APAV se despede de 2024 com partida entre alunos e professores
Projeto social da APAV oferece aulas de voleibol a deficientes auditivos
A Associação de Pais e Amigos do Vôlei (APAV) celebrou, na última semana, o encerramento de mais um ano de atividades sociais e afirmativas em Canoas (RS). O projeto, que completou quatro anos em 2024, oferece aulas de voleibol a alunos com deficiência auditiva, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Bilíngue para Surdos Vitória, no bairro Mathias Velho.
O encerramento das atividades foi marcado por um jogo entre todos os alunos participantes do programa e alguns professorses. O resultado ninguém se lembra, mas a festa ficará para sempre no coração dos envolvidos. O projeto foi interrompido em maio, por conta das fortes chuvas no RS, e retomado em agosto.
A iniciativa da APAV tem por objetivos promover inclusão social e esportiva, desenvolver habilidades cognitivas e motoras, aumentar a autoestima e a confiança e criar oportunidades de socialização.
– Essas aulas trazem mobilidade, um ‘extra’ que significa vida para eles. E para mim, que estou envolvido. As horas com eles ‘zeram’ o que puder ter acumulado de ruim na semana – conta o professor de Educação Física Jonathan Padilha.
A prática semanal, todas as quartas-feiras, abrange alunos entre oito e 17 anos, alguns com dificuldade motora, outros com autismo e todos com déficit auditivo em algum grau.
Conforme o professor, “a inclusão é total, encaixando todos nas atividades lúdicas propostas”. A afirmação é comprovada com um simples olhar nos rostos felizes das crianças e adolescentes, imersos no jogo.
Metodologia do projeto
Jonathan relata que toda quarta-feira, durante aproximadamente duas horas, ele dá sua aula, comunicando-se verbalmente e fazendo uso da Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). O enfoque das aulas é a socialização e o aprendizado da mecânica do voleibol, com diversão em vez de competição.
Segundo a orientadora pedagógica da Escola Vitória, Ana Luísa Nunes, os benefícios são notáveis, e incluem aumento da autoconfiança, desenvolvimento da comunicação não verbal, integração social com outros alunos e melhora da coordenação motora.
– A Vitória é uma escola para alunos surdos e de tempo integral, então necessitamos oferecer diversas atividades do cotidiano para que eles consigam se desenvolver como pessoas inseridas na sociedade. É necessário oferecer outro tipo de linguagem, porque só o conhecimento acadêmico não basta ao aluno surdo – explica Ana Luísa.
Os olhos apertados dos alunos denunciam a falta que sentirão das aulas e do convívio com colegas e professores, e a torcida para fevereiro chegar logo, trazendo a volta dessa atividade, será grande.
Sonho antigo
Levar a APAV até a Escola Vitória era um sonho do fundador da APAV, Almir Beltrame Filho (falecido em 2023, aos 62 anos). Ele costuma dizer que “não há conquista maior que tirar um sonho da cabeça e vê-lo crescer”, e foi o que fez ao criar a APAV e levá-la até a Vitória, entidade com a qual já contribuía em outras ações, e que passou a ajudar diretamente os alunos envolvidos no projeto das aulas de voleibol.
Quinta edição já garantida
Esta 4ª edição do projeto tem a duração de 12 meses. Mas, Gustavo Endres lembra que a 5ª edição já está garantida.
– O mais bacana é que todo mundo está feliz, nós e os parceiros que continuam a acreditar no nosso projeto. Já está tudo aprovado no Ministério do Esporte e estamos em fase de captação. Agora, o céu é o limite – reforça o coordenador da APAV.
A associação desenvolve projetos para as categorias de base desde 2021, após ter as atividades suspensas em virtude da pandemia da Covid-19. As aulas ocorrem às terças e quintas-feiras no Centro Olímpico Municipal, bairro Igara, em três horários para cada naipe. Já a turma da Escola Vitória tem atividades às quartas-feiras.
Referência no vôlei
Este não é o único projeto da APAV para a gurizada. Está em funcionamento desde 6 de setembro o Vôlei Transforma, com aulas às segundas, quartas e sextas no Ginásio do Sindicato dos Metalúrgicos, no Centro, para categorias mistas Pré-Mirim, Mirim e Juvenil. Ainda há núcleos em Passo Fundo e Marau.
– Canoas foi, por muitos anos, a cidade do vôlei, com suas equipes adultas (Ulbra e a própria APAV). Agora, queremos ser referência nas categorias de base – conclui Endres.
O projeto Escolinhas de Base APAV Vôlei – 4ª Edição é uma conquista da Associação dos Pais e Amigos do Voleibol (Apav) por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, do governo federal, sendo desenvolvido pela Idealize e tem o apoio das empresas Ultragaz, InBeta, Rede Buffon, Web Group, Panfácil, Unimed Porto Alegre, Mesasul Cestas Básicas, Zaffari e AGCO.