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Destaques - Entrevista - 23 de abril de 2020

Macris: “Técnicos estrangeiros me deram uma nova visão do jogo”

Em live no Minas, Marcis falou sobre Seleção, Olimpíada, levantadoras em que se espelha, início da carreira e veganismo


Eleita cinco vezes melhor levantadora da Superliga, MVP da Superliga 2018/2019, campeã do Grand Prix de 2017, melhor levantadora do Mundial de Clubes de 2018, melhor levantadora da Liga das Nações 2019, melhor levantadora do Sul-Americano 2020. A levantadora Macris, 31 anos, 1,78m, tem se firmado, cada vez mais, como o da levantadora titular do Brasil na Olimpíada de Tóquio-2021. Em live organizada pelo Minas Tênis Clube nesta quinta-feira à noite, a jogadora do Itambé/Minas falou sobre carreira, Seleção, Olimpíada, Minas, veganismo e admitiu que um dos desafios da temporada foi se adaptar à bola alta das centrais Thaisa (no Minas) e Fabiana (na Seleção).

– O alcance delas é muito alto. Mas, com treino, vamos nos aperfeiçoar cada vez mais.

O Web Vôlei acompanhou a live e separou os principais trechos da conversa:

Momentos especiais no Minas

Foram vários…  No Minas eu tive a primeira oportunidade de participar e conquistar um Sul-Americano, no meu primeiro ano no clube eu cheguei pela primeira vez a uma semifinal de Superliga (2017/2018), fui pela primeira vez a uma final e conquistei minha primeira Superliga (2019/2020), pela primeira vez participei de um Mundial (2018 e 2019)…. Foram muitos momentos positivos, muitas estreias, foi a minha primeira vez trabalhando com técnicos estrangeiros…

Técnicos estrangeiros

Ter a experiencia de ser treinada por técnicos estrangeiros é maravilhoso. É uma nova linha de pensamento, é muito bom. As passagens por Lavarini e Nicola me deram uma nova visão de jogo, nova perspectiva, me ensinaram a fazer novas escolhas no jogo.

Rotina

Temos uma rotina pesada. São dois treinos por dia. Fazemos a parte física, a academia, pela manhã, e à noite ou à tarde temos o treinamento coletivo, com bola.

Jogo veloz

A tendência mundial é a velocidade. E isso deve ser buscado pelas jovens levantadoras.

Prêmios individuais (5 vezes melhor levantadora da Superliga)

É um trabalho em equipe. As estatísticas de levantamento levam em consideração muita coisa, como por exemplo se o levantamento deixou a atacante em bloqueio simples, quebrado, a qualidade dele.. então eu dependo da linha de passe, dependo da recepção na mão, dependo de uma atacante rápida para que eu possa usar a velocidade e conseguir driblar o bloqueio adversário… é um esporte coletivo. Está tudo interligado. É importante que tenhamos a consciência disso.

Inspirações

Eu sempre gosto de mencionar a Fofão, claro. Craque não só como atleta, mas também como pessoa. Alguém que eu sempre acompanhei e me inspirei. Uma pessoa que não tem o que falar. Outras atletas também. A Fernanda Venturini tem a sua genialidade, desde pequena já ganhava. Acho que já até pedi autógrafo quando ela jogava no Leite Moça. Tinha o autógrafo guardado há até pouco tempo. Eu também gosto muito de assistir a vídeos e tentar agregar algum tipo de novidade, alguma coisa que outras pessoas tenham e que eu possa agregar. Acompanho o jogo da Maja (a sérvia Maja Ognjenovic), a Wolosz (a polonesa Joanna Wolosz), a Tomkom (Nootsara Tomkom, tailandesa), Takeshita (a japonesa Yoshie Takeshita). São levantadoras que nesse aspecto de fundamento e distribuição eu procuro aprender alguma coisa nova.

Pressão

Pressão existe em qualquer área da vida. Tudo aquilo que você constrói em treinamento é o que vai facilitar na hora do jogo. Quanto mais você se preparar, você vai ter confiança, segurança na hora do jogo. Você vai reproduzir no jogo tudo aquilo que você treinou.

Jogos decisivos

No jogo, o foco tem de ser ponto a ponto. Se a gente olhar para o placar, pode se desesperar e esquece que o jogo é jogado ponto a ponto. Tem de pensar assim para, de repente, construir a virada.

Concentração

Ouvir música, fica na alegria do vestiário, tem gente que dança, se distrai. Eu costumo repassar na minha mente o jogo, passagem por passagem, o que pode acontecer, o que eu quero que aconteça, e tento me concentrar nas coisas positivas. Faço uma oração, damos as mãos todas juntas e vamos para o jogo.

Tem alguma superstição?

Não.

Elogios do William Mago, que falou que é fã dela e que ela é muito craque.

O Mago em pessoa? Que honra (risos) Obrigada!

Bola de segunda

A bola de segunda é o terror de todos os adversários e para nós também. Eu tento surpreender, sempre.

Torcida do Minas

Essa troca, a importância que a torcida do Minas tem no papel de empurrar o seu time e ser o sétimo jogador em quadra no momento de dificuldade é essencial. Sou muito grata a todo o carinho da torcida. Eles me receberam muito bem quando cheguei ao clube.

Fada vegana

Apelido super positivo, super bonitinho. Adoro o apelido.

Veganismo

Sou vegana desde 2017. Em 2016, no meio do ano, eu já estava conhecendo mais o assunto. Era uma coisa que nunca tinha aparecido para mim. Eu não sou muito de redes sociais e nunca ninguém tinha parado para conversar comigo sobre a indústria animal, o sofrimento animal… E quando eu tive a oportunidade de aliar isso, aliado ao conhecimento científico, e eu vi que atleta também poderia adotar esse estilo de vida, de ter uma alimentação saudável e manter o nível como atleta, eu me convenci. O veganismo veio para mim pelo meu amor pelos animais. Eu sempre amei, sempre cuidei, desde pequena eu sempre gostei de cuidar dos animais. Eu queria ser veterinária.

Vôlei em família

Meus pais jogavam voleibol. O Zé Roberto, inclusive, conheceu meu pai. Minha família respirava o esporte e isso me levou a gostar do vôlei. Desde o mirim, eu sempre fui levantadora. Depois que eu saí do sistema 6 x 0 (quando todos os jogadores fazem todas as funções na quadra, nas categorias de base). Aí fui para o mirim, no sistema 4 x 2 e comecei a atacar, mas sempre sendo levantadora mesmo. Eu tinha uma estatura bem baixa. Não que eu seja alta agora. Mas meu estirão veio bem mais tarde.

Seleção Brasileira

Eu acho que a Olimpíada, para todos os esportes, é o campeonato que todo mundo quer ir. É o ápice de todos os esportes Eu procuro estar sempre preparada para disputar qualquer desafio que venha. Vou fazer o meu melhor para, quem sabe, defender a camisa do meu país. Estou focada em estar em boas condições. Se for convocada, quero corresponder.

Dificuldade em levantar alguma bola para alguma jogadora?

Sempre tem, principalmente, no meu caso, se passar muito tempo sem atuar com jogadoras com determinada característica. Para mim, levantar bola de jogadoras como Fabiana e Thaisa, que têm outro tipo de movimentação, de alcance, de perfil, foi algo que inicialmente eu tive dificuldade. Mas, claro, com a qualidade delas, com conversa, a gente vai chegando aos poucos ao aperfeiçoamento.

Levantamento com uma mão

Minha técnica de toque, eu falo que ele é meio torto (risos), eu tenho dificuldade de girar o punho. O dedão praticamente não encosta na bola. Então, quando a bola está muito próxima da rede, eu tenho dificuldade de levantar com as duas mãos. Por causa dessa deficiência, eu tive de adaptar essa técnica com uma mão só. Foi algo que surgiu naturalmente pela necessidade. Tentei observar em vídeos como outros jogadores faziam e tentei fazer.

Número 3

Meu aniversário é no dia 3 de março. Então, o 3 está totalmente ligado. Acho que acabei me ligando a esse número por conta disse

Qual a sua central favorita (pergunta da Carol Gattaz)?

Saia justa. Vou entrar na live de vocês e também fazer pergunta de saia justa (risos).