Dia da Consciência Negra: palavras de peso de Fabiana e Fê Garay
Confira as postagens das campeãs olímpicas, sempre atuantes na luta contra o racismo
Dia da Consciência Negra: os relatos de Fabiana e Fê Garay
Fabiana e Fernanda Garay, duas das maiores referências do vôlei feminino, usaram as redes sociais, neste sábado, com publicações sobre o Dia da Consciência Negra. Confira os textos escritos pela dupla, sempre atuante na luta contra o racismo.
Fabiana, campeã olímpica em Pequim-2008 e Londres-2012:
O Dia da Consciência Negra vem pra relembrar, reafirmar e conscientizar sobre a força, a resistência e o sofrimento que a população negra viveu e vive desde a colonização. Faz tempo, né? Pois é, tempo suficiente pra que muita coisa tivesse mudado, mas infelizmente não é assim que vivemos hoje. O racismo se faz presente todos os dias na vida do preto brasileiro. Ainda hoje, muito tempo depois escutamos que é mimimi, que a reparação história já se deu e que meritocracia é um sistema justo pra alcançar conquistas. Será? Fico me perguntando quando um branco é seguido no mercado, quando precisa guardar nota fiscal da compra de itens caros por anos, quando precisa ensinar seus filhos a não questionar autoridades policiais pra não morrer, quando que mesmo com estudo e especialização não se chega ao mesmo cargo que um branco. Reflita e pense no seu privilégio! Quantos negros você vê na sua classe de escola privada? Quantos negros você vê em restaurantes caros? Quantos negros você vê liderando ações no país? Se faça todas essas perguntas e depois me diga se é mimimi! Não temos oportunidades iguais, não temos educação, não temos chance e somos mortos cedo demais! Esse dia não é de comemorar e sim de REFLETIR o precisa mudar. A caminhada é longa e os grilhões continuam se arrastando.
Fernanda Garay, campeã olímpica em Londres-2012 e prata em Tóquio-2020
Nesse Dia da Consciência Negra, enquanto queremos discutir o racismo que está estruturado dentro de nossa sociedade e as maneiras de combatê-lo, nos chocamos ao nos deparar com o racismo explícito sendo praticado contra crianças e atletas, e que os tribunais esportivos relativizam e perdem a oportunidade de mostrar que esses atos “isolados” devem ser punidos com rigor. É frustrante de uma certa maneira, mas por outro lado me motiva a cada vez mais usar minha voz para fazer o debate, aprender com aqueles que chegaram antes de mim e criar pontes de diálogo para que a mensagem do antiracismo alcance o maior número de pessoas. A luta contra o racismo é uma luta de todos e neste dia especial eu convido todos a nos unirmos em busca de uma sociedade mais justa e igualitária. Viva esse povo guerreiro, valente e resiliente.