Debate sobre a utilização da máscara no vôlei
Evento aconteceu na noite de quinta-feira
Em mais uma edição da Academia do Voleibol, na noite de quinta-feira, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) discutiu o uso da máscara na prática e no treinamento de voleibol.
O palestrante da vez foi José Alexandre Carvalho, médico especializado em exercício e esporte, e que trabalha junto às Seleções Brasileiras desde 2004. Na abertura da apresentação o médico apresentou os tipos de máscaras disponíveis e os conflitos entre a necessidade do isolamento social e os benefícios que a prática esportiva traz. Ele ainda mencionou a ausência de estudos sobre o tema.
– Logo no início da pandemia e do isolamento eu recebi uma questão de um colega que tinha um paciente com problemas cardíacos e que precisava se manter em atividade. Fazer exercícios ao ar livre ainda não era recomendado. Mas aos poucos, com a indicação de uso de máscara, foi possível desenvolver um experimento para avaliar o uso da máscara em atividades físicas, não tínhamos muitas fontes de pesquisa – disse o médico.
Em seguida, José Alexandre explicou o método que usou para entender como as funções respiratórias poderiam ser afetadas com o uso da máscara durante o exercício. Além do próprio médico, a medalhista olímpica no vôlei de praia, Ágatha, participou dos experimentos feitos em caminhada, corrida leve e corrida moderada com máscaras de dois tipos: TNT e algodão.
– Eu testei primeiro em mim mesmo a saturação de gás carbônico ao usar a máscara em um teste de esforço. Depois contei com a ajuda da Ágatha e percebi que era possível usar a máscara nessas situações de exercícios mais moderados. O resultado apresentou pequena variação de VO2 (volume de oxigênio) e VCO2(volume de gás carbônico), de 5% – contou Alexandre.
Um dos alertas que o médico trouxe ao debate é a necessidade de trocar a máscara durante o exercício em caso de acúmulo de umidade, pelo suor ou por contato com água, por exemplo. Segundo Alexandre, quando molhada, a máscara perde a efetividade.
Na sequência da apresentação, Alexandre trouxe dados de um estudo realizado em julho de 2020 com os valores de quantidade de ar inspirado e expirado por um indivíduo, a potência máxima de ar, o VO2 máximo e desconforto em três situações. A comparação feita entre a ausência de máscaras, máscaras cirúrgicas e do tipo N95 mostrou que a última não é indicada para a prática de exercícios por diminuir consideravelmente os índices em todos os aspectos observados. Ele ainda destacou que não é recomendável o uso da máscara em atividades de alta intensidade, seja um treinamento de força ou de condicionamento cardiorrespiratório.
– A diminuição da capacidade respiratória afeta diretamente a performance. E em esportes de alto rendimento esse efeito é ainda maior. O uso da máscara deve ser considerado apenas em atividades leves e moderadas. Para a alta intensidade, como no esporte profissional, o ideal é realizar a atividade em um ambiente controlado, porém sem as máscaras – comentou Alexandre.
Para encerrar a explanação o médico elencou as maneiras de praticar esportes em tempo de pandemia. Destacou como ideal a prática em local isolado, ao ar livre e sem máscara. Especialmente em caso de alta intensidade. Em grandes centros, sem isolamento e academias Alexandre indica exercícios leves com o uso de máscara cirúrgica ou de algodão. Para cardiopata, pneumopatas e com outras doenças similares devem fazer atividades em local isolado e sem máscara. E ainda aconselhou a não considerar o uso do tipo N95 para qualquer exercício.