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Destaques - Entrevista - 12 de agosto de 2020

Bruninho: “Espero que a pandemia torne a humanidade mais empática”


Em entrevista ao narrador Luís Roberto no programa Chamada Olímpica, do Globoesporte.com, o levantador Bruninho falou das dificuldades de ter enfrentado duas quarentenas – uma na Itália e outra no Brasil -, comemorou seu retorno ao país para defender o EMS/Taubaté/Funvic, comentou o grupo brasileiro em Tóquio-2020, falou dos desafios de voltar a treinar após quase quatro meses parado e revelou as conversas como os amigos Gabriel Medina e Neymar durante o isolamento.

Leia abaixo alguns trechos da entrevista:

MANTER O NÍVEL ALTO 

Acho que é fruto de uma mentalidade, uma filosofia, liderada, de certa forma, quando meu pai entrou na seleção. E os jogadores compraram essa ideia, de muito trabalho, dedicação, sacrifício. Assim como é o povo brasileiro. A responsabilidade da geração que veio em seguida era sempre essa, manter o Brasil sempre no pódio, chegando em finais.

ITÁLIA

Foram 4 temporadas e meia no Modena e duas no Lube (Civitanova). Foram anos de amadurecimento, morar sozinho, se adaptar à nova cultura, fazer novas amizades… Foram anos incríveis. A Itália é a minha segunda casa.

DUAS PANDEMIAS

O início era incerto e as pessoas não deram o devido valor, as pessoas não entendiam muito bem o que estava acontecendo. No final de fevereiro tinham mais de 10 mil pessoas no ginásio em Bolonha, na final da Copa Itália, no meio da Itália, já tinha sido um risco. A aí nos dias seguintes o campeonato foi paralisado, jogamos com portões fechados, jogamos com portões fechados, uma experiencia que acho que vamos ter de nos acostumar nesse início. A aí a Itália virou o epicentro da epidemia, fiquei 35 dias em lockdown total, comecei a ficar um pouco preocupado, porque a gente via as fronteiras fechando vi voos sendo cancelados, fiquei realmente chateado, frustrado, ansioso. Mas fui me acostumado. Voltei para o Brasil, em abril, cumpri também uma quarentena de 14 dias. Eu espero que a gente tenha aprendido com tudo isso, que a humanidade seja mais empática com as pessoas que a gente tem em volta, tenha mais compaixão. Que tudo isso sirva de lição para todos nós.

TAUBATÉ

Minha ideia era voltar para o Brasil depois de Tóquio, queria estar perto da minha família neste momento. Aí a Olimpíada foi adiada, mas estou feliz, porque venho para um projeto vencedor, com um time de grande talento, grandes amigos ao meu lado, de certa forma grande parte da seleção está aqui e podemos entrosar para a seleção para o ano que vem. O time tem muitos projetos sociais envolvidos, então é algo que me fez escolher Taubaté nessa volta. Estou feliz e motivado. Estamos seguido os protocolos e voltando aos poucos a fazer o que a gente ama, que é jogar vôlei.

ADIAMENTO DOS JOGOS

Tento encontrar o lado positivo das coisas, o copo meio cheio. Claro que com essa pandemia fica difícil, mas ganhamos mais uma no para nos preparar e chegarmos melhor física, técnica e emocionalmente também.

AMIGOS MEDINA E NEYMAR

Conversamos bastante, na época que eu estava na Itália, nos falávamos sempre. O Ney ainda estava na França, em Paris, logo no início. O principal afetado foi o Gabriel. Era um ano que seria especial para ele, a primeira Olimpíada. Estava muito focado em relação ao Mundial quando tudo parou. E até hoje eles não têm data para a volta do surfe, até porque (o campeonato) acontece no mundo todo. Nós conversamos muito, até dicas de nutricionista que o Gabriel me passou, conversei muito com o Ney. Coisas para nos prepararmos para essa volta. Todos ansiosos, porque somos apaixonados, somos competidores entusiastas, gostamos de competir e sentimos falta disso.

VOLTA AOS TREINOS

Vai ser uma volta sofrida, não vamos conseguir atingir um alto nível como estivemos nas olimpíadas em 2016 ou até mesmo antes da pandemia, em menos de dois ou três meses. Principalmente por conta da parte física, que foi muito afetada. Nunca tínhamos ficado tanto tempo sem o trabalho de musculação, de força. E, depois, a própria quadra, o vôlei depende muito de precisão, entrosamento. Mas temos de ter paciência, é um momento difícil para todo mundo. No fim do ano e nas Olimpíadas, vai estar todo mundo no auge.

GRUPO DA MORTE

Mais uma vez, pegamos um grupo da morte. Mas é a melhor maneira de se preparar. Se você quer ser campeão, chegar à final, é importante desde o início ser testado. Acho que você chega com a casca mais grossa.