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Destaques - Entrevista - Superliga - 10 de março de 2021

Pedro Moska: “Essas meninas são guerreiras”

Técnico do Curitiba, Moska faz balanço da fase classificatória, vê Osasco como muito favorito, mas diz que time "quer mais"


Um dos times-sensação a Superliga Feminina de Vôlei 2020/21, o Curitiba encantou na fase classificatória por ser um time veloz, com jogadoras de muito potencial – além de contar boa parte da temporada com as campeãs olímpicas Sassá e Valeskinha – uma levantadora (Bruninha) que surpreendeu pela força e liderança no grupo e um técnico, Pedro Moska, que soube comandar o grupo e levá-lo à sétima posição ao fim do returno. Veja aqui a classificação.

O Curitiba foi um dos últimos times a confirmar sua presença na Superliga, por conta da demora em garantir o patrocínio e foi um dos últimos a ir ao mercado atrás de jogadoras. As contratações, no entanto, foram cirúrgicas e o que se viu foi um time entrosado em quadra, com muita entrega e boa técnica. Nas últimas semanas, por conta dos casos de covid no grupo, teve de fazer 9 jogos em 21 dias, com deslocamentos entre cinco estados, e o abatimento físico da equipe era visível. Agora, o desafio é tentar superar o cansaço e o favorito Osasco São Cristóvão Saúde na série melhor de três das quartas de final. O primeiro jogo será na próxima sexta-feira, às 19h, no José Liberatti, com SporTV. Veja aqui a tabela dos playoffs.

Pedro Moska conversou com o Web Vôlei e fez um balanço da temporada. Elogiou o grupo, contou a saga dos últimos dias e garante que a equipe não está acomodada. Quer mais: “Passamos pelo que tínhamos que passar e o saldo é: um time mais unido do que nunca, mais focado do que nunca e mais forte psicologicamente do que nunca. Essas meninas são guerreiras e querem mais”.

Confira abaixo a entrevista:

WEB VÔLEI – Como está o time física e psicologicamente após uma maratona insana de jogos nas últimas semanas?

PEDRO MOSKA – Bom, foram 9 jogos em 21 dias. Uma sequência de 3 jogos em 5 dias e 4 estados diferentes. E uma outra de 4 jogos em 8 dias em 4 estados diferentes também. Isso que no 1º turno já tínhamos feito 2 jogos em 2 dias em 2 estados diferentes. É claro que isso influencia. É claro também que atrapalha fisicamente. Fora que tivemos um time inteiro com COVID no começo do 2º turno da Superliga. Quando voltamos pra Copa Brasil, tínhamos feito 2 treinos depois de 14 dias. É insano. Fisicamente o time estava durante essas sequências em pedaços. O que fizemos foi focar na parte física mais que tudo pra recuperá-las na melhor forma possível. Alguns sacrifícios foram feitos. Todas com dores, algumas lesionadas. Mas, o problema estava na nossa frente. A pergunta era: o que fazer para solucioná-lo? Aí que vem a parte psicológica. Esse time é tão focado, tão unido, que o que era pra deixar todos meio abalados, serviu de combustível para a superação. Passamos pelo que tínhamos que passar e o saldo é: um time mais unido do que nunca, mais focado do que nunca e mais forte psicologicamente do que nunca. Essas meninas são guerreiras e querem mais.

WEB VÔLEI – Qual a expectativa no playoff contra Osasco?

PEDRO MOSKA – Osasco não precisa de apresentação. É uma das camisas com mais tradição no voleibol nacional. É um gigante. Tem no Luizomar um referencial. Uma CT diferenciada. Uma equipe fortíssima. Vai ser Davi contra Golias. Sabemos o que vamos enfrentar. O que a gente quer é continuar fazendo bons jogos. Entrar em quadra e deixar ali dentro nosso 100%. Ganhar ou perder, faz parte do esporte.

WEB VÔLEI – A Bruninha se mostrou uma grande líder e levantadora, muito técnica e rápida. Te surpreendeu? Sente um pouco da influência do jogo da Macris, já que ela ficou duas temporadas com ela no Minas?

PEDRO MOSKA – A Bruna não me surpreendeu. Acompanho a trajetória dela. Sabia de tudo que ela era capaz. Sabia da personalidade dela. Ela é uma vitoriosa na vida. Isso acaba fazendo a pessoa ser vitoriosa em tudo que faz. Ela representa a garra da equipe. O que me surpreende foi a amizade que a gente tem um com o outro hoje. A cumplicidade. Acho que isso é um ponto de muito equilíbrio pra equipe também. Com relação a Macris, ela mesmo fala que é uma referência pra ela. A Bruna tem muito a mostrar. Acho que ela tem potencial pra chegar à seleção brasileira. Curiosidade: Mesmo com 1,70m, ela é a levantadora que mais bloqueia na Superliga.

WEB VÔLEI – O que mais gostou desse grupo especificamente?

PEDRO MOSKA – Sem medo de errar, a união delas. Eu posso te falar hoje que todas são amigas. Todas buscam o melhor uma da outra fora e dentro de quadra. Existe a cobrança, mas, acima de tudo, existe o respeito. Eu não tive nenhum problema com esse grupo, e isso sim pra mim é surpreendente. Eu, como iniciante, poderia ter problemas comandando um elenco tão versátil, indo de campeãs olímpicas a atletas que nunca haviam disputada uma Superliga. Mas elas, todas, me ajudaram muito mais do que eu as ajudei.

WEB VÔLEI – Você fica no Curitiba mais uma temporada?

PEDRO MOSKA – Então…não conversamos sobre isso ainda. O foco agora é total no Osasco. Queremos fazer história. Temos que estar concentrados nisso. Depois a vida se encaminha do resto.

WEB VÔLEI – Já existe alguma conversa sobre manter a base e o patrocínio para a próxima Superliga?

PEDRO MOSKA – Sobre esse assunto eu não posso responder. Essa pergunta seria mais voltada pra Gisele Miró, que conduz esse projeto desde o começo com muito suor. Patrocínios: com certeza precisamos.

WEB VÔLEI – Quais jogos você mais gostou do time nesta Superliga?

PEDRO MOSKA – Não sei exatamente falar um jogo. Teve jogos espetaculares que a gente ganhou e teve bons jogos que perdemos. Eu considero a temporada; gostei da temporada. Fomos regulares até nos momentos mais difíceis.

WEB VÔLEI – Por fim, qual o balanço você faz do seu trabalho nesta Superliga? O que mais aprendeu? E o que foi mais difícil?

PEDRO MOSKA – Eu acho que o trabalho foi muito bom. Se formos analisar, temos o 11º orçamento da Superliga. Ficamos em 7º. O menor elenco em número de atletas. E fizemos a melhor campanha da história do Curitiba. 7º lugar e 28 pontos. Isso fala por si só. Mas o meu trabalho na Superliga está totalmente atrelado ao trabalho de outras pessoas. A Gisele, por dar as condições que a gente precisa. A toda a CT, que trabalhou intensamente pra gente poder chegar a esses resultados. E principalmente as atletas, por acreditarem no nosso trabalho. Acreditarem em mim. Isso fez toda a diferença pra poder dizer que o trabalho foi muito bom. Essa Superliga foi muito desafiadora. Tudo isso que o mundo está passando é muito louco. Aprendi muito a superar as adversidades que iam se apresentando. Ter que ir se adaptando as coisas que iam acontecendo. Isso exigiu muito de todos, não apenas de mim. O mais difícil com certeza é manter todo mundo focado no mesmo objetivo. Eu, como líder dessa galera, tenho que sempre estar encontrando meios pra ninguém perder o foco. Mostrar a cada um o tempo todo a importância que tem. Manter esse grupo unido do começo até o fim foi um grande desafio. E eu acho que eu consegui.

Por Patrícia Trindade