Adriano: “Se você acredita, já é o suficiente para encarar desafios”
Confira a entrevista com o ponta do Vôlei Renata e da Seleção Brasileira
O ponteiro Adriano teve um início meteórico no vôlei. Com a camisa do Vôlei UM Itapetininga, participou de uma das maiores surpresas recentes da Superliga, na temporada 2020/2021, ao eliminar o Sada Cruzeiro nas quartas de final, no duelo de primeiro x oitavo colocados.
Agora, aos 22 anos, o jogador do Vôlei Renata já mudou de patamar. Fez parte de todo o ciclo olímpico com a Seleção Brasileira e está na briga por um lugar em Paris-2024.
Nesta conversa com o Web Vôlei, Adriano falou sobre o momento, os pontos de melhoria do seu jogo, como lida com as críticas, sobre a busca por uma reação do time campineiro na temporada 23/24 e o sonho olímpico.
– Qual balanço você fez de 2023 e quais aspectos (físico, técnico, mental…) você está mais focado em crescer em 2024?
2023 foi um muito diferente pra mim, vivi muitas experiências novas. Estou trabalhando todos esses aspectos, tudo leva tempo, às mudanças não ocorrem da noite para o dia e aos poucos venho obtendo resultados.
– Em transmissões de jogos recentes, analistas apontam a necessidade de ganho de potência muscular para melhorar suas performances, principalmente em nível internacional. Concorda com isso? Se sim, como vem trabalhando esse ponto?
Já faz algum tempo que os “analistas” comentam sobre isso e aos poucos o trabalho que vem sendo realizado tem mostrado seu resultado. Nenhuma evolução ocorre da noite para o dia, tudo é uma construção e leva tempo. E estou evoluindo dentro das minhas características e sigo trabalhando tanto a parte física quanto a técnica para continuar buscando meu espaço.
– A temporada passada foi uma das mais exigentes para atletas selecionáveis, por conta do Pré-Olímpico e Pan, competições que só se disputam de 4 em 4 anos. Para você, quais foram os principais aprendizados que ficaram desta última temporada?
Ano passado foi um ano extremamente puxado, momentos bons e momentos ruins. Eu tive muito tempo com os atletas de mais alto nível brasileiro, então eu pude acompanhá-los mais no dia a dia, receber dicas, ter uma visão diferente para aprimorar meu voleibol. Aprendi que independentemente da situações não devemos desistir jamais, mesmo que ninguém acredite em você. Se você acredita, já é o suficiente para encarar os desafios.
– A temporada do Vôlei Renata ainda está aquém do esperado. Como vocês estão lidando, no dia a dia, com esse cenário?
O time sofreu reformulações em algumas peças de uma temporada para outra, ainda procura sua melhor forma é só vamos conseguir ir no nosso dia a dia com o trabalho.
Está confiante em uma reviravolta?
É claro que sim. Sei o quanto trabalhamos, sei o quanto queremos resultados melhores e tudo pode acontecer, nada está perdido.
– Atletas de alto rendimento costumam ter muita autocrítica. Você é um destes que se cobra muito, Adriano? Você se considera seu principal crítico?
Sim, com toda certeza. Quem está comigo no dia a dia sabe o quanto eu me cobro. Acho que todo atleta deveria fazer uma análise e autocrítica de si mesmo, acho que isso que nos permite saber o que precisamos evoluir.
– Neste quesito cobrança, como você lida com haters de redes sociais? Infelizmente, no vôlei, como um retrato da sociedade, os limites da civilidade tem sido quase sempre ultrapassados.
Infelizmente a internet é uma terra sem lei, as pessoas acham que podem dizer tudo que querem e acabam fazendo. Sem nem saber como é o dia a dia do atleta, acham que estão no direito de fazer comentários simplesmente por verem um jogo. Acaba sendo difícil não ver os comentários porque, querendo ou não, estão ali. Mas eu penso: essas pessoas não me conhecem, não sabem do meu dia a dia, não sabem da minha vida e não vão me agregar nada e alguns não tem nem coragem de comentar a própria conta (criam perfis fakes), então deixa pra lá. Eu sei quem são as pessoas que me apoiam e incentivam!
– Por fim, questões mais voltadas para a Olimpíada. Ela costuma ser o sonho de 9 entre 10 atletas. Como é pra você? Qual a sua primeira memória olímpica? E como imagina que será essa Seleção em 2024 com a entrada do Bernardinho?
Olimpíada é o sonho de qualquer atleta. É o topo do topo! Eu era muito novo em 2012, então não lembro muito da Olimpíada, mas hoje em dia sei bastante sobre. Na Rio-2016, eu acompanhei tudo, foi no ano seguinte, 2017, em que eu decidi sair de casa para me dedicar ao vôlei. Eu nem fico pensando muito em como será, eu só quero estar lá, me dedicando, aproveitando, vivenciando cada momento. E para isso, preciso focar no presente e continuar trabalhando.