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Coluna - Internacional - Paris-2024 - Seleção Brasileira - 24 de fevereiro de 2024

Gostar do atleta A não deveria significar ser hater do B

Coluna de Daniel Bortoletto sobre um comportamento cada vez mais comum nas redes sociais


O momento de duas selecionáveis me fez refletir, nos últimos dias, sobre um tema cada vez mais incômodo, ao menos para mim. Por que ter um(a) atleta preferido(a) obriga vôleifãs, nas redes sociais, a desmerecerem outro(a)s?

Minha reflexão aumentou ao acompanhar a repercussão das performances de Julia Kudiess e Diana nas últimas semanas. As duas jovens e talentosas centrais foram protagonistas em jogos do Gerdau Minas e do THY, da Turquia, respectivamente.

Recorde de pontos de bloqueio, evolução em outros fundamentos, premiações individuais, amadurecimento, elogios de especialistas… Algo que todo vôleifã, por mais que goste mais de A do que de B, deveria ficar feliz, já que o maior vencedor, no mundo real, é o vôlei brasileiro. Mas não é bem assim que acontece no mundo virtual.

Em alguma página do guia de regras (não escritas) das redes sociais, deve existir um item sagrado para os fanáticos: “se você tem um ídolo é proibido admitir que alguém da mesma posição/função possa ser tão bom quanto”.

O fã da atleta A diz que B é protegida, enquanto o fã de B cria e dissemina a teoria de que A é sim a queridinha. E assim a “discussão” é rasa, insignificante e propícia para a criação de haters. Na minha época de escola, sem internet e redes sociais, seria como encerrar um debate, sem argumentos, chamando o outro lado de “chato, feio e bobo”.

A aproximação dos Jogos Olímpicos de Paris deixa isso mais claro. Diana e Julia estão na disputa por vagas na lista final de José Roberto Guimarães. Dois nomes de uma nova geração, numa posição muito bem representada também por Thaisa, Carol, Carol Gattaz, Adenízia, todas elas já consagradas, olímpicas e com medalhas na principal competição esportiva do planeta.

Eu diria: que bom é ter uma nova geração chegando para ficar! Sem esquecer de uma novíssima geração, liderada por Luzia, já ganhando espaço. E também é ótimo ter as referências mais experientes ainda como protagonistas.  Ganha o vôlei brasileiro. Se você chegou até aqui, encerro o texto deixando uma pergunta para reflexão: será tão difícil assim ver méritos em alguém que não é o seu favorito?

Por Daniel Bortoletto