Moska, técnico do Curitiba, sai em defesa de atletas que sofreram racismo

O técnico Pedro Moska, do Curitiba, escreveu em longo, sensato e coerente texto sobre o caso de racismo na noite de sexta-feira, pela Superliga B feminina, na vitória do time paranaense sobre o Tijuca.

Casado com Elis, uma jogadora de vôlei preta, o treinador disse que teria parado a partida de ontem se soubesse do caso. Confira abaixo o texto publicado por Moska:

“Antes de mais, quero me dirigir a Camilly, Dani Suco e Thais. Você têm todo meu amor, apoio e respeito. Adversárias? Só até o último ponto. Como acredito que todo mundo saiba, a família que eu escolhi pra mim, a gente que mais amo nesse mundo, é preta. Qualquer ofensa racista atinge minha família e me atinge.

A investigação, o texto da súmula, os desdobramentos estão nas mãos das pessoas competentes pra isso. Quero me dirigir especificamente a vocês três dizendo que, se eu tivesse ouvido ou mesmo soubesse que vocês estavam passando por isso, eu teria parado o jogo. E quero me dirigir às atletas que são do meu time. Se isso acontecer contra vocês, eu também paro o jogo. Nessas horas, não tem rede separando. É o mesmo esporte e a mesma gente. A minha gente. O meu esporte.

Agora, vou me dirigir ao público do vôlei. Quando vocês decidem vir e apreciar o nosso esporte é bom que saibam:

Aqui é lugar de preto.
Aqui é lugar de LGBTQIAPN+
Aqui é lugar de gente.
Aqui é lugar de respeito e educação.

Se isso indispõe você, aqui não é SEU lugar. É nosso. Quando você é racista com um de nós, é racista com todos nós. Quando é homofóbico com um de nós, é homofóbico com todos nós.

Toda generalização é um erro, e é claro que não são todos os torcedores. Pelo contrário, são cada vez menos, mas ainda existem. Porém, pra que o esporte cumpra bem o seu papel, a gente precisa dos bons pra afastar os maus. Eu, Pedro, nunca vou sair do lado do meu esporte nem da minha gente. Contem comigo, meninas. Conte comigo, voleibol”, postou Pedro Moska.