Luizomar, sobre experiência em Tóquio: “Só gratidão”
Em live ao Web Vôlei na noite desta quarta-feira (11/8), o técnico do Osasco/São Cristóvão Saúde, Luizomar de Moura, falou sobre a experiência como treinador da seleção feminina do Quênia nos Jogos de Tóquio-2020 e encarou o desafio como um presente, depois de ter sido internado com COVID-19 no início do ano.
– Foi um trabalho para implementar a sementinha de uma nova mentalidade no vôlei feminino do Quênia, que é amador. Foi legal a forma como entramos na rotina delas, sem nenhum tipo de vaidade ou expectativa e com a ajuda do Paul (Bitok), o técnico. A gente mostrou que estava ali para ajudar e tentar fazer a diferença e elas entenderam isso. No primeiro dia, enquanto elas alongavam, a gente foi atrás de caixotes para treinar. Achamos um pódio antigo e ele virou vários caixotes. Conseguimos um piso de treino e não tinha as linhas, mas eu falei, vamos embora. Não dá para ficar procurando rato em Veneza. Vamos com o que temos – disse Luizomar, que levou com ele a comissão de Osasco: o assistente Jefferson Arosti, o preparador físico Marcelo Vitorino de Souza, o fisioterapeuta Thiago Menezes Lessa Moreira, o analisa de desempenho Leonard Lopes Barbosa e o gerente de marketing Beto Ópice.
– Foi intenso. Quando eu chegava à noite no hotel ia direto para fisioterapia fazer tratamento no ombro, acupuntura, laser, tinha dia que a gente dava uns 500 saques – brinca Luizomar.
– Elas chegavam dançando e cantando aos treinos. São muito fortes e resistentes a treinamento. Elas sentiam um pouco treinos de defesa, mas podia dar 5 horas de treino que elas aguentavam, como se fosse uma maratona, é a característica atlética delas. As jogadoras melhoraram muito em fundamentos básicos de recepção, por exemplo. Na minha despedida, eu disse que quero que na próxima competição elas sejam reconhecidas sim pela alegria, mas também pela evolução. Elas prometeram treinar mais manchete e toque – disse o treinador de Osasco.
– Um outro ponto que precisam melhorar é a questão do número de erros. A gente tentou controlar isso nos treinamentos, mas sentimos que elas ficaram um pouco travadas, então diminuímos a pressão. É algo que ainda pode melhorar. Contra a Sérvia, cometemos apenas 13 erros e elas saíram do vídeo comemorando e dançando. Mas, contra o Japão, por exemplo, foram 27.
Luizomar disse que se pudesse resumir a experiência em Tóquio a uma palavra, seria gratidão.
– Não imaginava esse convite. Eu me preparei para tentar uma vaga em Tóquio assumindo a seleção peruana, em 2017. Vi ali uma grane oportunidade. Eu conhecia muito bem voleibol peruano por ter ido muitas vezes a Lima com os campeonatos de base. É um país apaixonado pelo voleibol feminino, tem uma boa liga, um grande centro de treinamento e ia sediar os Jogos Pan-Americanos de 2019. Eu iria brigar com a Colômbia, onde Rizola está fazendo um grande trabalho, a Argentina e o Brasil. Elas conseguiram bons resultados, ganharam do Minas com Lavarini, Carol Gattaz e Rosamaria… Mas depois houve problemas para negociar valores com a nossa comissão técnica e acabou não dando certo. Então, quando recebi o convite da Federação Internacional para preparar o Quênia, vi como uma outra grande oportunidade. Principalmente depois de tudo o que eu vivi com o COVID-19. Eu estava no hospital e tive um parceiro de quarto que estava conversando com a filha, falando sobre senha, seguro, senha de banco, eu pensei: “será que tenho de falar com a minha família também?”. Então, por isso, só tenho gratidão por tudo o que eu vivi em Tóquio – completou Luizomar.