Entrevistas com os técnicos Stefano Lavarini e Paulo Coco
Comandantes de Minas e Dentil/Praia Clube apontam os desafios do Mundial
Paulo Coco e Stefano Lavarini terão um enorme desafio até o dia 9 de dezembro. Os comandantes de Dentil/Praia Clube e Minas, respectivamente, tentarão desbancar o Vakifbank e o Eczacibasi, os dois times turcos que poderiam ser chamado de seleções internacionais, durante o Campeonato Mundial de Clubes, em Shaoxing, na China.
O Vakifbank, atual campeão do mundo, possui no elenco a estrela chinesa Ting Zhu, a holandesa Sloetjes, a sérvia Rasic, a americana Robinson, além de várias destaques da seleção turca: Ozbay, Orge e Gunes.
Já o Eczacibasi, comandado pelo brasileiro Marco Aurélio Motta, não fica muito atrás. Fazem parte do elenco a sérvia Boskovic, a coreana Kim e as americanas Larson e Gibbemeyer, além de Akoz, Arici, Ismailoglu e Alikaya, todas da seleção turca.
Dá para as brasileiras desbancarem as duas potências?
O jornalista e colunista do LANCE! e do WEBVOLEI, Daniel Bortoletto, conversou com a dupla de treinadores de Minas e Praia durante a preparação para a competição:
– No papel, os dois times turcos deveriam ser acima dos brasileiros. Mas a temporada depois de um Mundial de seleções é complicada para todos. Já deu para ver. Eles jogaram uma Supercopa e tiveram os mesmos problemas que nós estamos passando agora. A qualidade não está espelhando o valor das jogadores. Você tem que ver quanto nós e eles conseguimos evoluir dentro do possível em apenas um mês. Ver o que vamos conseguir tirar. Essa dificuldade pode espalhar as cartas todas, deixando tudo mais igual – analisou o italiano Stefano Lavarini.
– São as equipes favoritas, sim. Mas não dá para descartar o Volero, a equipe chinesa que sempre vem forte. Mesmo a imprensa não valorizando a equipe da Tailândia, nós, treinadores, valorizamos. Deve ser a base da seleção que sempre faz jogos complicadíssimos contra seleções dos outros países. Não é uma competição fácil. Vamos com o pé no chão, vamos ter uma primeira experiência para ver como é que é, vamos brigar duramente para tentar classificar entre os quatro, o que já seria um grande feito. Temos de pensar nisso, nesse objetivo, mas vamos aproveitar a primeira experiência internacional do clube, do projeto, para fazer o nosso melhor – completou Paulo Coco, acostumado a enfrentar as jogadoras como assistente da Seleção Brasileira.
Os dois também concordam em outro ponto: o calendário do vôlei precisa ser equacionado. Antes do embarque para a China, Praia e Minas disputaram o Estadual, precisaram adiantar jogos da Superliga e na volta para o Brasil precisarão compensar as rodadas perdidas no torneio nacional.
– O calendário é absurdo. A gente vai jogar 11 jogos em janeiro, se não me engano. Foram muitas viagens para jogar o Mundial. O calendário do turno da Superliga foi arrumado de um jeito, talvez o único possível, e vamos jogar oito dos 11 jogos do turno fora. Vamos falar de planejamento? Planejamento de quê? Muitas vezes vai acontecer de jogar, cumprimentar todo mundo e jogar de novo. Não dá tempo de treinar. Como melhorar as coisas que vimos nos jogos se não temos tempo para treinar? – reclamou Lavarini, apoiado por Paulo Coco.
– O acúmulo de jogos, de competições, é o lado ruim do sucesso. Até janeiro, a gente fica com um calendário apertadíssimo, sem condição de treinar, tendo que ajustar as equipes durante os jogos, as viagens, muitas vezes dentro do avião. É preciso acontecer uma racionalização no calendário de clubes e seleções – emendou o treinador do Dentil/Praia Clube.
Lavarini ainda comentou o momento de Natália. Um dos reforços de peso do Minas ao lado de Gabi para a temporada 2018/2019, ela conviveu com um sério problema no joelho nos últimos meses. Passou muita tempo na preparação física e na fisioterapia para evitar uma cirurgia. Esteve presente no Campeonato Mundial de seleções, mas jogou pouco. O que esperar dela agora no Mundial de Clubes?
– Fisicamente ela está se recuperando. Não sei falar bem a situação clínica. Foram meses em que a Natália ficou sem jogar, muita inatividade. Tentaram na Seleção recuperá-la. No Mundial não sei se conseguiram da forma que estava na cabeça deles. A realidade é que faz tempo que ela não joga com regularidade. Estamos tentando fazer tudo isso – disse o italiano.
Já Paulo Coco, responsável por comandar o Praia no inédito título da Superliga na temporada 2017/2018, fala sobre a pressão e responsabilidade após a conquista:
– Acho que o pessoal do Dentil tem o pé no chão, sabe que a coisa acontece de forma diferente, que é preciso tempo para as coisas acontecerem, se encaixarem. É obvio que quando você conquista um título, vai querer mais. Quebrar barreiras é difícil, mas você manter isso é mais difícil ainda.