O esporte, infelizmente, não era para todos
Saída de Ana Moser é uma ducha de água fria para quem via o esporte como política pública
A demissão de Ana Moser do Ministério do Esporte, nesta quarta-feira (6/9), é um duro golpe para a comunidade esportiva do país. Ela escancara algo que já se sabia, mas que muita gente se esforçava para acreditar ser diferente agora.
O esporte não é, nunca foi e talvez nunca será prioridade entre as políticas públicas do país. E aqui não falo do esporte de alto rendimento, aquele de uma medalha olímpica ou outra a cada quatro anos. Falo da prática esportiva como instrumento para o desenvolvimento humano e social de quem não tem acesso ou oportunidades.
Esse é o viés que Ana Moser conhece muito bem, como uma empreendedora social, alguém que fez e ainda fará muito com o Esporte e Educação, um projeto de inclusão. Dentro das limitações de levá-lo aos quatro cantos do país, parecido com o tal “Esporte para Todos”, que virou tema de campanha nos palanques e que acreditava ser possível tirar do papel com ela no ministério.
Ministério, diga-se de passagem, extinto ou escanteado em outros governos recentes. Ministério, agora, nas mãos de um político profissional, raiz, aquele que negocia com seus pares em troca de apoio legislativo, sempre muito bem “respaldado” pela liberação de emendas. Um ministério até pouco “valorizado” pela classe política, mas que virou interessante da noite para o dia com a enxurrada de verbas a caminho por conta da nova lei das apostas esportivas.
A tal da governabilidade escancarou o esporte como ele é não Brasil. Para poucos.
Por Daniel Bortoletto