Reforço do Dentil/Praia Clube para a temporada 2024/2025, a levantadora Macris explicou o motivo de retornar ao Brasil. Em entrevista à “Rádio Itatiaia”, de Minas Gerais, a paulista de 35 anos afirmou que sentia saudades do calor da torcida brasileira e que precisava garantir a recuperação física total.
– É claro que lá na Turquia havia muitos fãs, muita gente acompanhando. O Fenerbahce (um dos clubes mais populares do mundo) era uma família, mas o calor do brasileiro é diferente e eu sentia falta disso – revelou Macris.
Macris também apontou o projeto vencedor do Praia Clube, atual vice-campeão da Superliga, como determinante para a escolha:
– É algo que eu sempre busquei como atleta: crescimento e evolução. Eu treino e me esforço para chegar às finais. É claro que no THY foi diferente, porque o time não foi montado para ser campeão, mas eu sempre busquei ser campeã e isso me motiva muito – acrescentou Macris.
A jogadora, que já tinha atuado no voleibol mineiro entre 2017 e 2022, mas pelo Minas, onde foi campeã da Superliga, também afirmou que via no Brasil uma grande oportunidade para garantir a recuperação de sua lesão na coluna.
– Senti que era o momento de voltar para casa. Principalmente por causa do momento que estava vivendo com a condição física. Procurar realmente me estabelecer, todos os caminhos para me fortalecer e recuperar fisicamente em relação à minha lesão na coluna. Esse foi o melhor momento. Fiquei feliz de poder voltar e vou me entregar de coração. Fui muito feliz no Minas e agora espero contribuir com as pessoas nessa minha volta – contou Macris.
Confira outros tópicos da entrevista com Macris
Temporada 2023/2024 pelo THY
“Foi uma temporada bem desafiadora, ao mesmo tempo trazendo muito aprendizado. Isso fortaleceu todos. Nós brasileiros conversávamos muito sobre o quanto aquilo era um desafio e como iria nos ajudar e nos fortalecer para os próximos desafios, como as Olimpíadas. Foi uma temporada muito desgastante, mas conseguimos o quarto lugar, que era o nosso objetivo inicial. Até tentamos o terceiro lugar, mas estávamos disputando contra o time da Gabriela Guimarães e era bem complicado”.
Gabi
“Ela é uma referência. Tinha que ter uma estátua para ela na Turquia. Ela é líder, um exemplo. Inspira atletas do próprio time e até de outros times. Sempre vi muito respeito por ela e pela pessoas que ela é. Foi muito bacana e gratificante ter ela por lá”.
Liga Turca
“A Liga Turca é uma das mais complicadas do mundo. E a gente sabe que lá, as disputas de jogos e finais de Campeonato são intensas. O campeonato todo é. Tanto que, quando jogamos contra equipes que não estavam cotadas para ficarem entre as melhores, a gente teve dificuldades, porque, de fato, o nível é muito alto. Joguei pelo Fenerbahçe na temporada passada, onde a gente lutou bastante e foi campeã da Liga Turca. Porém, foi com muitas dificuldades. A gente sabe o quanto é essencial você estar em um nível alto o tempo todo”.
Como foi trabalhar com Zé Roberto na Turquia
“Para falar a verdade, eu senti como se fosse uma extensão da Seleção. Lá no clube, a linha de trabalho é a mesma. E isso é muito bom. Então, a gente acaba ajustando coisas que não consegue ajustar no tempo de Seleção. Mas esse ano também foi um desafio porque eu estava voltando de lesão na coluna. Então, todo meu início de temporada foi bem difícil porque ainda precisava voltar à minha melhor condição física, mas foi muito bom estar com ele. É sempre muito bom esta com ele. Ele tem muito conhecimento e amor pelo vôlei, o que nos inspira sempre”.
Projeto do Barueri
“Isso faz toda a diferença. Acho que elas foram privilegiadas. Todos os atletas que tiveram a oportunidade de trabalhar com ele são privilegiados se tiverem cabeça e souberem absorver os ensinamentos dele. Ele vai cobrar, ele tem a forma dele de falar, de colocar para gente o que a gente precisa fazer. Se a gente tiver não questionar “poxa, porque ele falou assim comigo”, as coisas fluem melhor. Isso é mais complicado para os mais jovens. Os mais velhos entendem melhor, mas quem tem oportunidade de aprender com ele, é privilegiado”.
Exigência física do voleibol
“Uma coisa que aprendi com a lesão é justamente essa: ter um calendário de preparação bem definido. No ano passado, por exemplo, eu e a Ana Cristina jogamos as finais da Liga Turca, foram cinco jogos com partidas em dias sim e dias não. Foram duas semifinais e depois três finais. Foram jogos muito intensos. E depois disso tudo, a gente voltou para o Brasil, e depois fomos para Saquarema e para o Japão. Por mais que nós quiséssemos dar o nosso melhor, o meu corpo pediu uma pausa e eu respeitei. Agora é prestar atenção para que isso não se repita”.
Expectativa para a temporada de Seleção Brasileira
“As Olimpíadas começaram quando se encerraram Tóquio. Nossa mentalidade é essa. A corrida olímpica começou ali, a preparação começou ali. Cada dia conta muito, ainda mais agora, com menos de 100 dias para os Jogos Olímpicos. Provavelmente na VNL, as equipes não jogam completas, mas essa pode ser um pouco diferente, porque todas as vitórias e pontos vão contar para a classificação dos Jogos Olímpicos. Então, todo jogo vai ser muito importante. Vamos no gás total em todos os jogos”.
Principais concorrentes do Brasil
“Eu digo sempre que é difícil dar palpites antes. Em Tóquio mesmo, a gente estava cotada para ficar em quinto e sexto, sem expectativas. E fomos até a final olímpica. Algumas equipes, como a China, que estavam cotadas, sequer chegaram aos playoffs. A gente nunca sabe o que pode acontecer. O Zé sempre fala que as Olimpíadas têm uma magia diferente, é algo que mesmo tendo favorito, fica complicado dar palpites. Mas se a gente pensar nos últimos campeonatos, podemos destacar Turquia, Sérvia, EUA, Itália e China. Há muitas seleções fortes, mesmo que não tenham chegado em finais recentemente”.
O que melhorar no voleibol brasileiro
“Eu vejo que o voleibol brasileiro tem evoluído muito bem ao longo dos anos. Ele vem procurando ter mais interação com torcida e divulgação nas mídias. Isso faz as pessoas acompanharem mais, incluindo crianças e adolescentes, o que traz a profissionalização. O que eu acho que tem aqui é pouco estrangeiro. Então, a gente joga muito ao estilo brasileiro, com defesa forte e muitos rallies. Lá fora, é mais “porradaria” dentro de quadra”.