Não é apenas mais uma derrota
Opinião de Daniel Bortoletto sobre o complicado momento da Seleção masculina
Em dois dias, a Seleção masculina de vôlei flertou com a derrota diante da República Tcheca e perdeu para a Alemanha. Tudo isso no Maracanãzinho lotado. Os tchecos estão em 21º no ranking mundial, enquanto os alemães estavam em 14º antes do duelo desta terça-feira. Um rival do terceiro escalão e outro do segundo, com todo respeito que ambos merecem. O que tudo isso quer dizer?
O nível do Brasil caiu muito. A atual Seleção tem acumulado atuações muito abaixo do aceitável. Fico feliz em escrever isso? É claro que não. Mas é a realidade. Querer ignorar tal cenário, apenas citando o “equilíbrio do vôlei mundial na atualidade” como pano de fundo para os últimos resultados só vai atrasar a tentativa de mudar o cenário brasileiro.
O Brasil não mostra evolução técnica e tática em quadra. A derrota por 3 a 0 para a Argentina, na final do Sul-Americano, no Recife, acendeu um alerta. Foi no dia 30 de agosto. De lá pra cá, o time treinou quase um mês. E pouco ou quase nada cresceu, vide as últimas atuações no Rio.
Renan repete erros na escalação e nas escolhas para convocar os 14 para as últimas competições. Muitas vezes não mexe ou demora muito para trocar peças-chave. E paga caro por escolhas feitas durante todo o ciclo olímpico. Pouco renovou, pouco testou e vê em quadra uma equipe insegura, sem brilho, com raras opções para mudar um jogo quando está em dificuldade. A CBV resolveu bancar o treinador no Pré-Olímpico e colocava na balança o pódio no último Mundial para defender sua posição. Dificilmente terá motivos para manter a mesma posição ao fim da competição, olhando para critérios de performance e não apenas o resultado final em uma competição.
Some a queda verde-amarela com o crescimento de outros tantos países mundo afora nos últimos tempos. E tenha um cenário pouco animador pela frente para o Brasil.
Por Daniel Bortoletto