Fê Garay: “Nunca pensei em recusar a convocação”

A ponteira Fernanda Garay deve se apresentar nesta quarta-feira ao técnico da Seleção Brasileira José Roberto Guimarães, no Centro de Desenvolvimento do Voleibol, em Saquarema (RJ). Carol Gattaz, Natália, Macris e Carol, outras quatro que foram chamadas na segunda lista do treinador, já estão no local. Havia uma grande expectativa sobre se Garay, 34 anos, iria ou não aceitar a convocação. Mas, a campeã olímpica nos Jogos de Londres-2012 disse que em momento algum pensou em recusar:

– Não pensei em recusar. Quando o Zé me procurou, eu disse que ficaria muito contente. Tive sim, alguns receios em relação aos limites do meu corpo.  Se teve uma coisa que a maturidade me deu foi a capacidade de ouvir o meu corpo. Mas eu não tinha dúvidas. A conversa foi muito bacana. Me senti muito segura em voltar para a Seleção, se saber que haverá uma adaptação ao meu treinamento para que eu tenha condição de seguir com os jogos e fisicamente aguentar. Tinha dúvidas se eu poderia ajudar o time nessas condições, porque já não sou a mesma de 4, 5 anos atrás. Mas fiquei muito feliz porque ouvi muitas coisas boas por parte dele e da comissão técnica. Eu tive a certeza de que eu deveria brigar para fazer o meu melhor possível – disse Garay.

A ponteira do Dentil Praia Clube anunciou, no início da semana, que vai dar um tempo da carreira após o compromisso com a Seleção – a Liga das Nações, a partir de 25 de maio e os Jogos Olímpicos, em 23 de julho – para realizar o sonho de ser mãe. Em princípio é só um tempo, mas dependendo das condições, pode significar uma aposentadoria.

– Eu ainda não estou pronta para falar que parei. Não sei ainda se é uma pausa ou se é definitivo. Não sei como vai ser depois que eu for mãe. Não me vejo parando ainda. Vou ter de analisar todas as possibilidades que forem surgindo. Eu saí de casa com 15 anos para jogar vôlei. É só o que eu sei fazer. Não sei se sou boa em outra coisa (risos). Nesse primeiro momento, eu não tenho vontade de iniciar qualquer outra atividade, porque eu me conheço, sou muito dedicada e não conseguiria me dedicar do jeito que eu gostaria, viraria uma “work-a-holic”. Mas também não consigo ficar parada muito tempo. Vou acabar inventando alguma coisa – disse Garay.

A ponteira quer encerrar a carreira na Seleção com uma medalha:

– Na sexta-feira, eu recebi com muita alegria a convocação para a Seleção Brasileira… Em 2016 eu não consegui encerrar o ciclo porque foi uma decepção muito grande, depois de quatro anos ter treinado tanto e não ter conseguido a medalha. Ano passado eu não estava em boas condições e não iria conseguir ajudar a Seleção da melhor forma possível como eu sempre tentei. Mas, esse ano foi um ano diferente. Me sinto muito bem fisicamente. Eu me preparei para dar o meu melhor e quem sabe ter a oportunidade de conquistar minha vaga em Tóquio e ajudar a Seleção. Quero ter o o privilégio de encerrar essa parte da minha carreira vestindo a camisa da Seleção Brasileira. Sou muito agradecida à comissão técnica que acredita que eu posso ajudar. Quero dizer a todos que torcem por mim que eu vou fazer o máximo para estar em Tóquio e o fazer o melhor possível para representar o Brasil nos Jogos Olimpíadas. Vai ser uma olimpíada de muitos significados – disse Garay.

Ela comentou a dispensa da companheira de Seleção nos Jogos de Londres e nos Jogos do Rio, Thaisa.

– Não tem como julgar. É uma jogadora importantíssima para o time. Mas eu totalmente entendo a decisão dela. A gente tem que ouvir o nosso corpo. Eu entendo a Thaisa, compreendo o lado dela, cada ano que passa, devido à nossa idade, a gente tem de se dedicar muito mais. A gente tem uma carga de treinamento fora da quadra enorme. É preciso muito para estar em quadra em alto nível – disse a ponteira, principal destaque do Praia na temporada.