Atlanta 1996
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Destaques - Entrevista - Internacional - 11 de maio de 2020

Em live de muitas gargalhadas, feras de Atlanta comentam a semi contra Cuba


Em live animadíssima, no sábado à noite, organizada por Ana Moser, Fofão, Fernanda Venturini e Virna relembraram a semifinal da Olimpíada de Atlanta-1996 contra as cubanas, o famoso jogo da confusão generalizada.

O bate-papo de muitas risadas e casos engraçados antecedeu a transmissão da reprise do confronto, à meia noite de domingo, no SporTV 2

Ícones da rivalidade da geração que foi bronze em Atenas, como a central cubana Magali Carvajal e a peruana Rosa Garcia também acompanharam a live e foram saudadas pelas jogadoras e pela torcida nos comentários.
O Web Vôlei acompanhou o encontro virtual, chorou de rir com as tiradas, e separou alguns trechos abaixo:
Superioridade cubana
Ana Moser – A gente tinha de entrar muito focada, jogar 120 por cento e elas tinham de jogar abaixo de 100 por cento para ganharmos. Quando elas vinham bufando, a gente sentia muito. A gente tinha de estar muito focada, muito concentrada, o saque tinha de ser certo, a marcação de bloqueio certa. Quando a gente fazia isso, a gente tinha um certo domínio do jogo e elas sentiam.
Fernanda Venturini – A gente ainda não sabia bloquear naquela época, se a gente fosse melhor no bloqueio…. Se a Hilma não tivesse machucada.
Virna – A Hilma jogou com o pé quebrado, só  percebeu depois, né. E eu entrei numa roubada, substituir a Hilma, tínhamos características diferentes. E falei “ferrou” (risos), que responsa. É outro estilo de jogo…
Virna – Lembro da Filó com um galo na cabeça. Alguém bateu na cabeça dela com a muleta da Hilma achando que ela era a Regla Torres (gargalhadas).

Cena marcante

Virna – Uma cena que me marcou muito foi logo depois da derrota, eu e a Ana Paula estávamos na Vila Olímpica e o Oscar, do basquete, nos chamou. Ainda fiquei espantada dele saber os nossos nomes (risos). Perguntou porque estávamos com aquela cara e depois falou uma coisa que eu nunca esqueci, e que foi fundamental para o outro jogo. Falou: “caramba, meninas, vocês estão indo disputar medalha, daria tudo”.

Ana Moser – Lembro do aeroporto, da gente chegando em Atlanta eu disse que não acreditei. Quase não fui, porque tinha operado o joelho seis meses antes e tinha voltado a treinar dois meses antes.

Virna – Era um grupo muito legal. Não éramos todas amigas, mas quando tinha de jogar, éramos um grupo, todo mundo era casca-dura.

Ana Moser – O que me incomodava era falar que na hora H as mulheres amarelavam. Ou de o pessoal lá fora nos ver como terceiro mundo. Até a arbitragem também nos discriminava. Eu ficava p. Não existia ainda um respeito pela equipe brasileira. Aquilo mexia muito comigo. Não tinha inteligencia emocional para aquilo.

Fofão – Eu senti que em 1996 já havia um respeito maior em relação à gente. Nós éramos um time mais forte, elas não tinham a certeza de que viriam arrebentando. Para mim, que estava de fora (do banco), dava para ver a preocupação delas com a Ana Moser, falavam entre elas, mesmo elas sendo mais fortes. De 1994 a 1996 foi bem nítida essa mudança.

Evolução

Ana Moser – Na Olimpíada de 1992, a gente não conseguia nem pensar em ganhar de Cuba, Rússia, Estados Unidos… Em Barcelona, a gente ficou em quarto lugar. Tomamos de 3 a 0 na semifinal dos Estados Unidos e 3 a 0  para a Rússia na disputa do terceiro e quarto.

Amigas das cubanas

Virna – Anos depois, eu fiquei amiga das cubanas. Em Pequim, encontrei com a Mireya, eu era comentarista e ela chefe de delegação. Ela falou que as brigas conosco eram na verdade uma estratégia. Elas treinavam aquilo, porque precisavam da grana. E só ganhavam a grana se ganhassem. Ganhavam um percentual pequeno do prêmio, tipo 10 por cento, 20 por cento, não sei. O resto ficava com o governo cubano. E, com a nossa evolução, a gente começou a tirar isso delas. Depois elas deserdaram, começaram a ir para a Itália, se casaram com europeus e foi o início do fim do domínio cubano. A gente aprendeu a ganhar de Cuba depois de perder muitas vezes. Aquilo foi um marco.

Superioridade física

Virna –  O corpo delas era escultural, eram fortes, saradas. Lembro que o Zé Inácio mandava a gente puxar muito ferro. Fisicamente a gente melhorou muito depois disso. Foi quando a gente viu a importância da força física, da preparação física.

Futuro técnico (a) da Seleção

Virna – Fofão tem de virar técnica

Fofão – A Aninha tem mais jeito para isso

Ana Moser – Com certeza não tenho

Fernanda – A Virna não, ela é muito tensa (gargalhadas)

Ana Moser – O que vocês acham do Bernardo?

Fernanda – Se ele quiser voltar, volta. Porque, sem dúvida nenhuma, é o melhor que tem pra voltar.

Virna – Queria muito que o Bernardo tivesse esse olhar para voltar, porque ele tem muito ainda para acrescentar, o “tio Sukita” (gargalhadas geral).