Bruno: aniversário, exemplos do passado e mensagens no livro
Levantador fala sobre o momento e suas inspirações antes da semana 3 da VNL
Capitão da Seleção Brasileira masculina desde 2013, Bruno sabe que seu papel no time não se resume às jogadas em quadra. Seja nas conversas, pelo exemplo no dia a dia ou simplesmente pelo que fez na carreira, o levantador, que completou 37 anos no domingo, é referência para os outros jogadores. Nesta terça-feira, o Brasil estreia na terceira etapa da Liga das Nações, em Pasay, Filipinas. O time de Renan Dal Zotto, terceiro colocado na tabela, enfrenta a Itália às 4h (horário de Brasília).
– Quando cheguei na Seleção, eu era uma esponja. Qualquer coisa eu queria absorver. Ficava escutando, pegando o máximo de conselhos e atitudes. Os caras daquela geração – Serginho, Giba, Gustavo, André Heller e outros – ajudaram a moldar quem sou hoje pelos exemplos, atitudes e palavras. Sinto que minha missão é passar um pouco dessa minha experiência – explica Bruninho. – É entrar em quadra, vencer, demonstrar toda a vontade, mas é também passar maturidade e experiência para os mais jovens. Seguir com esse legado que os outros deixaram. A Seleção Brasileira está há muitos anos entre as melhores do mundo, então o legado do dia a dia é importante.
Depois de duas etapas classificatórias, Bruno lidera o ranking de aproveitamento entre os levantadores da Liga das Nações. Para o levantador, o caminho de sua liderança tem três pontos: não se colocar acima dos companheiros, dar o exemplo e ser positivo.
– A relação que tento ter nos meus times é de que não existe diferença entre os jogadores. Temos o mesmo objetivo, estamos aqui pelos nossos méritos. Essa foi uma conversa que tivemos. Não existe “Ah, porque eu sou o capitão”. Quando você tem esse tipo de relação próxima, fica mais fácil liderar. Porque as pessoas sabem da sua humildade. Não me coloco acima de ninguém – destaca. – Sempre fui um cara de liderar pelo exemplo. Trabalho muito, com dedicação. Peguei isso da geração anterior. Dedicação para colher os frutos por meio do trabalho. Também tento ser o mais positivo possível e entender que talvez alguém esteja em um dia mais complicado, com algum problema. São importantes características de um capitão que tenho melhorado nesses últimos anos.
Não é apenas na seleção brasileira que Bruno quer que seu exemplo e suas palavras ajudem. A partir da ideia dos jornalistas italianos Gian Paolo Maini e Davide Romani, o levantador lançou em abril, na Itália, o livro “Dal buio all’oro” (“Da escuridão ao ouro” em português), no qual, mais do que destacar vitórias e conquistas, fala sobre saúde mental, abordando dificuldades e fantasmas que enfrentou.
– No início, não queria lançar o livro, até porque ainda estou jogando. Mas entendi que nesse momento, em que se debate muito sobre saúde mental, queria falar sobre como foi a minha carreira. Não só as glórias, mas o processo, principalmente da parte mental pós-Londres 2012. Falo bastante no livro sobre como eu comecei a me preparar mentalmente e o quanto isso é importante. Temos tantos casos de pessoas que acabam tendo depressão ou burnout. Então, foi uma forma de mostrar como passei por um momento difícil na minha carreira, principalmente cuidando da minha parte mental. Minha ideia com esse tipo de mensagem é ajudar atletas jovens ou mais velhos, e pessoas que passam por dificuldades na vida – conta Bruno.
– No livro conto como fui melhorando, crescendo, até ao meu perfeccionismo. Como lido com a derrota e com a vitória. Tem algumas mensagens interessantes. Tentei mostrar às pessoas esse outro lado, que nós somos vulneráveis, que temos momentos de dificuldade e como podemos sair disso. Muitas pessoas achavam que demonstrar fraqueza era um problema. Nossas vulnerabilidades e dificuldades são normais. O mais bacana é como vamos sair delas. Por isso entendi que era importante me abrir nesse livro.