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Categorias de base - Destaques - Especiais - Superliga - 5 de setembro de 2024

Fidelidade e superação uniram Thiaguinho e o técnico Luiz Paulo

Na abertura da série "Pelo Meu Caminho", pernambucano se orgulha do levantador, que aos 14 anos o ajudou a montar time em Recife


Melhor levantador da Superliga 2023/2024 com as cores do Sesi e referência da posição no Brasil atualmente, Thiaguinho é motivo de orgulho para familiares, amigos, fãs e companheiros de trabalho. Mas uma pessoa tem admiração especial pelo atleta: o técnico pernambucano Luiz Paulo Guimarães. Essa é a história que abre a série especial “Pelo Meu Caminho”, produzida pelo Web Vôlei em parceria com o Team GM, com o objetivo de resgatar memórias de quem marcou a trajetória de astros e estrelas das quadras. 

Thiaguinho
Thiaguinho vai para mais uma temporada no Sesi (Felipe Wiira/Sesi-SP)

Em Recife, Thiaguinho é citado sempre que o professor fala aos seus alunos sobre superação e fidelidade. Inspiradoras, as duas palavras expressam as razões que fizeram Luiz Paulo abrir caminhos, lá atrás, para um jovem paraibano de 13 para 14 anos que sonhava em vencer na vida, sem enxergar barreiras diante de qualquer adversidade.

Luiz Paulo foi o responsável por providenciar uma bolsa de estudos para que Thiaguinho e seus irmãos Ylton e Michel, destaques nas competições escolares em João Pessoa, pudessem conciliar a vida acadêmica com o desenvolvimento no voleibol. Após enfrentá-los na quadra e tomar conhecimento de que o pai dos garotos vivia na capital pernambucana, o técnico se empenhou para unir a família e trabalhar com os jovens. 

Os três anos de convivência entre o atual levantador do Sesi e o treinador, nos colégios CEG e Atual, marcaram algumas certezas. Para Luiz Paulo, a de que idade não era limite para alcançar objetivos. Para Thiaguinho, a de que o voleibol seria mais do que uma paixão, mas uma carreira. 

Thiaguinho (terceiro da esquerda para a direita, acima), celebra conquista escolar (Arquivo Pessoal)

O Thiaguinho sempre foi um garoto fiel, humilde e talentoso. Tem uma história linda. Com 14 anos, eu já o colocava para jogar com os mais velhos. As pessoas diziam que eu era louco, mas eu falava: “Vamos lá”. Uma vez, não tínhamos atletas para disputar uma etapa regional do Brasileiro Escolar. Ele falou: ‘Nós vamos jogar’. Formamos um time do zero. Não estávamos nem entre os quatro favoritos. Ele me ajudou a conseguir os atletas, passamos para a semifinal contra o Boa Viagem, colégio onde hoje eu trabalho, fizemos a final com o ginásio lotado e fomos campeões. Eu me lembro da emoção dele no final falando para mim: ‘Nós conseguimos!’. Tenho mais de 125 títulos dessa competição, em todas as categorias, mas aquela, especificamente, por todo o processo, não vou esquecer nunca mais – conta Luiz Paulo.

O jogador mantém contato com o ex-técnico e celebra a amizade construída. Na final da última Superliga, que teve a capital pernambucana como palco, Thiaguinho foi eleito o melhor em quadra sob os olhares do professor que o inspirou a se tornar profissional.

– Foi com ele que comecei a querer ser jogador de vôlei de verdade. Tanto que quis me mudar para São Paulo. Iria para o Pinheiros, mas teria que aguardar um ano, até outro levantador subir de categoria. Não queria esperar e fui fazer um teste no Centro Olímpico, no primeiro ano de infantil. Passei, fiquei um ano lá e fui para o Pinheiros. A presença do Luiz Paulo sempre foi muito importante para mim – disse o atleta, que se diverte ao lembrar do seu lado “dirigente”, mesmo tão novo.

Eu chamava o pessoal que tinha altura e que via potencial. Formamos um time com os garotos do colégio e fomos campeões. Alguns nem sabiam jogar no início. A ideia era aprender. No final, deu tudo certo. Foi muito legal. Ele confiava bastante em mim e nos meus palpites. Mostrei que eu já entendia alguma coisa de voleibol – contou Thiaguinho. 

Thiaguinho (terceiro da esquerda para a direita), e equipe de Luiz Paulo Guimarães (Arquivo Pessoal)

Enquanto o atleta seguiu convicto na empreitada de sucesso nas quadras, com direito a um ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023 pela Seleção Brasileira e inúmeras conquistas por clubes, o irmão Ylton deixou o esporte para focar na carreira de dentista. Já Michel chegou a se mudar de Recife para São Paulo com o caçula para tentar a sorte no Centro Olímpico, mas também acabaria optando por uma carreira na odontologia. Luiz Paulo, por sua vez, se mantém determinado a formar vencedores.

Aos 59 anos, ele se orgulha de ter feito parte de diversas trajetórias vitoriosas, como da campeã olímpica Dani Lins. Atualmente, é técnico do Colégio Boa Viagem, referência no voleibol em Recife, por onde passaram outros nomes consagrados, como Marcelo Negrão e Jaqueline. E o futuro promete. Talentos como o ponteiro pernambucano Erick, de 15 anos e 1,96m, que já se destaca no CBI, fazem a roda girar.

– Respeitamos muito o esporte, temos essa premissa. É uma luta diária, mas não nos arrependemos. Faço aquilo que gosto. Aqui do Nordeste já saíram grandes atletas. E quando vemos um Thiaguinho, uma Dani Lins ou um Marcelo Negrão despontarem, ficamos orgulhosos. Meu objetivo aqui é seguir trabalhando para que o vôlei seja cada vez mais forte – afirma Luiz Paulo.