Seleção feminina: a disputa na saída de rede
Análise de Daniel Bortoletto sobre as convocadas para o setor para a VNL
O vôleifã precisou esperar bastante para conhecer as convocadas para os treinamentos da Seleção Brasileira feminina, visando a Liga das Nações (VNL). A ansiedade terminou neste último fim de semana, com uma enxurrada de anúncios pelas redes sociais da CBV. Diria que foram poucas as surpresas, mas com uma alta expectativa para ver a disputa em algumas posições. E o texto de hoje vai abordar uma delas.
Começarei com a posição em que minha expectativa de muita briga por espaço é grande: a saída de rede. Entre as 22 convocadas, temos cinco opostas: Kisy, Lorenne, Lorrayna, Rosamaria e Tainara. As três primeiras são jogadoras exclusivamente para o setor, enquanto as duas últimas já jogaram também na ponta, algo sempre importante quando o funil aperta e existem apenas 12 vagas para a Olimpíada. Hoje, não vejo nenhuma delas com uma grande vantagem sobre as demais neste momento.
Rosamaria voltará a atuar após perder os playoffs do Italiano por lesão. Fez uma boa temporada regular, sempre entre as maiores pontuadoras do campeonato, já tem um passado recente na Seleção e, quando estiver fisicamente pronta, é candidata à titularidade. É também a única do quinteto com experiência olímpica, fator importante. Kisy, depois de estrear com a Amarelinha em 2022, enfrentou oscilações naturais tanto na Seleção quanto no clube. Terminou a Superliga como MVP até de forma surpreendente e tem potencial para se firmar no cenário internacional. Hoje são as minhas favoritas para a briga pela condição de titular.
Lorenne, após uma temporada na Rússia, agregou experiência internacional e leitura de jogo de um mercado muito mais voltado para a força do que para a habilidade. Algo que a posição muitas vezes exige e que rivais do Brasil apresentam. O que eu sempre quis ver em seu estilo é mais “sangue quente”, mais vibração, mais “fome”, algo que vejo como diferencial para quem joga nesta posição.
Já Tainara vem de uma Superliga com mais tempo no banco do que grandes atuações, quando se esperava bastante dela. É verdade que teve bons momentos nas semifinais. É verdade também que ela tem um histórico recente na Seleção. Mas falta a Tainara a constância de quem veio para ficar. Lorrayna, por fim, é quem menos teve chances na Seleção adulta. Pelo Bergamo, em sua estreia internacional, começou bem a temporada italiana, mas caiu de produção. Hoje acho que corre por fora. Se tiver oportunidades, precisará agarrá-las para seguir na briga por espaço.
Poderia incluir Maiara Basso nesta análise, mas acredito que a comissão de Zé Roberto quer ver a principal novidade na convocação buscando espaço na ponta. Só para constar. Entre as inscritas para a VNL na posição, apenas Edinara ainda não foi convocada para os treinos até aqui.
Por Daniel Bortoletto