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Destaques - Entrevista - Internacional - 8 de novembro de 2024

Clevenot: “A equipe em Paris era monstruosa, quase fácil jogar”

Ponteiro foi um dos destaques dos Bleus em Paris-2024


Trévor Clevenot, 30 anos, foi um dos principais nomes da França na conquista do segundo ouro consecutivo nos Jogos Olímpico de Paris. Era, inclusive, candidato a ficar com o prêmio de MVP. Nesta sexta-feira (8/11), ele teve uma entrevista publicada pela Federação Francesa de Vôlei.

Depois da conquista em casa, o ponteiro retomou a temporada do clube em outubro com seu novo time, o Ziraat Bankkart, da Turquia. Nesta conversa, ele relembra os Jogos com total apoio da torcida, os planos para a seleção e fala ainda sobre sua estreia no voleibol turco.

Três meses depois do fim dos Jogos, o que você lembra daquela aventura?
Foi ótimo, mágico, principalmente o clima que reinou durante toda a disputa dos Jogos. Conseguir conquistar o título olímpico em casa é a coisa mais linda, é realmente a melhor lembrança que você pode guardar do vôlei na vida.

Você acha que a seleção francesa, principalmente nas duas últimas partidas contra a Itália e Polônia, apresentou o seu melhor voleibol?
Não sei se atingimos o nosso auge, mas o certo é que fomos levados pelo público, pelo entusiasmo que nos acompanhou em cada partida, que nos deu uma energia louca para jogar. Jogamos o vôlei perfeito? Provavelmente não, mas foi um voleibol muito bom, com muita consistência em cada jogo o que nos permitiu pressionar o adversário e vencer estes dois jogos por 3 a 0.

Pessoalmente, você teve um desempenho bom, a ponto de ser eleito para a seleção do torneio. Você sente que já jogou tão bem?
Claro que estou feliz porque fiz uma grande competição, mas tive muito apoio do coletivo. A equipe era monstruosa, era quase fácil jogar naquele nível, dado que todos estavam no seu melhor. Todos souberam em algum momento, inclusive os reservas, trazer algo a mais, o que nos deu essa energia para cumprir essa missão que era conseguir a medalha e o ouro. Isto é o que devemos lembrar acima de tudo.

Como você se sentiu depois dos Jogos? Você sentiu que era mais reconhecido nas ruas?
Foi especial, a emoção ao nosso redor durante os Jogos deu destaque ao vôlei, é muito legal. E, sim, senti que as pessoas me reconheceram mais do que antes. Agora, queremos que haja continuidade e que esse boom do voleibol continue nos próximos meses e anos. Ao nosso nível, tudo faremos para que assim seja.

Apenas dois países, a ex-URSS e os Estados Unidos, já haviam conseguido conquistar dois títulos olímpicos consecutivos. Você imaginaria ser bicampeão olímpico quando começou pela seleção francesa?
Não sei. Quando cheguei em 2015, tínhamos vencido a primeira Liga Mundial, sentíamos que esta geração tinha condições de ganhar títulos, também sentíamos uma energia especial com um grupo que vivia bem. Tínhamos que conseguir explorar esse potencial, também mantê-lo, o que nem sempre foi necessariamente fácil (risos), mas definitivamente havia algo especial. E desde então, cada novo jogador que chegou conseguiu trazer algo a mais que nos permitiu chegar lá. Agora, o vôlei é um esporte com tantas seleções fortes que já ganhar um título olímpico parecia muito complicado. Em Paris, a gente só sonhava em ganhar mais uma medalha.

Como foi para você começar a temporada de clubes depois de tudo isso?
É claro que não é fácil e que há um momento de apreensão quando chega a hora de voltar e retomar a temporada do clube. Tem que saber mudar a chave, voltar à preparação física por uma temporada. Ainda tive a sorte de chegar à Turquia no dia 1 de setembro, o que me permitiu fazer uma pausa, ao contrário de outros que retomaram muito rapidamente o seu clube. Infelizmente o calendário internacional é tal que temos que fazer uma série de competições muito rapidamente, mas somos profissionais, aceitamos e tentamos seguir em frente.

Você optou por jogar na Turquia, no Ziraat Bankkart. Qual o motivo?
Passei cinco anos em Itália, três na Polónia, queria simplesmente ver outra coisa, descobrir outra cultura, outro ambiente de vida. No que diz respeito ao dia a dia, tudo está indo muito bem. Mesmo que não tenhamos muito tempo para visitar, a cidade é bonita, é grande, a organização do clube é muito boa, muito profissional e, pelo nível, estou agradavelmente surpreendido. Disse a mim mesmo que talvez fosse um campeonato um pouco menos competitivo do que o que conhecia antes, mas na verdade as primeiras cinco/seis equipes continuam a ser de muito bom nível, especificamente o Galatasaray, a equipe do Jean Patry, tem tem jogado muito bem desde o início da temporada, ele está ótimo! De nossa parte, temos objetivos elevados. Desde o início do campeonato só perdemos uma partida, superamos como pode acontecer, mas não é muito grave. O objetivo é mesmo ganhar força à medida que a temporada avança para estarmos prontos, caso nos classifiquemos, para os playoffs que dizem respeito aos quatro primeiros. Também temos ambições na Copa CEV.

Vamos terminar por onde começamos, a seleção francesa. Teremos em 2025 o Campeonato Mundial, nas Filipinas, imaginamos que o objetivo é buscar o título, o único você está faltando.
Sim, é certo que o nosso objetivo para o verão será jogar no Mundial, teremos que nos preparar o melhor possível para atingir um nível de jogo que nos permita obter um resultado. Mas como falei antes, o nível máximo do vôlei é tão acirrado, com muitos times que são fortes e também vão querer ganhar o título. Ganhar uma medalha será o objetivo.