Bruno Souza: “Viver do vôlei e de vôlei é o que sempre quis”
Narrador do Grupo Globo, Bruno Souza fala sobre a carreira e os sonhos na profissão
Um apaixonado pelo vôlei, que vive o esporte intensamente e carrega o esporte na veia. Assim é possível definir Bruno Souza, uma das vozes mais empolgantes das narrações do vôlei brasileiro em ação na atualidade, pelo SporTV.
Nessa entrevista, Bruno fala da trajetória no esporte, dos seus sonhos, do início da carreira e de como o vôlei entrou na sua vida para nunca mais sair.
Vale a pena conferir!
1) Quando começou a sua relação com o vôlei?
Nasci no dia 31 de janeiro de 1986, no Rio de Janeiro. Estudei minha vida inteira em escola pública, no CAp-RJ (Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro), da 1ª série ao 3º ano do Ensino Médio. Meu primeiro ídolo esportivo foi o Zetti, goleiro do São Paulo. Sempre tive habilidade com as mãos, dessas coisas que não se explicam, acho que nascem com a gente. Como brasileiro, o futebol sempre esteve presente, embora meu pai detestasse. Nunca me obrigou a torcer por determinado time, então, nesse sentido, tive “livre arbítrio”. Primeiro, ainda pequeno, pensei em ser goleiro, mas foi no CAp que minha relação com o vôlei começou. Nas aulas de Educação Física.
Me apaixonei imediatamente por aquele esporte cuja rede dividia a quadra e mais parecia o Everest para mim por causa da altura. Me lembro também de jogar nas férias com os meus primos em Petrópolis. Tive a sorte de poder desfrutar de férias numa casa antiga e com um amplo espaço no quintal, onde, não sei porque, resolvemos montar uma rede e nos divertir entre primos e tios jogando vôlei. Eu já me destacava entre eles (kkkk)
No CAp, existia um projeto com os professores que iriam se formar em breve na UFRJ; nós tínhamos aula com eles durante um período do ano letivo e o colégio montou uma equipe de vôlei para a disputa do Intercolegial. Na 4ª série eu fui descoberto pelo professor Erick, o cara que realmente me ensinou a jogar vôlei. “Dobra o joelho, flexiona a perna, a manchete é assim…”, esse tipo de coisa. Minha evolução foi rápida e eu adorava treinar. Na 4ª série eu já jogava com os alunos da 8ª, por exemplo. Fomos duas vezes seguidas vice-campeões do Intercolegial. Eu passava por debaixo da rede sem me abaixar e enfrentava os “grandalhões”.
Isso chamou tanto a atenção, que cheguei a ser entrevistado por um jornal de bairro do “O Globo” na época. Eu achava legal, mas para mim era tudo uma grande brincadeira e um grande prazer. Ali minha “história de amor” com o vôlei se iniciou e a ideia de ser goleiro se dissipou. A quadra do colégio era descoberta e quando era dia de treino e amanhecia nublado, as orações para que não chovesse naquele dia eram muitas… Eu realmente adorava estar na quadra.
2) Já ouvi em algumas transmissões do SporTV que você é um praticante da modalidade. Me conte um pouco sobre isso.
Esta resposta é uma continuação da primeira, eu acho. Vamos lá. Depois das aventuras no Intercolegial, infelizmente os recursos para o projeto do vôlei acabaram ou foram cortados, não me lembro direito. Ensino público no nosso país, você sabe como é… A partir daí, tive que me contentar em jogar “apenas” no recreio, com os amigos. Alguns tinham feito parte do time, outros não. Usávamos uma área anexa à quadra e a rede era um barbante que estendíamos de uma ponta a outra. As linhas, nós marcávamos com pedra ou giz mesmo. Nem de vôlei, chamávamos a brincadeira: era o “Barbantinho”.
Continuei evoluindo ali, ao ponto de me denominar o “Rei do Barbantinho”, porque era difícil eu perder, não importava com que parceiro eu jogasse e nem qual fosse o adversário do outro lado (kkkkkk). Meus amigos não curtiam muito o apelido, mas tinham que aturar (kkkkk)… Num belo dia, eu já com 14 anos, jogando meu “Barbantinho” tranquilo, um colega mais novo chega para mim e fala: “Ei, você joga bem! Em qual clube você joga?” Eu respondi: “clube? Não sou sócio de nenhum clube não.” “Mas não é desse tipo de clube que eu estou falando”, ele continuou. “Estou falando de Flamengo, Fluminense, Vasco…”. Eu nem sabia que esse tipo de coisa existia… Quando falei isso para ele, ele foi enfático: “Cara, você tem talento, talvez não consiga atacar, mas pode ser um bom levantador… Você nasceu em que ano? 86? Eu sou do Mirim do Flamengo, você deve ser infantil. Faz o seguinte, aparece na AABB (o ginásio da Gávea estava em obras, na época) tal hora no dia tal e conversa com o treinador Marcos, pede pra fazer um teste.
Dois dias depois eu fui lá e fiz o teste. Apareci de uniforme do colégio e tênis de futsal. Nem preciso dizer como o treinador me olhou, né?! Mas, enfim, isso aconteceu no final de 2000, ele disse que só ia me federar em 2001, porque já era final de temporada e o time já estava ajustado. Ele me mandou levantar algumas bolas e deve ter se convencido de que eu prestava para alguma coisa… Em janeiro de 2001, ele cumpriu a palavra, me federou e eu já era titular do time infantil do Flamengo.
A equipe profissional feminina treinava ao lado. Eu achava o máximo! Leila, Virna, entre grandes nomes, ali bem pertinho… Esse time seria campeão da Superliga naquele ano, vencendo o Vasco. O dia que o Luizomar de Moura parou uns 5 minutos pra ver o nosso treino eu nem podia acreditar. Naquele ano, fomos campeões do Torneio Início e do Campeonato Carioca (a competição mais importante da temporada). Perdemos a Copa Rio. As três finais foram disputadas contra o Fluminense, que tinha, entre outros nomes, o Pedro Solberg na equipe.
Na categoria infanto, resolvi me arriscar no vôlei de praia. Um amigo de infância, Fernando, tinha feito o teste para o Flamengo junto comigo, mas não conseguiu jogar muito em 2001 porque sofreu um acidente e teve que colocar uma placa de titânio no polegar da mão direita. Em 2002, resolvemos nos juntar como dupla e nos aventurar nas areias. Terminamos o ano na 6ª posição do ranking do Rio de Janeiro. Eram 40 duplas na disputa. Chegamos a ser vice-campeões de uma etapa disputada em Copacabana. Foi um momento marcante. Assim como também foi para mim ter a oportunidade de disputar um jogo-treino com a Jackie Silva, que dava nome ao CT onde treinávamos na praia, no Leblon.
Na época, ela estava investindo na Talita, que começava no voleibol de praia. Antes das etapas do Circuito Brasileiro, a Jackie “recrutava” os meninos do juvenil e infanto para fazer jogos-treinos e, uma vez, eu fui um dos escolhidos. Mal podia acreditar que iria “enfrentar” uma campeã olímpica, uma lenda do esporte. As pessoas iam parando no calçadão da praia pra ver o jogo. Eu fiquei muito emocionado. Ela ficou um pouco brava comigo porque “eu só largava” (kkkkk). A verdade é que eu ficava com medo de atacar forte (na rede com altura feminina era mais fácil pra mim…), porque tinha medo de machucar a Talita no bloqueio ou até mesmo a própria Jackie na defesa. Mas, assimilei a “bronca” e ganhamos o jogo.
Mal conseguia dormir naquela noite. 16 anos e enfrentando uma campeã olímpica? Demais!! Na categoria juvenil, eu voltei para o Flamengo e para o voleibol de quadra, mas já estava dividido também entre a faculdade de jornalismo. A altura não ajudou muito e eu não queria sair do Rio de Janeiro para investir na carreira de jogador. A posição de líbero era recente e eu optei pelos estudos. Ainda cheguei a jogar o Campeonato Universitário pela PUC, o que me ajudou a conseguir uma bolsa de estudos. Uma experiência muito bacana e que resultou numa ajuda financeira importante para que eu pudesse concluir os estudos. Até auxiliar técnico do time feminino da PUC eu virei, mas esta é uma história para outro momento.
3) O atleta Bruno tem algum grande ídolo no vôlei?
Sim. Sempre foi o Nalbert. Eu jogava com o número 12 por causa dele e disse isso para ele pessoalmente. Às vezes, eu nem acredito que tenho o privilégio de trabalhar com ele, com o Carlão, com o Marco Freitas, com a Sandra Pires, e, mais recentemente, com a Fabi. Antes de serem ídolos do esporte que eu amo e excelentes comentaristas, são pessoas especiais. Cada um com suas características e que me ensinam muito a cada dia. Poder conviver, antes de trabalhar propriamente dito, com eles é sensacional. Nenhum salário no mundo paga isto. O Nalbert quando me ouviu dizer que eu jogava com a 12 por causa dele, disse: “Agora que você me conheceu e trabalha comigo, se arrependeu, né?!” A gente dá altas risadas… E eu disse: “Muito pelo contrário…” Sei que existem outros grandes nomes, como Kiraly, Savin, Zaytsev (o pai do Ivan), Despaigne… Mas, pela minha faixa etária e perguntado sobre quem eu realmente vi jogar, o Nalbert para mim, sempre foi o mais completo que tive a oportunidade de acompanhar. Por sua eficiência no passe e pela capacidade que ele tinha de atacar bolas um pouco mais altas (barrigudas) e com bloqueio montado. Também pela atitude e liderança dentro da quadra.
4) E o narrador Bruno? Quais atletas admira no cenário internacional atualmente?
São muitos. Adoro o Filipe do Cruzeiro. Sou fã do William Arjona e do Wallace. O Lucarelli também é um cara que admiro ver jogar. Impossível não citar Leal e Simon. Christenson, levantador dos EUA, e o Sander também dos EUA. Ngapeth, da França é um cara diferente neste esporte. A mistura do físico com o voleibol romântico, se é que dá pra definir assim. Não poderia deixar de fora o Leon, hoje no Perugia. Para mim, o melhor do mundo na atualidade. No feminino, me impressiona muito a chinesa Ting Zhu. Pelo ano que fez, não posso deixar de citar a Tijana Boskovic da Sérvia. A Egonu, da Itália, ainda vai evoluir mais e certamente vai deixar seu nome escrito na história da modalidade. Para falar da “minha posição” (kkkk), acho a Maja Ognjenovic, da Sérvia, uma baita levantadora.
5) Sobre a profissão. Qual sua formação? Trabalhar com esporte, mais especificamente com vôlei, sempre foi um sonho?
Sempre quis trabalhar com vôlei. Queria mesmo era ter sido jogador, mas, pelos motivos já explicados, infelizmente, não foi possível, mesmo me destacando na base. Esqueci de dizer que até para a seleção carioca infanto eu cheguei a ser cogitado. Minhas professoras de português sempre me disseram que eu escrevia muito bem, que se quisesse, seria escritor quando crescesse. Fiquei com isso na cabeça e pensei: “se não deu pra jogar, vamos tentar ser jornalista esportivo e trabalhar com o vôlei”. Mas o que eu queria, não era escrever e, sim, narrar. Eu cresci assistindo ao SporTV e, acompanhando as transmissões do vôlei, falei pra minha mãe: “Vou fazer jornalismo e fazer o que esses caras fazem”. Ela disse: “Tá bom, meu filho. Se é isso que você quer, vá em frente”.
Os “caras” eram Luiz Carlos Jr, Sérgio Maurício, João Guilherme, Daniel Pereira, Eusebio Resende… Pessoas que hoje eu tenho o orgulho de dizer que são meus colegas e, alguns, amigos mesmo. Me formei em jornalismo na PUC/RJ e entrei no SporTV como estagiário em agosto de 2006, depois da Copa da Alemanha, via concurso. Já na primeira semana de canal, consegui gravar uma narração-piloto e na primeira reunião com o Marcelo Barreto (apresentador do Redação SporTV atualmente e na época gestor dos estagiários), pedi para mostrar a fita. Ali, o Marcelo percebeu que eu de fato estava interessado em ser narrador. Ele foi uma pessoa que me ajudou muito ao longo do processo, me indicou fono, etc.
Sou eternamente grato ao Marcelo Barreto por ter acreditado no meu sonho e na minha capacidade. Não posso deixar de agradecer também ao João Guilherme (hoje narrador do FOX Sports) e ao Eusebio Resende, que tiveram paciência para ouvir alguns dos meus “pilotos” e me darem dicas, mostrar o caminho que eu devia seguir. Outro cara especial pra mim é o saudoso Victorino Chemont (morto na tragédia aérea da Chapecoense), que, além de colega, foi um dos meus professores na pós-graduação em jornalismo esportivo que cursei na FACHA (Faculdades Integradas Hélio Alonso).
6)Você se lembra do primeiro jogo de vôlei que transmitiu?
Não me lembro exatamente do dia, mas foi em 2008. Liga Mundial: Cuba x Rússia, jogo em Havana. Marco Freitas era o comentarista. Uma transmissão difícil, primeiro, pela qualidade do sinal e, depois, pela minha falta de experiência e nervosismo. O Marco foi muito gentil comigo e me ajudou demais. Era um sonho que se realizava. Me lembro do Marco dizer: “Fica de olho nesse moleque cubano de 14 anos: Leon. Já é o capitão. Acho que vamos ouvir muito falar dele daqui para frente…” Dito e feito. O Leon se transformou num fenômeno. Tive o prazer de narrar praticamente a estreia dele na seleção cubana. 14 anos e já entre os profissionais? Incrível! Ali eu também começava a perceber como o Marco Freitas era sensacional em suas análises. O cara é realmente uma enciclopédia desse negócio chamado voleibol. Tenho um carinho enorme por ele. É como se fosse meu segundo pai.
Ele continua me ajudando muito com o vôlei até hoje, a entender como o jogo funciona. E com outros assuntos da vida também! Eu sempre digo para ele: “Marco, se você me falar que a bola é quadrada, eu vou dizer no ar que ela é quadrada e pronto!” O Marco sabe demais e se prepara muito também para cada transmissão, seja qual jogo for. Eu o chamo de “ídolo máximo”. Só não consigo me lembrar qual foi o resultado final de Cuba x Rússia, mas tenho quase certeza que os russos ganharam aquele jogo. No mesmo ano, 2008, transmiti minha primeira partida olímpica: Sérvia x Argélia no feminino. Jogos de Pequim, narrei do estúdio no Rio de Janeiro, com comentários do Helio Griner (assistente do Bernardinho no Sesc/RJ), que foi convidado pelo SporTV para o período do evento.
7) Você é muito elogiado nas redes sociais por ser um narrador que consegue transmitir emoção e demonstrar muito conhecimento sobre o vôlei.
Não dá pra dizer “intencional” … O que eu procuro passar é que ali, com o microfone na mão, está um apaixonado por vôlei, tentando levar essa paixão a outros tantos que também amam este esporte. A quadra laranja é sagrada pra mim. Se eu não deixar a minha alma dentro da cabine de locução, então pra mim não valeu. Eu me entrego de verdade durante a transmissão. Não importa o jogo. Pode ser Brasil x Rússia ou o Time do Prédio x o Time da Rua. Pra mim, dá no mesmo. Eu sou apaixonado pelo que eu faço. Até brinquei com um chefe, disse pra ele: “Vamos criar o cargo de “narrador-especialista”, o cara que só transmite aquilo. Você me deixa no vôlei e está tudo certo”… Claro, que pela demanda do SporTV não dá pra ser assim, mas aos poucos, acho que estou conseguindo meu espaço no vôlei. Você já deve ter visto nas redes sociais que muitas pessoas ficam preocupadas porque eu perco a voz, “desafino”, mas é por causa desta intensidade com a qual eu vivo a transmissão. Tecnicamente, pode até ser algo que deva ser corrigido, mas eu simplesmente não consigo.
Algumas pessoas reclamam que eu “grito demais”, mas deve ser porque eu realmente me emociono com o vôlei. Às vezes é como se eu estivesse ali dentro da quadra, tentando defender a bola junto com o Serginho, ou levantando junto com o William e saltando junto com a Tandara para atacar… Não raro, eu saio da cabine depois de uma transmissão tão suado como os jogadores… Naquele Brasil 3 x 2 Rússia pelo Mundial Masculino foi assim. Precisei de uns minutos para me recompor depois do jogo. Teve um ponto de bloqueio do Lipe no quinto set que eu nem conseguiu narrar. Não fosse o Carlão… No início da carreira eu era avaliado como um bom narrador tecnicamente, que se preparava bem, estudava, mas que pecava um pouco pelo lado da emoção. Acho que, atualmente, eu consegui evoluir neste sentido, equilibrar o conhecimento dos tempos de atleta com a emoção, que faz parte do trabalho do narrador.
8) Como é sua rotina de estudo para as transmissões?
É uma parte que eu adoro. Amo ficar longas horas na frente do computador pesquisando sobre os atletas. Um por um. Acho que é parte fundamental do trabalho. Ao longo dos anos, fui criando um extenso banco de dados, até mesmo para facilitar as pesquisas. Não da pra confiar sempre na memória. Nunca vou para um jogo sem as MINHAS fichas, por mais que exista assessoria de imprensa e tal. Eu gosto de acessar os sites e reunir o máximo de informações possíveis: altura, idade, alcance de ataque, alcance de bloqueio, onde jogou, os principais títulos que conquistou, etc… Às vezes, descubro até o hobby de determinado personagem. Uma vez, percebi que quando a seleção brasileira está em ação, existe um grande numero de pessoas que se interessa em saber onde determinado jogador nasceu. Mais um item para a pesquisa! (kkkkk) Estar bem informado e munido de dados e estatísticas é obrigação de qualquer narrador, em qualquer modalidade.
9) Você criou alguns bordões que caíram no gosto popular dos fãs do vôlei. Como foi o processo para criá-los?
Alguns eu nem criei… O “fica no bloqueio”, por exemplo. Acho que muitos já falavam isso, apenas resolvi dar mais ênfase à esta frase. Não foi algo premeditado. E funcionou. Uma vez eu fui transmitir um jogo do Sesi/SP na Vila Leopoldina e uma senhora me abordou: “Olha ali o fica no bloqueiooooo” … Achei engraçado. O “agora faz chover” eu ouvi em algum lugar, sinceramente não me lembro onde e peço desculpas se eu estiver “copiando alguém”. Pensei: “agora faz chover… hum, pode funcionar naquele dia em que o oposto estiver virando todas a bolas…” O “pisa” eu tirei das redes socias, achei engraçado quando mandavam mensagem na hashtag voleinosportv: “fulano está pisando no sicrano”. Funcionou também.
O “desce” e o “brilha” eu escutei na “pelada” que eu jogo atualmente e achei sensacional, decidi levar para a TV. Minha vida é assim, quando não estou transmitindo vôlei, estou na quadra jogando quarteto com os amigos. Da pelada, também vieram o “momento mãos de tesoura”, quando alguém comete um “dois toques” e o “afrontosa”, que usei para a Rosamaria na abertura da Superliga contra o Pinheiros. Ela levou pra casa o troféu “Viva Vôlei” como melhor em quadra naquela noite. O último que criei, também veio das redes sociais com o fenômeno das “fake News”: quando o erro de saque é muito feio, digo: “este é o saque fake News”, no sentido de que seria melhor que tivesse sido mentira. Uma jogadora (que prefiro não revelar) disse que se acabou de tanto rir em casa. Mas eu não saio de casa com o pensamento de criar bordões e sim, de fazer uma transmissão correta. Os bordões vão surgindo naturalmente e eu sempre tive muita dificuldade em criá-los. Acho que nesse sentido, estar em quadra até hoje, ajuda na criação de alguns deles. Levar a linguagem da “boleirada” do vôlei para a TV, sempre com moderação, claro (kkkkk)
10) Quais são os sonhos profissionais para os próximos anos?
Sonho em ser a voz do vôlei no SporTV. Uma vez eu disse ao Victorino Chermont que tinha feito faculdade para trabalhar no SporTV. Ele ficou bravo comigo e disse que eu tinha feio faculdade para trabalhar no mercado. Mas aí eu retruquei e disse: “qual canal transmite a Superliga de Vôlei?” Ele achou graça. Que saudades eu sinto do “Vitú”!! Gostaria muito, que, algum dia, quando as pessoas pensassem em vôlei na TV, pensassem no meu nome. Assim como foi com Luciano do Valle, Professor Paulo Russo, Marco Antonio (quem não se lembra do “afunda, afunda, afundouuu…” e “Gilsão Mão de Pilão”) entre outros. Gostaria de poder narrar uma final olímpica e de mundial com o Brasil na quadra.
Me preocupa muito o futuro do Brasil no vôlei. Torço bastante pela recuperação da nossa base. Se eu puder transmitir os principais jogos de vôlei do SporTV pelos próximos 30 ou 40 anos estarei realizado. Viver do vôlei e de vôlei é o que eu sempre quis. Não deu pra ser dentro da quadra. Tomara que eu consiga ali pertinho, vendo de fora, mas ainda assim no ginásio ou na cabine e tentando levar esta paixão para a casa das pessoas e que muitas outras possam, assim como eu, se apaixonar por este esporte maravilhoso e que tantas alegrias deu ao nosso país. Agradeço de coração aos que curtem o meu trabalho e também aos que não curtem. Sei que ainda preciso melhorar muito e o desejo de evoluir é constante, assim como é na vida do atleta. Os elogios alimentam o ego e são legais, mas são as críticas construtivas) que nos fazem crescer. Eu penso muito assim: “hoje já foi. Qual o próximo jogo, no que eu posso melhorar?”