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Destaques - Entrevista - Internacional - 11 de dezembro de 2018

Ex-assistente do Vakifbank, Maurício Thomas ajuda a explicar o sucesso do time


Na conquista do Campeonato Mundial feminino de clubes, em 2017, em Kobe, no Japão, ele estava no lugar mais alto do pódio, ao lado de Giovanni Guidetti, Ting Zhu, Milena Rasic, Lonneke Sloetjes… No último domingo, Maurício Thomas viu pela TV, em Balneário Camboriú (SC), o bicampeonato conquistado pelo time turco diante do Minas.

Para o brasileiro, assistente técnico do Vakifbank na temporada passada, os laços de proximidade seguem existindo, apesar da mudança radical tomada por ele após ser campeão de tudo na temporada 2017/2018: voltar para o Brasil, ficar perto da família e assumir o projeto catarinense, estreante na elite da Superliga feminina.

Em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, palco da partida desta terça-feira com o São Cristóvão/São Caetano, Thomas falou com o Webvolei sobre mais uma conquista da equipe turca, que já teve a história relatada por aqui.

A ideia é tentar entender ainda mais os motivos da hegemonia do Vakifbank no mundo do vôlei.

1 – Você vê o Vakifbank como um time praticamente imbatível atualmente?

Não creio que o Vakifbank seja imbatível, pois Eczacibasi (TUR), Conegliano (ITA) e Dínamo Moscou (RUS) têm investimentos muito parecidos. Nesse ano, o Vakifbank ainda não conta com a capitã Godze, MVP da Champions League, e com a levantadora Naz, que estava grávida e foi mãe poucos meses atrás. O Vakifbank tem uma estrutura de trabalho que nenhum time do mundo tem. Nisso acho que eles são imbatíveis. A cada ano que passa, a Zhu é assediada por grandes clubes do mundo com propostas milionárias, mas ela não quer sair de lá pois conhece o Giovanni e se deu bem com ele. É uma história de vitórias e cumplicidade, além também do lado financeiro, pois o banco valoriza as atletas com prêmios e com condições ideais para trabalhar.

2 – Qual o grande mérito do Giovanni neste trabalho tão vitorioso?

O grande mérito é sem dúvida seu conhecimento, mais o staff técnico, mais a estrutura física, mais a financeira, além da motivação de todos envolvidos. Motivação por continuar vencendo onde todos são beneficiados financeiramente também. Acho ainda que um diferencial do Vakifbank se chama Zhu. Todos ganham com a vitória, eu mesmo ganhei dinheiro de prêmios. Nos dão todas as condições de trabalho. Eu tinha uma sala de estudos somente para mim, carro, apartamento, salário bom. E todas as estrangeiras também. Todos trabalhando pelo resultado, pois todos querem continuar ali. Respondendo mais diretamente a sua pergunta, o mérito do Giovanni é motivar a todos para ganhar e dar o caminho para termos sucesso através do trabalho. Ele consegue demostrar para todos que trabalhando corretamente podemos vencer. E isso é feito com excelência.

Zhu no duelo com o Minas (FIVB Divulgação)

3 – Vocês se falaram antes dos duelos com os brasileiros. Foram dicas mais pontuais sobre as jogadoras brasileiras?

Nos falamos sempre. Mesmo antes de Praia e Minas chegarem à China, ele já estava em contato comigo para saber como estavam as equipes, como estavam jogando, quem eram as jogadoras, as características. Em função disso, já estava montando seus treinos pensando nos confrontos. Nós somos muito amigos e conseguimos continuar nos falando mesmo longe. Minha opção em voltar está ligada à família e ele sempre soube que pelo fato de eu ter dois filhos pequenos era mais difícil ficar dois anos, que era o meu contrato. Eu conversei com ele sobre meus filhos e ele sempre esteve comigo nas decisões. Disse que as portas estão abertas para voltar a trabalhar com ele, pois tivemos muitas conquistas juntos. Ele me ajudou muito a evoluir como treinador.

4 – Como é o Giovanni fora das quadras? Ele parece ser um cara alto astral, bem humorado…

Giovanni é um cara alto astral mesmo. Adora comer bem e está sempre convidando o staff para se reunir. Estamos sempre próximos dele na quadra ou fora dele. Temos um futebol tradicional também, onde nos reuníamos sempre para jogar contra funcionários do banco. É realmente uma família.

Guidetti com o filho de Maurício Thomas (Reprodução)

5 – Quais as suas principais recordações do seu trabalho no Vakifbank?

Tenho muitas recordações do Vakif. Deixei grandes amigos e após o título mundial recebi mensagem de todos. As atletas sempre mandam fotos e perguntam como esta minha família. Eu fiz grandes amigos, sei que ajudei muito no ano passado e minha passagem por lá foi muito vitoriosa. Pela primeira vez, ganhamos os quatro títulos possíveis (Champions League, Campeonato Turco, Copa da Turquia e Mundial) colocando o nome do Vakifbank no Guinness Book. Espero voltar quando meus filhos estiverem maiores. O início foi muito complicado, mas me adaptei rapidamente graças ao Giovanni. Hoje sou um treinador mais completo graças a ele também.

POR DANIEL BORTOLETTO