seleção Brasileira terá pela frente a Itália, atual campeã mundial e europeia. Os dois títulos conquistados pela Azzurra nos últimos anos me fazem colocar essa atual geração de Giannelli e Michieletto como a melhor do país neste século. A Itália tem aprendido a ganhar e isso faz uma diferença enorme no cenário internacional, trazendo a confiança dos grandes campeões. Entre as opções que o sorteio oferecia, eu preferia enfrentar os Estados Unidos.
O Irã é o atual bicampeão asiático. No top 10 do ranking mundial, o time traz uma característica em especial que me preocupa: não respeita muito a tradição ou a história do outro lado da quadra. Até por isso, é uma seleção que coleciona tretas em jogos contra times grandes, como Brasil e Polônia. E esse lado de buscar desestabilizar o rival pelo viés mental certamente será uma arma do bom time iraniano, diga-se de passagem.
O Maracanãzinho, palco de grandes duelos da história do vôlei nacional, ainda terá pela frente um Brasil x Cuba. No Mundial de 2022, estreia na competição, a Seleção Brasileira teve enormes dificuldades para vencer de virada: 31-33, 21-25, 25-16, 25-17 e 18-16. Qualquer time do mundo vai entrar com respeito contra Simon, Lopez, Herrera, Yant & Cia. Time físico, com saque poderoso e sem ter o que perder em um duelo fora de casa com o Brasil. Carne de pescoço, como diz o antigo ditado.
A caminhada brasileira no Pré-Olímpico ainda terá três europeus do segundo escalão: Ucrânia, Alemanha e República Tcheca. Os ucranianos foram uma das surpresas do último Mundial, chegando até as quartas de final e mostrando ser mais do que a seleção do ponteiro Plotnytskyi. Alemães e tchecos vêm de uma escola de jogo baseada na altura no bloqueio, potência física e muita força, inclusive com título mundial em um passado distante para ambos. Anos atrás, Bernardinho usava o termo “mina vagante” para adversários que muitos dão de ombros por não serem nomes da moda, mas com potencial para apontar uma surpresa. Que não seja no Maracanãzinho! O sorteio oferecia opções bem mais acessíveis, como Egito, México, Tunísia…
Já o Qatar é quem menos tem tradição e capacidade para surpreender.
Dito isso, acredito em uma campanha difícil no Pré-Olímpico masculino para o Brasil, sem espaço para tropeços, mas ainda com status de favorito. Jogar em casa será um baita diferencial.
Por Daniel Bortoletto