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Entrevista - Internacional - Vaivém - 26 de fevereiro de 2020

Bruninho sobre a volta para o Brasil: “Bem encaminhada”


Sensação do dever cumprido na Itália, o desejo de estar mais perto da família e também ajudar no processo de melhoria da Superliga. Com tais pensamentos, o levantador Bruninho organiza o retorno para o vôlei brasileiro na temporada 2020/2021, após ganhar todos os títulos possíveis com o Civitanova nos últimos dois anos. O último deles, no domingo, numa partida épica contra o Perugia na Copa Itália.

Nesta entrevista exclusiva, Bruninho admitiu que a volta para casa está bem encaminhada. O time, logicamente, ele não revela, mas o Web Vôlei apurou ser o EMS/Taubaté o destino do jogador, de 33 anos.

No atual campeão da Superliga, ele poderá reencontrar com boa parte da Seleção Brasileira tanto dentro quanto fora de quadra.  E, neste contato, Bruninho, agora membro da Comissão de Atletas da CBV, espera contribuir em busca de melhorias na organização e gestão do vôlei nacional. Rapha, atual levantador de Taubaté, é o presidente do grupo eleito numa eleição sem concorrentes no fim do ano passado.

Neste papo, antes da volta do Civitanova aos treinamentos, nesta quarta-feira, Bruninho também falou sobre a dinastia em construção pela equipe italiana e o temor pelo coronavírus no país.

Dois jogos, dois tie-breaks, duas viradas. Foi um fim de semana de superação para o Civitanova na Copa Itália?
Foi um final de semana especial. A virada no primeiro dia, com o time demonstrando muita resiliência, sendo valente, em nenhum momento se deu por vencido. No dia seguinte também, saindo atrás, mas se encontrando no jogo. Depois um quarto set com muitos match points perdidos, o time voltou para o tie-break só pensando em cada ponto. Acho que foi um final de semana de altíssimo nível de voleibol. Uma prova de maturidade deste time, que está escrevendo uma história muito bonita aqui no voleibol italiano.

Como define o insano quarto set da final com o Perugia?
Ele foi realmente insano. A gente começou na frente, Perugia virou do meio para o final do set. Nós conseguimos dar uma outra virada, ter algumas bolas para fechar. Fiz uma escolha que acho que no momento não foi a mais certa no 24 a 23. Com o passe um pouco quebrado, quis arriscar uma bola com o Simon. Acabou não dando certo. O jogo foi ficando lá e cá, com os dois times tendo oportunidades. Não foi fácil manter o foco mental ali. Depois de ter muitos match points e perder set, na volta para o tie-break você precisa ter cabeça boa. Foi mais uma prova mental, não só pessoal minha, mas do time para voltar a focar e vencer o jogo.

Italiano, Champions, Mundial, Copa… Vocês, jogadores, comentam entre si sobre essa dinastia sendo construída por este grupo?
Não, a gente não comenta sobre uma dinastia ou nada disso. A gente sabe da qualidade, os títulos logicamente vão dando mais confiança. Nesta segunda temporada todos se conhecem muito mais. A gente sabe da capacidade, reconhece momentos difíceis, consegue sair deles. O time é focado a vencer sempre, mas não existe o papo de dinastia. Só quer entrar no próximo campeonato e vencer.

O fim de semana na Itália foi marcado pelas notícias preocupantes sobre o avanço do coronavírus. Jogos cancelados até 1 de março, incertezas sobre a sequência, quarentena em algumas cidades. Me conte um pouco do impacto de tudo isso para você.
Existe um alarde grande aqui na Itália sobre o coronavírus. Como estamos mais no Sul, na região de Marche, não tivemos ainda nenhum caso aqui. Eles estão concentrados mais no Norte. Já vimos que nosso jogo de domingo, que seria do lado de Milão, uma das regiões mais afetadas, foi cancelado, como toda a rodada. Eu, primeiramente, rezo para que possa ser descoberto como acabar com esse vírus. Estou tentando entender o quanto o alarde é grande ou maior do que é mesmo. Acredito que vá ter um impacto sobre a gente, pois com jogos cancelados o calendário vai ficar ainda mais apertado neste final de temporada. Mas o mais importante agora é estar seguro e fazer tudo para estar 100% seguro.

O staff médico do time fez recomendações para vocês nestes próximos dias? Vocês treinarão normalmente?
Não. O staff médico não fez nenhum tipo de recomendação. Estamos voltando a treinar hoje e teremos algumas medidas para serem tomadas. Já sei que nossos treinos, que são sempre de portões abertos, nesta semana serão fechados. Ninguém poderá assistir aos treinamentos. É uma medida de cautela, mesmo sendo em uma área onde não tivemos nenhum caso do coronavírus.

Seu pai conseguiu voltar para o Brasil? (Bernardinho esteve na Itália para ver a Copa Itália)
Sim, ele conseguiu voltar para o Brasil sem maiores problemas.

Li algumas declarações suas sobre o futuro e existia um desejo de definir neste fim de mês. Vi também que o Guilherme, seu empresário, estava na Itália. Algum avanço que você possa compartilhar, Bruninho?
Sobre o futuro, as coisas estão bem encaminhadas. Minha vontade de voltar para o Brasil. É uma questão familiar, pessoal. Sei que o Campeonato Italiano ainda é o melhor do mundo, mas é uma decisão que tomei. As coisas ainda não estão 100% certas, mas estão bem encaminhadas. Espero poder também, de certa forma, já que muitos clubes da nossa Superliga estão passando por certas dificuldades. Estar perto nesta próxima temporada, já que agora faço parte da comissão de atletas, junto com o Rapha, a Amanda, entre outros. Que a gente possa, de certa forma, incentivar cada vez mais e fazer com que a CBV possa melhorar o nosso produto Superliga. Sabemos que é um momento complicado no Brasil economicamente falando, não é fácil investir no esporte. É preciso entender que o esporte é uma ferramenta importante para a sociedade, mas é difícil querer que os clubes invistam cada vez mais. Mas temos que tentar um molde para que consigamos ter mais investimento na Superliga, fazer um produto ainda melhor. Espero poder, neste sentido, junto com outros atletas de Seleção, ajudar a impulsionar a nossa Superliga que está passando por um momento complicado.

Para encerrar, Bruninho, como você tem visto, à distância, as notícias sobre a crise em vários times brasileiros? Como integrantes da nova comissão de atletas da CBV, algo que possa ser feito para tentar ajudar os companheiros sem receber salários?
Eu e o Rapha já batemos um papo, conversamos sobre alguns pontos. Nos últimos anos já tivemos o fair play financeiro, que foi usado em alguns momentos, mas em outros nem tanto. Isso é uma coisa que a gente precisa. Pensar também em outras medidas, de como ajudar a proteger cada vez os atletas. Ver patrocinadores, por exemplo, saindo no meio de uma temporada, entender como ajudar e criar medidas para essa proteção. Esse ano pós-olímpico com minha volta, talvez, possa ser importante. Espero poder ajudar no que for preciso.