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Análise: lista da Seleção feminina esclarece várias dúvidas

Daniel Bortoletto analisou a convocação de José Roberto Guimarães


A esperada convocação de José Roberto Guimarães, nesta quarta-feira, foi bem esclarecedora. Mesmo ainda sem as jogadoras de Itambé/Minas e Dentil/Praia Clube, além de algumas “estrangeiras”, a lista com 11 nomes deixa mais nítido o caminho da Seleção Brasileira feminina para a Liga das Nações e, na sequência, as definições para os Jogos Olímpicos de Tóquio.

Para a VNL, Zé Roberto deve levar entre 16 e 18 jogadoras, já que competição na bolha de Rimini, na Itália, permite apenas 25 pessoas por delegação. Na Olimpíada, como já repetido em verso e prosa nos últimos meses, serão apenas 12 jogadoras e certamente haverá muita dificuldade para a escolha final em algumas posições. As dúvidas, que ainda existem, serão tiradas na VNL, a única competição pré-olímpica.

Para facilitar o entendimento, vou dividir por posição, com as já convocadas e quem em breve será chamada, para incluir meus pitacos:

LEVANTADORAS
Roberta
Dani Lins

Sem surpresas nesta posição. O terceiro nome desta lista é incontestável: Macris. A minastenista é a titular da Seleção e nome certo em Tóquio. A briga fica entre Dani, mais experiente, e Roberta, presença mais constante neste ciclo olímpico.

OPOSTOS
Tandara
Lorenne

Ninguém ficou surpreso com os dois nomes. Foram elas as jogadoras mais utilizadas por Zé antes da pandemia. Tandara é vista como peça-chave na espinha dorsal da Seleção, enquanto Lorenne ganhou espaço em 2019, porém, não repetiu na atual Superliga a mesma performance. Terá de evoluir na temporada de seleções para se garantir. E a Sheilla? A bicampeã olímpica está abaixo tecnicamente das demais no momento. E, mesmo sendo uma liderança positiva, algo procurado e valorizado por Zé Roberto para Tóquio, além de toda a experiência, Sheilla hoje não é a mesma do auge icônico. Quem pode ter uma chance merecida de ser convocada é Bruna Honório, atualmente na Polônia, até como prêmio por ter voltado ao alto nível depois da cirurgia cardíaca em 2019, quando havia acabado de ser chamada para a Seleção.

PONTA/OPOSTO
Rosamaria

Separei desta forma respeitando a forma com que a própria CBV tratou na nota oficial. Rosa vem de duas temporadas na Itália jogando na saída de rede. É assim que ela se sente melhor e rende mais. Em um cenário olímpico, vejo a disputa dela com Lorenne pela vaga, com o bônus de poder fazer uma dupla função em uma necessidade qualquer, por exemplo, como Tandara e Natália já fizeram.

PONTAS
Ana Cristina

Ver uma menina de 16 anos nesta lista é algo de suma importância em um processo de renovação sempre difícil. E Ana Cristina merece a oportunidade pela Superliga feita pelo Sesc RJ Flamengo, sua primeira jogando efetivamente. Hoje não a vejo apenas como uma jogadora para o futuro. Ela provou ter personalidade, jogo, já é uma realidade e pode ser o fator surpresa que todo técnico sonha em um ano importante. Será preciso testá-la, na Liga das Nações, para ver a reação em um cenário competitivo bem diferente da Superliga. Nas próximas convocações, dois nomes são certos para a posição: Gabi, do Vakifbank, e Natália, do Dínamo Moscou. E um nome esperado por 9 entre 10 torcedores é o de Fernanda Garay, que sempre colocou em dúvida sua presença em Tóquio. Se ela tiver sido convencida por Zé a jogar outra Olimpíada, será um enorme reforço para a Seleção. Já uma ausência me surpreendeu. Achei que Amanda, por ter sido presença constante neste ciclo, fosse aparecer ao menos nesta lista inicial.

CENTRAIS
Adenízia
Bia
Mayany

Não existe uma posição com uma briga tão acirrada quanto essa nas seleções feminina e masculina do Brasil. Zé Roberto certamente terá uma enorme dor de cabeça para definir as “olímpicas”. Pela limitação de 12 nomes, as centrais devem ocupar três. Do trio já convocado, nenhuma tem vaga cativa, na minha visão. Das três, Mayany foi a mais destacada na Superliga, voltando para a briga. Quando a convocação for complementada, teremos Thaísa, Carol e Carol Gattaz incluídas. Na lista de 10 entre 10, Thaísa é nome certo com folga. É a melhor jogadora em atividade no Brasil nos últimos dois anos e faz a diferença em todos os fundamentos. Carol vem crescendo de produção e tem mostrado um espírito de liderança importante, enquanto Gattaz faz as melhores temporadas da vida nestes últimos anos de Minas e merece estar de volta. Zé tem diversas características disponíveis para montar um trio de respeito.

LÍBEROS
Camila Brait
Nyeme

Tóquio é a Olimpíada de Camila Brait. E talvez a próxima, em Paris, seja a de Nyeme caso ela continue evoluindo e, agora, ganhando experiência internacional para se firmar como selecionável. É possível ter um terceiro nome chamado, mas não acredito em mudança drástica de cenário, uma vez que Léia já havia avisado de que não brigaria pela vaga olímpica.

Por Daniel Bortoletto