Paris será a sede dos Jogos Olímpicos seis meses
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Seis meses para Paris-24. Dúvidas e dilemas de Zé e Bernardinho

Coluna de Daniel Bortoletto sobre as Seleções de vôlei a seis meses dos Jogos Olímpicos


Faltam seis meses para a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris. Para os vôleifãs, a sexta-feira (26/1) serve como reflexão para o momento do vôlei brasileiro pensando no grande momento de 2024.

Vou começar com o masculino. A nova era Bernardinho, com apenas uma VNL para disputar antes da Olimpíada, tem espaço para novidades? Eu creio que sim. Não apostaria em grandes surpresas, com nomes fora do radar aparecendo do nada, mas sim em mudanças pontuais.

Uma delas é a volta de Douglas Souza. Com os problemas físicos de Leal nos últimos anos, a sobrecarga em Lucarelli ficou nítida. E não existe no Brasil ninguém mais pronto e capaz de assumir essa lacuna na ponta hoje, olhando para os demais nomes já testados na posição, colocando na balança a experiência internacional e o nível atual de jogo.

No fim de ano, em uma entrevista pós-partida do Farma Conde/São José, Douglas, pela primeira vez, deixou uma fresta na porta ao ser questionado sobre o retorno. Na era Renan, essa porta estava bem fechada. Hoje, faltando seis meses para os Jogos, eu diria que a possibilidade do retorno de Douglas é real.

Douglas Souza
Douglas Souza premiado ao fim da última Superliga (Maurício Val/CBV)

No mais, tenho curiosidade para ver a primeira convocação de Bernardinho e os jogos iniciais da VNL para entender quais disputas estarão abertas pelas vagas em Paris. Darlan, Alan e Felipe Roque por dois lugares? Qual a preferência dele entre Thales e Maique? Qual jovem poderá ter um lugar, por exemplo, na ponta, já pensando em 2028 e 2032? Lukas Bergmann, Arthur Bento, Adriano? No meio de rede, com Lucão lesionado, Isac voltando de lesão, Pinta sem estar na melhor condição física, existe espaço para alguma surpresa? Muitas perguntas para Bernardo, Rubinho & Cia. responderem neste curto período até os Jogos.

No feminino, minha preocupação é com o momento de algumas selecionáveis. Macris, Nyeme, Natinha, Tainara, Kisy, Pri Daroit, por exemplo, estiveram presentes em quase todo o ciclo olímpico. E, por diferentes razões, estão oscilando, algumas jogando bem menos (em tempo e qualidade) do que já mostraram recentemente. E Olimpíada, como já repetido em prova e verso, é momento.

No caso das líberos, a sombra de Camila Brait só aumenta. A jogadora de Osasco tem o melhor aproveitamento de passe da Superliga, defende como poucas e tem o espírito de liderança que a posição pede. Por enquanto, o discurso público de Brait é apenas foco no time. E não me surpreende. Mas não descarto vê-la novamente em ação com a camisa da Seleção, mesmo sem presença neste ciclo até aqui. E, sendo sincero e com todo respeito às concorrentes, gostaria de vê-la como líbero do Brasil em Paris.

Camila Brait
Brait em ação com a Seleção em 2021 (FIVB Divulgação)

Sobre nomes não citados aqui, incluo o de Ana Cristina. A lesão sofrida na VNL de 2023 frustrou os planos de Zé Roberto para a montagem da Seleção Brasileira. E ela fez falta. O peso de bola da ponteira no ataque pode suprir, em muitos momentos, a oscilação que as opostas viveram. Ela ainda saca viagem, outra carência da Seleção. E tem altura e alcance para incomodar, no bloqueio, as principais opostas adversárias. Aninha é diferente. E pode fazer com a Gabi a dupla de desequilíbrio a favor do Brasil em Paris.

Por Daniel Bortoletto