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Entrevista - Superliga - 21 de fevereiro de 2020

Giovane: “Momento complicado não apenas para o vôlei”

Em entrevista ao Web Vôlei, Giovane Gávio falou sobre o fim da equipe do Sesc


O fim do time masculino do Sesc, anunciado na noite desta quinta-feira, após a derrota do time carioca para o Sada Cruzeiro, pegou a comunidade do vôlei de surpresa (leia aqui a nota oficial). Um dos maiores orçamentos da modalidade no país, com campeões olímpicos em quadra (Wallace e Maurício Borges) e no comando da equipe (Giovane Gávio), deixará de existir ao fim da Superliga.

Uma péssima notícia numa temporada marcada por problemas financeiros de vários participantes da principal competição do país, como EMS/Taubaté, Denk Maringá, América e Ponta Grossa. E aumentando as incertezas para o próximo ano.

Nesta sexta-feira, o técnico Giovane falou ao Web Vôlei sobre o fim do projeto do Sesc, atualmente o terceiro colocado na Superliga Banco do Brasil. E ele vê um cenário delicado não apenas para o vôlei, mas para o esporte brasileiro como um todo.

A saída do Sesc do vôlei masculino é um baque num momento de problemas financeiros em vários projeto da Superliga. Como você vê esse cenário do vôlei brasileiro atualmente?
É um momento complicado, não apenas para o vôlei, mas o esporte brasileiro em geral passa por uma situação delicada. Esse cenário é muito preocupante para a Superliga, falo isso independentemente de tamanho ou investimento, equipes correm o risco de fechar as portas, de sair do campeonato, parar de trabalhar com o vôlei.

Você vê uma necessidade de uma reflexão urgente de toda a comunidade do vôlei nacional para pensar em mudanças a curto prazo?
Acho que é importante, sim, mas não apenas quando estamos enfrentando uma crise ou um momento adverso. Discutir a modalidade, debater sobre problemas, sobre o esporte de forma ampla, com frequência, no dia a dia, é fundamental, até para que se possa prever algumas situações e correr atrás de soluções, minimizar impactos, buscar alternativas. Estamos num momento difícil e que envolve muita coisa, afetas muitas áreas, milhares de pessoas.

Muita gente já vê 12 times na Superliga como um certo exagero. Você concorda com isso, Giovane?
A Superliga vem com esse formato nos últimos anos e, ao meu ver, é um número ideal, pelo equilíbrio, pelo lado competitivo. Claro, você não pode comprometer o nível do campeonato, e a preocupação agora passa a ser quantos times, quais times e como será a próxima temporada.

Segundo a nota oficial, você seguirá no projeto do Sesc no viés social. Isso permite que você treine outro time na próxima temporada, por exemplo?
Nesse momento, o meu foco está todo no Sesc, no próximo treino, no próximo jogo, em fazermos o nosso melhor em quadra, chegar o mais longe possível na Superliga, lutar pelo título. Todos estamos tristes com o fim da equipe, claro, mas cabe a nós representar da melhor maneira o nome do Sesc até o fim do campeonato. É preciso também valorizar tudo o que a instituição fez, a estrutura que proporcionou, o investimento e comprometimento com a equipe. Não estou pensando em outra equipe, em nada disso, apenas no que temos pela frente na Superliga.

Como comandante e líder, o quanto é difícil gerir o grupo a partir de agora com notícia do término do projeto?
Todos somos profissionais. Temos uma excelente estrutura, as melhores condições para treinar e jogar, salários em dia… Não conversamos ainda sobre o fim da equipe em grupo, fomos informados ontem logo após o jogo contra o Cruzeiro e cada um foi para a sua casa. Nosso grupo é muito unido, sempre foi, e espero que possamos manter esse bom ambiente até o último jogo na Superliga.

Os atletas e a comissão técnica foram informados pelo Sesc sobre a decisão antes do jogo de ontem?
Não, fomos informados em uma conversa após a partida, no vestiário.