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Destaques - Especiais - Estaduais - 4 de agosto de 2023

Sheyla, atleta trans, supera preconceito para jogar no Paraná

Atleta defende o time de Pinhais no Campeonato Paranaense


O Campeonato Paranaense feminino de 2023 tem a presença de uma atleta transgênero: Sheyla da Costa Tito, que defende o time de Pinhais. Ela conta que começou a transição ainda na adolescência e que sempre sonhou em ser profissional.

– Minha relação com o voleibol começou ainda na infância. Desde meus oito anos joguei pela minha cidade, Pouso Alegre (MG). O vôlei é tudo pra mim. Sempre sonhei em ser uma atleta profissional apesar de todos os empecilhos – contou Sheyla.

A atleta de 29 anos está na equipe comandada por por André Luis há sete meses. No Campeonato Paranaense, Pinhais já entrou em quadra seis vezes e soma duas vitórias. O desafio do momento é tentar encerrar uma sequência de duas derrotas consecutivas.

– Sempre joguei em um time amador e teve uma vez que, quando eu fui sacar, o time adversário todo saiu de quadra, me deixando sozinha. Foi constrangedor. Fui para casa, recuperei minhas energias e pedi para Deus confortar meu coração, pois achei aquilo muito forte, uma discriminação fora do comum. Sei lidar bem com o preconceito, porque sei quem eu sou. Sou uma mulher muito feliz e realizada fazendo o que mais amo. É o meu melhor momento no vôlei. Sempre tive o incentivo da minha mãe, dos meus treinadores e agora do meu namorado. O vôlei é tudo pra mim – relembra Sheyla, que se inspira em na bicampeã olímpica Sheilla.

Documentação e liberação

Para Sheyla disputar o campeonato estadual, a Federação Paranaense de Voleibol (FPV) precisou de uma decisão da Comissão Médica da CBV. A entidade analisou os documentos e exames da atleta, que permitem as condições de jogo na disputa feminina.

– As regras para participação de atletas transgênero no esporte são regulamentadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), e, no Brasil, a Confederação Brasileira de Voleibol segue os mesmos padrões em vigor, e as federações estaduais seguem o que a CBV determina, até porque nenhuma federação possui corpo clínico para avaliar estes tipos de liberações – disse o presidente da FPV, Jandrey Vicentin.

De acordo com o presidente, a atleta enviou a documentação para a Federação, que solicitou à CBV a análise dos documentos e dos exames. Após a verificação, a CBV concedeu a liberação para a atleta disputar qualquer competição nacional e, por consequência, qualquer que a Federação Paranaense promover.

– Nossa federação foi a primeira a conceder a uma atleta brasileira a competir, isso ainda em 2018 com a Isabelle Neris, mas a Sheyla é a primeira a disputar uma competição estadual. Sabemos que pode haver quem não concorda com a autorização, mas enquanto a regulamentação estiver vigente e a atleta se adequar ao que está imposto, vai seguir com a participação garantida – completou o presidente.