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Fora de Quadra - 6 de janeiro de 2019

No Bola da Vez, Giba fala sobre corte de Ricardinho, família, doping e pós-carreira


Em entrevista ao programa “Bola da Vez” da ESPN Brasil, veiculado pela primeira vez na madrugada deste sábado, o ex-ponteiro da Seleção Brasileira, campeão olímpico em Atenas-2004 e mundial em 2002, 2006 e 2010, Giba, falou sobre os rumos após o fim da carreira como jogador, família, doping na Itália, o polêmico corte do levantador Ricardinho antes do Pan-Americano de 2007 e vários assuntos recentes do vôlei mundial. Confira alguns trechos da entrevista, que contou com a participação do editor do Web Vôlei, Daniel Bortoletto.

Para quem quiser ver o programa na íntegra, a ESPN irá reprisar o programa nos seus canais nos próximos dias, em diferentes horários. Confira no guia de programação.

Melhor levantador com quem jogou

Joguei com vários levantadores excepcionais, mas Ricardo, com quem joguei durante 5 anos, foi o melhor. Ele tinha uma leitura incrível do jogo, sabia a minha bola e me conhecia muito bem, a gente dividia o quarto, conversávamos sobre o jogo do dia seguinte, o treino… Ele fazia coisas como dizer, antes da partida, como iria ser, quem o adversário iria marcar, quem ele iria acionar mais… E acertava. Era impressionante. Sem dúvida foi o melhor com o que joguei. Mas joguei também com o Maurício, outro jogador excepcional. Os dois foram os melhores do mundo, na minha opinião.

Melhor ponteiro que já enfrentou

Papi (italiano), sem dúvida

Corte de Ricardinho no Pan de 2007

A Seleção Brasileira é uma empresa, tinha um presidente, o Bernardo, e funcionários, nós. E o presidente mandou um funcionário embora, foi o que aconteceu (risos). A gente combinou de não falar nunca sobre esse assunto. O que aconteceu naquela sala, ficou naquela sala. Acho que ninguém nunca vai quebrar o pacto e contar o que aconteceu. E não adianta me cutucar que eu não vou falar (risos). Só se tivéssemos de negar algum absurdo, como quando chegaram a dizer que a briga foi por conta de premiação. Não foi. O que eu posso dizer é que existia uma hierarquia, como em qualquer empresa.

Manifestação política dos jogadores durante o Mundial de 2018

Não falo de política. Cada um tem a sua opinião. Não faço parte de nenhum lado. Prefiro fazer parte do meu país, lutar pelo meu país, independente do partido. Não posso falar nada, mas eu não faria. Não posso dizer exatamente o que aconteceu. Não sei o que eles falaram, o que eles combinaram no vestiário… Mas eu não faria.

Separação

Eu parei de falar sobre o assunto (separação da ex-jogadora Cristina Pirv, após ele assumir um relacionamento extra-conjugal com a atual esposa, na Argentina, em 2012), para proteger as crianças. Eles chegaram a ter problemas na escola com pressão, perguntas… O que eu falo é que foi um relacionamento que deixou dois lindos frutos, que são a Nicoll (14 anos) e o Patrick (10 anos).

Mundial-2018

Não foi o Brasil que não jogou. Foi a Polônia que não deixou o Brasil jogar. (A Seleção Brasileira do técnico Renan Dal Zotto perdeu a final para os poloneses por 3 a 0, repetindo o vice-campeonato do Mundial de 2014).

Times da maior rivalidade na sua época?

Itália e Rússia. Muita gente fala os Estados Unidos, mas a gente brincava que esse era um trauma do Bernardo (risos) (O técnico Bernardinho era o levantador reserva da Geração de Prata, que perdeu a final dos Jogos Olímpicos de Los Angeles-1984 para os norte-americanos, por 3 sets a 0). Vídeo sobre a Rússia: uma hora. Vídeo sobre os Estados Unidos: duas horas e meia. Falava brincando: “Bernardo, para que isso? A tua geração perdia para eles, a nossa não” (risos).

Aposentadoria

Agora sou presidente da comissão de atletas da Federação Internacional de Vôlei (FIVB). Cheguei a fazer alguns cursos durante a minha carreira, porque sabia que a minha carreira iria influenciar no meu pós-carreira. Por exemplo, eu falava para jogadores como Gustavo, Dante, gente, fica para tirar foto com os fãs depois do jogo. Tem torcedor que viaja 2 mil quilômetros para te ver, para tirar foto com o ídolo. E eu ficava às vezes horas depois do jogo para atender a todos e tirar foto e dar autógrafo porque gostava e sabia que aquilo iria influenciar o meu pós-carreira, como influenciou. Hoje de manhã, por exemplo, fui visitar um centro de reabilitação de drogas, não custa nada. A gente tem tempo, basta saber gerenciar. É um projeto que eu tenho há quatro anos no Rio.

Se tivesse hoje 26 anos o que faria diferente

Tomaria suplemento, por exemplo. Suplemento na minha época era arroz e feijão. Essa tecnologia adiada à medicina fez com que os atletas ficassem muito mais fortes. Os jogadores hoje são muito mais rápidos. Você vê a Rússia hoje, assusta.

Seleção Juvenil

Tinha 5 bifes para 18 cavalos (risos). Nosso aquecimento era uma volta correndo na Lagoa da Pampulha. Essa geração não sabe o que é dificuldade. Minha filha outro dia pediu para ir de ônibus para escola para ver como é (risos).

Doping

De certa forma foi uma forma de me colocar no meu lugar. Foi um tapa na cara tipo “Moleque, acorda”. Era o tapa na cara que eu precisava. Eu estava achando que era mais do que era. O baque deu certo. Depois do doping, fui eleito seis vezes o melhor do mundo.