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Entrevista - Seleção Brasileira - 17 de agosto de 2023

Gabi: papo franco e muita ralação para sair da zona de conforto

Ponteira brasileira conta como o Brasil digeriu queda na VNL para a sequência da temporada


A eliminação da Seleção Brasileira feminina para a China, nas quartas de final da Liga das Nações, foi marcante. Colocou um ponto final numa série de disputas por medalhas. Mostrou que o time estava longe do ideal em 2023. E fez a comissão técnica e as jogadoras entrarem em acordo: era preciso sair da zona de conforto para a sequência de trabalho antes de Paris-2024. Assim a capitã Gabi define o pós-VNL do Brasil.

Nesta entrevista ao Web Vôlei, a ponteira conta detalhes deste processo, desde a aceitação de que as coisas não estavam bem, ainda em Arlington, minutos após a derrota para a China, passando pela rotina puxada em Saquarema  nas últimas semanas e até chegar no momento atual, com um recado otimista:

– Sabíamos que, no geral, precisávamos melhorar muito. E foi realmente impressionante a evolução. Tenho certeza de que todo mundo vai sentir essa evolução – diz Gabi.

A Seleção tem estreia marcada no Sul-Americano no sábado (19/8), às 20h30, diante do Chile, no Ginásio Geraldão, no Recife (PE).

Confira abaixo o papo com Gabi:

Como o time trabalhou mentalmente a eliminação nas quartas de final da VNL?
Logo que chegamos no vestiário (após a eliminação), nós tivemos uma conversa muito bacana com o Zé Roberto e com a comissão. Ficou claro para a gente que ainda estávamos um patamar abaixo. Tinha muita coisa para buscar e que era palpável. Tivemos a oportunidade de acompanhar grandes seleções que antes não figuravam como grandes favoritas. Perdemos para a China, que há muito tempo estava fora do top 4 das grandes competições, e temos que trabalhar. O processo não é fácil. Havíamos chegado nas últimas quatro finais dos campeonatos que disputamos, mas o processo é esse. Voltaríamos para Saquarema e a dedicação seria diária. Academia, alimentação, treino, puxar peso. Senti tristeza e frustração muito grande, mas, ao mesmo tempo, senti também o grupo querendo vir para Saquarema para se entregar, trabalhar e melhorar. As duas primeiras semanas foram difíceis. O Zé Roberto e a comissão exigiram muito da gente, até para nos tirar da zona de conforto. Era o que precisávamos. Depois dessas três semanas, é visível a evolução do grupo. É um grupo totalmente diferente e sabendo que evoluiu, mas as outras equipes também estão evoluindo. Temos acompanhado o cenário, os jogos, a Copa Pan-Americana, alguns amistosos também. Então sabemos que vai ser todo dia ralação total e sair da zona de conforto.

Gabi, qual balanço você pode fazer deste mês de treinamentos em Saquarema?
No geral, sabíamos que, primeiramente, precisávamos melhorar muito fisicamente. Precisávamos puxar mais peso e precisávamos estar em melhores condições para que, na quadra, as coisas fluíssem melhor. Foi algo que tentamos trabalhar bastante. O preparador físico exigiu bastante da gente na academia e teve um reflexo rápido dentro de quadra. Nossa comunicação melhorou muito também. Na VNL, não estávamos muito com cara de time mesmo, não estávamos conseguindo nos comunicar e fazer as coisas fluírem naturalmente.

Na sua opinião, qual é o fundamento que o Brasil mais precisa melhorar para sequência de competições do ano?
Sabemos que precisamos ter um saque mais forte. Nosso bloqueio-defesa funciona muito bem, mas estamos trabalhando muito o nosso bloqueio no ajuste com as centrais. Ter um pouco mais de inteligência, errar um pouco menos. Não teve nada muito específico. Sabíamos que, no geral, precisávamos melhorar muito. E foi realmente impressionante a evolução. Tenho certeza de que todo mundo vai sentir essa evolução no Sul-Americano.

A rivalidade entre as torcidas turca e brasileira aumentou muito desde o confronto da terceira semana na VNL e a conquista do título inédito por parte das turcas. Você acha que isso pode respingar nas atletas brasileiras que atuam no vôlei da Turquia?
Acredito que não. Para ser sincera, não acompanhei tanto. O que posso dizer é que tenho um respeito muito grande pela Seleção da Turquia. Claro que qualquer rivalidade é muito dentro de quadra. Conheço 90% das jogadoras turcas e temos um respeito muito grande, inclusive com o Santarelli, técnico. Espero que não. Claro que existe essa rivalidade e pode ser que os torcedores estejam um pouco chateados, mas é uma torcida que eu gosto muito. Um país em que me sinto em casa. É a minha segunda casa. Vou para o meu quinto ano lá. Não tenho dúvida de que vai ter essa troca de farpas durante a competição, o que mostra o tamanho das seleções. E isso dá visibilidade para o vôlei. Mas tenho carinho muito grande por eles. Espero que eu chegue lá e esteja tudo bem.