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Destaques - Fora de Quadra - 21 de maio de 2020

Skorupa reclama: “Homossexuais são discriminados no vôlei”

Levantadora deu uma corajosa entrevista na Polônia


A levantadora polonesa Katarzyna Skorupa, em entrevista ao site Przeglad Sportowy, reclamou da discriminação sofrida por homossexuais no vôlei. Segundo a jogadora do Monza, da Itália, a modalidade marginaliza e exclui:

– Os homossexuais são frequentemente discriminados por clubes ou federações. Às vezes, uma lésbica é a segunda escolha, mesmo que sua atitude em quadra indique que ela deveria ser a primeira – disse Skorupa, de 35 anos.

Em março do ano passado, a atleta revelou no semanário polonês Wprost que era lésbica e já enfatizava que se sentia discriminada.

– A homossexualidade ainda é um tabu no esporte. Vivemos em uma sociedade fechada, xenófoba e homofóbica. Um modelo de família, uma língua, uma cor, uma fé. Como cidadão deste país, não tenho os mesmos direitos que os outros – reclamou a atleta, com passagens na Itália também por Conegliano, Novara e Casalmaggiore.

No fim de 2018, Skorupa teve uma foto estampada na capa do jornal Gazzetta dello Sport, beijando Egonu. O relacionamento delas, que não era público, teve mais espaço do que a final da Supercopa no veículo.

– Infelizmente, as pessoas gostam de sensacionalismo. É triste que a sensacionalismo seja o beijo de duas pessoas do mesmo sexo – lamentou Skorupa, que recebeu um pedido de desculpas da Gazzetta após a publicação.

A jogadora vê o preconceito arraigado no vôlei:

– Acho que esse é um tópico muito complexo. No que diz respeito ao esporte masculino, a homossexualidade entre os atletas é mais estigmatizada por eles mesmos. Além disso, a sociedade os percebe através do prisma de corpos atléticos e fortes, testosterona e assume automaticamente sua heterossexualidade.

Em um estudo recente, a Polônia aparece como um dos países mais preconceituosos da Europa.

– Eu rapidamente percebi que era lésbica, embora não fosse fácil. Não havia acesso universal à internet, tanta informação disponível, campanhas para pessoas LGBT+, sem mencionar a educação sexual, porque não é confiável até hoje. A homofobia se alimenta da ignorância e do medo. O problema está na raiz. Infelizmente, na maioria dos casos, os pais homofóbicos criam crianças homofóbicas que ridicularizam e intimidam seus colegas na escola. Dessa maneira, o jovem cresce na crença de que quem ele é é motivo de vergonha, algo ruim, indesejável, algo para se calar – comentou Skorupa: – A educação é o passo básico. Quanto mais nós sairmos do armário, mais rapidamente a consciência pública mudará.